O encadernado A
gazeta juvenil, de 1948
Crônicas de Sampaulo
Se San Tiago vira Santiago. E já que vivemos uma zorra
ortográfica...
De 23 a 26 de
julho de 2014 um rápido passeio em Sampa. Faz tempo que queria fazer isso.
Curitiba e São Paulo são duas cidades que podem ser visitadas em qualquer
época, pois não falta atração.
E fui conhecer
mais um correspondente. Nada menos que José Antônio Constantino, Joanco. O que
temos em comum é bem mais do fato de eu morar na rua Constantinopla. Joanco
queria me hospedar de qualquer jeito mas a seca, com racionamento dágua em
Guarulhos e a visita a uma parente doente fizeram com que só nos encontrássemos
na sexta, 25.
Na aerolinha
foi a Gol o serviço de lanche é todo venda. Mas pensando bem, se a política é
de baratear, isso é o mais lógico e certo. Como o frigobar de hotel agora: Se
paga o que se pede. E parece que aboliram aquela frescura supérflua dos
aeronautas sorrindo e cumprimentando os que entram ou saem do avião.
Não seria hora
de se incluir no pacote de viagem o lanche antecipadamente? Na compra da
passagem o viajante teria a opção de programar a refeição.
Na quarta,
como rato-de-sebo que se preza, mal cheguei e já fui percorrendo os sebos.
Fiquei no centro, perto da praça da Sé e da João Mendes (onde fica a livraria
Messias). Nunca chegava ao Messias, pois sempre ia parando nos sebos no
caminho. E é uma infinidade de sebo.
Na quinta fui
ao Mercadão. Que espetáculo! E lá reclamam que nunca cresce, que prefeito vai,
prefeito vem e nada muda! Como em Santiago, fiquei babando ante a imensa
fartura de frutos-do-mar. Camarões enormes, lagostins, lagostas, grande
variedade de peixe. Coisa que não existe aqui. No máximo uma parte disso
nalguma temporada no Extra. Muitas frutas exóticas, das mais estrambóticas e
com direito a degustação. Os vendedores dali deveriam dar um curso, aos daqui,
de simpatia e indução a comprar. Um pastel de camarão já valeu um almoço.
Quase chegando
ao Messias, atrás da catedral, um sebo me encantou pelos gatos em vez dos
livros. O atendente acendeu a luz da seção do fundo, onde estão os livros de
literatura, e ali estavam três lindos e enormes gatos de pelagem creme com
lombo em tom rosa bem claro. Logo me lembrei de dona Adriana, que também tem
três gatos e é malucamente apaixonada por felino. Afaguei os gatos. Sempre tem
um mais chegado, já foi subindo em minha perna dobrada. Percorri as prateleiras
e um gato estava dormindo na cesta sobre a mesa. Logo ouvi um miado insistente,
um gato chamando o outro. Durante um instante procurei a origem do som, e
continuava o miado. Quando olhei a cima, sobre uma pilha de pacotes, o gato
miando. Mas era a mim que chamava! Queria mais afago (ou talvez por eu ser
rato-se-sebo). E se desmanchava todo, querendo mais afago, igual aquela gata
branca apaixonada cuja história já contei. Como não sei se gosto mais de gato
ou de livro (deve ser meu lado meio Lovecraft), dividi a atenção em metade. Se
o atendente não o tocasse de volta seria capaz de ir embora comigo. Disse ao
atendente:
— Onde achaste
esses gatos tão lindos?
— São do dono
da livraria. Vieram filhotes há sete meses e já estão desse tamanho!
Joanco marcou
na sexta me encontrar 9h no hotel. Me entregou uma sacola de feira cheia de
preciosidade: 3 encadernados da antiga revista Detective, várias revistas X-9 e outras. Disse que crê ter só mais
dez anos de vida a diante (Claro que é coisa de sua cabeça, pois é um idoso
mais ativo que muito jovem) e que os filhos não se interessam por essas coisas.
Nem é meu aniversário e já ganhar um presente assim! Ganham também meus
leitores, porque vou escaneando... Dali fomos passear. Demos uma olhada nalguns
sebos seus conhