quarta-feira, 26 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Ética, competência e tal nas traduções, ilustrações e crédito em geral

repostando

Edgar Allan Pöe - Pequena conversa cuma múmia.pdf

Edgar Allan Pöe - Pequena conversa cuma múmia.docx

Antologia da literatura mundial - Contos e novelas de língua estrangeira, volume 2. Seleção e organização de Yolanda Lhullier dos Santos e Nádia Santos, 5ª edição, Edigraf, São Paulo, maio de 1962. Não consta nome do tradutor

Repostando conexão caída deste soberbo conto de Poe, com nova revisão e mais notas-de-rodapé. Muito copiado na rede, mas sem as notas.

Uma sátira a Eua. Aqui se entende o porquê de Poe não ser então muito reconhecido em seu país. Já em 1845 Poe percebeu que seu país não era boa coisa.

Um crítico afirmou que pela circunstância de sua vida Poe foi impedido de escrever texto longo, e também humorístico. Duas afirmativas falsas.
O conto acima é um exemplo de impiedosa sátira a seu país, o que pode explicar ter sido somente no estrangeiro.
Lendo o conto topei num trecho que ficou estranho e desconfiei de problema de tradução. Então procurei o original em inglês pra elucidar o trecho e vi que se tratava de trocadilho e que o tradutor, talvez na pressa e por não ter esse poderoso recurso de pesquisa que é a internete, passou varrendo. Esse e mais pus no texto em nota de rodapé.
É comum encontrar problemas assim. Quando encontro um trecho estranho logo desconfio de erro de tradução. Às vezes aparece uma palavra, por exemplo, eventualmente meio deslocada e já percebo que traduziram eventually a enventualmente, o que é um erro. Até o tradutor automático Globalink comete esse pecado.
Por isso o fenômeno de se ler um texto em duas traduções diferentes e constatar discrepâncias tão grandes. Foi com o mesmo espanto que comparei algumas réguas escolares e vi que as discrepâncias dos centímetros era enorme.
Já comentei aqui as aberrações de traduções de Lovecraft ao castelhano: Por exemplo, em A noite oceânica um trecho onde a personagem, hospedada numa casa sobre uma duna, saiu da casa e desceu a duna. Isso fica bem claro no original inglês. Mas na tradução castelhana diz que rumou ao sul. No mesmo conto a escuridão foi se infiltrando na casa pelas frestas e foi traduzido como a areia se infiltrando. No conto O sabujo um inteiro trecho descritivo duma revoada de morcego onde foi simplesmente omitido. Estes três exemplos dão idéia clara do problema que é a tradução relaxada.
Ao cadastrar os contos de livros e das revistas X-9, Meia-noite, Policial em revista, Suspense, Ellery Queen mistério magazine, constatei o pouco caso em registrar os créditos. Raramente se vê o nome do tradutor. Ainda mais raro o do ilustrador. Mais raro ainda o título original. Em não poucos casos não aparece o nome do autor!
Nos quadrinhos também é raro o nome do roteirista, desenhista e autor da história.
Outro setor problemático é o das legendas de filme. Além dos erros e do desleixo não se atenta ao fato de que a leitura precisa ser rápida, portanto a legenda tem de ser objetiva, concisa, abreviada e curta. Números em vez de por extenso, omitir repetição e redundância, e evitar palavras e expressões supérfluas.
É urgente sairmos desta idade da pedra editorial, adquirirmos postura mais adulta e responsável. Uma tradução relapsa, um escaneio ruim, uma informação presumida, tudo isso é um serviço negativo, um desserviço, pois outro o deixa de fazer porque vê que já foi feito, sem perceber que foi mal-feito. O ruim impede o bom de nascer. É assim que preconceitos, estereótipos e erros se perpetuam: Muitas vezes uma informação errada, por ser única, é copiada. Então uma pesquisa acha muitas fontes mas todas copiadas duma original errônea. É assim que se pensa que guavira é guabiroba e que cajá é cajá-manga, por exemplo.
Mas nesse mar de incompetência e picaretagem aparecem paladinos para ordenar o caos.
Muito interessante a lista das edições não recomendáveis e, nos comentários, sobre professores que recomendam obras plagiadas e ou as utilizam em seus cursos.

sábado, 22 de setembro de 2012

Não é o que parece
Nova versão do tarado pelado
Allá viene un tarado pelado con su saco en las manos, con tesón para transar, corriendo atrás de la buseta. De torpe la perdió. Y quedó dando puñetazos al aire, airado, reclamando de estafa y gritó:
— ¡Puñeta!
Eso por ser tan chiflado.
Tradução:
Lá vem um doido careca com seu paletó nas mãos, com perseverança pra negociar, correndo atrás do microônibus. De trapalhão o perdeu. E ficou dando socos ao ar, irado, reclamando de estelionato e gritou:
— Que droga!
Isso é que dá ser tão pateta.
Pero al lusófono incauto eso suena como:
Allá viene un maniaco sexual desnudo con su testículo en las manos corriendo atrás de una vagina, excitado para follar. De cruel la perdió. Y quedó se masturbando, lleno de aire, reclamando de extremo cansancio y gritó:
— ¡Masturbación!
Eso por ser tan cornudo.


● Ana Paula Padrão a Romário, TV Record, antes da decisão da medalha de ouro no futebol, 11.08.2012:
— Será que agora vai?
— Tem que ir. O Brasil teve duas oportunidades de levar o ouro e não levou. Mas gora não tem como ser diferente.
Com a boca se pede o que se deseja.
Casal internético
O recenseador do ibegeé entrevistando o dono da casa.
— Agora quero entrevistar a esposa.
— Então teremos de ir ali, na outra porta, porque ela fica no outro lado do biombo.
— Mas um casal que fica separado?
— É que nos conhecemos na internete e namoramos sempre conversando no teclado. Quando viemos viver juntos não deu certo. Então corri pôr o biombo, outro computador no outro lado e estamos namorando de novo.

sábado, 15 de setembro de 2012

Como prometido,  estou enviando a história original de Batman,
que abriu nosso Lobinho 7. Nabil e o anônimo têm razão. Foi a primeira aventura de Batman
lançada neste país.
Joanco
Colaboração de Joanco
Enviado por não mais estar disponível no sítio original
em inglês - in english

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Um diamante chamado Verão azul
A melhor série da tevê espanhola, talvez a melhor do mundo
Pra ativar a legenda a deixar na mesma pasta do vídeo e com nome idêntico além da extensão.
Pra desativar basta a tirar da pasta ou renomear (temporariamente ou não). Qualquer caracter diferente, um simples hífen a mais no nome basta.
Tanto faz a extensão ser .srt ou .txt
A digitalização da série Verano azul devemos ao sítio chileno de Charlycueva, onde vi mas dentre tantas ficou pra mais tarde. A impressão foi de ser uma série como qualquer outra. Não é. Então outra chilena, María Paz, me recomendou ver, pois que é excelente e uma das que marcaram sua infância. Vi e gostei tanto que fui procurar legenda, pois o sotaque castelhano ibérico é muito atropelado, comendo as vogais, meio como o inglês ianque, de modo que há momento em que mesmo ouvindo 50 vezes o mesmo ponto é difícil discernir. Tanto é que até a mãe de María Paz tem dificuldade de entender o que dizem.
Então fico muito grato a María Paz pela recomendação, a Osiris pelos vídeos e ao amigo lusitano que legendou, quem teve o grande trabalho, trabalho de fã, pois se vê que foi feito de ouvido, dados os erros hilários que apontarei a diante. Tem vez que se aproxima daquela clássica gafe da legenda de O gordo e o magro, onde o magro gritou Olly!, e a legenda: Olhe!
Quem já legendou sabe o trabalhoso que é, por isso imagino que fora uma equipe de fãs. Apenas revisei e vocábulos que seriam incompreensíveis aos brasileiros.
Estranho que a série nunca tenha passado no Brasil, já que rodou o mundo, Angola e Portugal inclusive. Mas este é meio-assim um país esquisito, sem santo, sem prêmio Nobel, sem óscar, sem medalha de ouro olímpica no futebol, sem miss nude...
Já disse que as duas grandes emoções são encontrar algo muito procurado e encontrar algo que nem se sabia existir. Uma dessas descobertas maravilhosas foi as coletâneas de Agnetha em sueco e alemão. Agora em minha vida surgiu Verão azul.
Uma das coisas que mais aprecio é um conto bem contado. O conto é o gênero mais difícil e o mais importante na literatura.  Imagines o sabor de ler um conto de Poe, Lovecraft, Maupassant, Machado de Assis, Somerset Maugham, Tchekov. Que tal um enredo bem engenhoso e um final-surpresa, como nas séries de Hitchcock na tevê? Que tal um toque de fantástico, onde se fica na dúvida se foi realidade, sonho ou ilusão? Ou um drama que nos sugere formas de lidar com a dor mas ainda assim recheado de riso e muito humor? Além de tudo uma série educativa sem pieguice nem mentira? Pois ser educativo sem pieguice, irreverente sem agressão e erótico sem grosseria é possível, basta usar a inteligência.
Sem dúvida, os três roteiristas conhecem muito de conto, de literatura, pois se nota que a forma de conceber, montar, narrar e desfechar um conto está à altura dos grandes mestres da literatura mundial. Cervantes estaria orgulhoso.
Verão azul não é uma séria comercial, muito menos essa podridão de experiências interativas, tipo Lost, novela das 8 e outras tantas pragas nascidas da ganância, onde os roteiristas não sabem o que fazer com o enredo. Verão azul é uma jóia exótica, um diamante delicadamente lapidado, uma obra-prima fina e acabada, uma obra de arte repleta de poesia, beleza, encanto e ensinamento.
A trilha sonora é uma maravilha, idem as canções nos episódios. As personagens bem arranjadas. Tudo muito bem encaixado num contexto primoroso.
São 19 episódios que se desenrolam como uma noveleta ou uma série de contos. E os principais gêneros do conto estão representados: Drama, aventura, policial, ficção científica, mistério, amor, fantasma, facécia, humor, gângster, costume, ecologia, resistência passiva, crítica social.
No episódio 1, O encontro, há aventura e mistério. As crianças descobrem um barco no meio duma horta e pensam ser um disco voador. A menor fica presa dentro.
No 3, Sancho Pança, uma facécia bem no estilo de Bocácio, também um conto de amor.
No 5, Talvez, muito humor, numa comédia divertida, onde se monta, com suprema maestria, um enredo no qual as crianças, após tentativas malogradas, conseguem reagir contra a arrogância adulta.
No 7, Beatriz, meu amor, os conflitos dum amor adolescente. No final o mais encantador, inesquecível, é a extrema sensibilidade, finura e criatividade com que se trata a descoberta da primeira menstruação duma menina. As crianças menores aturdidas e as maiores fazendo a tarefa dos pais. E no final, poesia pura, literalmente.
Verão azul é digna de ser exibida, comentada e debatida em sala de aula pra todas as idades, pois é uma aula de como se conta uma estória, de como ser educativo de modo inteligente e interessante, de como se faz uma série, de como ser infantil sem baboseira, de modo que ao adulto também seja interessante, como fazia Monteiro Lobato.
No 11, As garrafas, um conto de amor e de detetive. E um esplêndido desfecho como só os grandes mestres do conto sabem fazer.
No 16, A festa de papai, se expõe o motivo dos pais não serem e não poderem ser os amigos dos filhos, o que nos leva a conclusões interessantes.
Nos episódios 17 a 19 inseri as canções nas legendas (é impressionante quanta letra errada se acha na internete).
No 6, O sorriso do arco-íris, eu não conseguia discernir o que um menino dizia sobre um cão. Apostavam. Um dizia que era golfo, vira-lata. O outro parecia dizer lucete, luzete ou lusete. Nenhum desses três vocábulos existe. Só com a legenda pude ver que era séter. Legendar é mesmo tarefa pruma equipe.
Claro que minha revisão não está perfeita, pois sempre que revimos achamos algo pra corrigir. O mais foi simplificar, eliminar redundância e superfluidade, pois legendar é a arte de resumir a mensagem ao máximo, sem perder a informação, porque quem assiste tem de ler rápido. Pôr 177 em vez de cento e setenta e sete, etc.
Nalguns casos notei que o sentido irônico duma frase não foi captado pelo legendador. Então tive de consertar.
O acidente geográfico cala está no dicionário de português como pequena enseada entre rochedos, mas optei cala Chica como enseada Pequena porque o vocábulo enseada é mais comum. Deixaria cala se fosse um texto.
Apontarei os principais erros que achei:
Traduzir copa a copo. Copa é taça, enquanto taza é xícara (chávena).
Episódio 1, O encontro, 16:37min
Dois meninos pequenos estão na praia, falando muito em caçar rã, quando passa uma garota estonteante:
Uma minhoca gótica!
Quando na verdade foi dito:
Uma rã erótica!
29:24min
Nunca comi gambas assim tão grandes
Nunca vi presas assim tão grandes
Gamba é camarão.
O dito foi colmillos (presas)
32:37min:
Uma fotografia para a prosperidade!
Quando o dito foi posteridade
Episódio 4, Eva, 08:29min:
Vinha envenenada
Vinha merendar
Episódio 5, Talvez, 08:29min:
Greve de zelo
No original disse huelga de celo, tradução literal greve de ciúme. Mas não se trata disso.  Greve de zelo, ou seja, relaxar no esmero, no zelo, no cuidado. No Brasil a expressão é operação tartaruga.
Em seguida 08:47min o menino disse Mas isso é para os aviões porque confundiu a palavra celo (ciúme) com cielo (céu)
Pra manter o trocadilho troquei por Mas isso é pros bichos.
09:01min:
Podemos fazer uma greve de braços caídos.
A expressão foi mantida pelo legendador. Não sei se em Portugal está correta.
No Brasil equivale à expressão operação braços cruzados.
Então onde o mesmo garoto disse que é uma greve de línguas caídas tive de trocar por greve de línguas cruzadas.
00:13:04,120 --> 00:13:06,400
Episódio 8, O visitante, 25:31min:
O senhor chegou. Os outros que se calem.
Na verdade foi dito:
Já está aqui o senhor. Quanto ao resto se calar.
Expressão irônica, dizendo que a visita já chegou, que quanto a tudo o mais convém manter silêncio.
Já está aqui o senhor e O senhor chegou é o mesmo, apenas que a segunda opção é mais curta e idêntica ao original.
Episódio 15, O ídolo, 25:31min:
[...] beber um copo e ficar hipnotizado por esse bicho, quando o dito foi:
[..] beber uma taça e ficar hipnotizado por esse vício
07:24min:
Isto é um pincel
Isto é uma chatice
Porque rollo, no contexto, é algo aborrecido, não um rolo, pincel pra pintar parede.
Episódio 18, Algo morre na alma, 30:47min:
26:06min:
O senhor já está melhor?
A frase tem sentido irônico. Pra captar isso melhor pôr:
Vejo que já estás bom!
30:47min:
No original o menino disse, sobre a morte, Sea como sea, es una faina.
O legendador trocou faina por grande chatice, o que pode estar correto.
Não encontrei faina nos dicionários castelhanos, nem no da real academia (existe em português, significando fardo, trabalheira, mas pode significar outra coisa em castelhano, como tantos falsos cognatos), apenas faena, vindo do catalão antigo fahena ou faena. Optei por pesar. De qualquer maneira ficou bizarro um menino tão pequeno usar um vocábulo tão inusitado em seu idioma, uma palavra portuguesa (que talvez tenha no espanhol, mas por que não está no dicionário da real academia?). Não é pelo fato do pescador o chamar de português, pois o menino é madrileno e o pescador todo forasteiro de português.
A segunda incongruência foi no episódio 7, Beatriz, meu amor, onde a turma foi sabotar a geladeira (caixa isopor com gelo) do rival, tirando as latas de coca-cola e pondo rã no lugar. Não tiraram as duas garrafas de gim!, sendo que deduziram que se há bebida alcoólica ali é porque pretende embriagar a garota, e também porque noutros episódios tentaram enganar ou convencer os adultos, pra beber álcool, e não conseguiram.
A terceira incongruência foi o pai de Quique tão furibundo no episódio 5, Talvez, reaparece bem-humorada e brincalhão no 16, A festa de papai.
Uma curiosidade: No episódio 5, Talvez, os pais insistem em perguntar a Quique (em greve de silêncio) se viu sua irmã Angelines, personagem que nunca apareceu nem foi citada, só essa menção. Talvez seja pelo cabalístico número 7: As personagens principais são 7 crianças e 2 adultos.
Mais um produto da esplêndida e saudosa década de 1980. Como crianças de hoje driblariam os adultos pra fazer uma expedição espeleológica? Com celular, GPS e o diabo-a-quatro fica difícil.
Ali vemos conceitos bem típicos da época, como os pais deixando dar uma fumadinha mas tomar cubalibre não. As crianças andando no carro livres, sem cinto de segurança. Os pais mandando o guri de 8 anos comprar vinho no supermercado. Hoje seria complicado tudo isso.
Tem coisa que se não for feita na época não dá mais. Como em Chaves, criança apanhando, o professor dando aula fumando charuto na frente das crianças, e ainda empresta um vidro com escorpião dentro pro moleque levar a casa e mostrar à mãe! Se não fosse feito na época já era!, a patrulha ideológica cairia encima.
Hoje não dá pra fazer Chaves. Não pode tirar sarro de gordo nem de mulher feia, não pode mostrar alguém dando tapa em criança. Tudo não pode. É a época mais insossa, estéril, boboca e vigiada de toda a história conhecida.
Antonio Ferrandis             -   Lima Duarte

sábado, 8 de setembro de 2012

Neste número as estórias estão muito boas.
Só ficou bizarro o cavalo de Tom Mix agir com inteligência. Pois é: Em gibi até o cavalo do mocinho é super-herói. Francamente!, senhor roteirista.
comentário do leitor Nabil Helal:
Para minha surpresa encontro BUCKY e CENTELHA nessa raridade. O sexteto de jovens heróis num curioso caso que envolve um homem que vende sonhos graças as ervas de uma planta que floresce a cada cem anos. Muito legal a história.
P.S.
Publicada originalmente na última edição do título YOUNG ALLIES, no caso a edição de número 20 publicada em 1946.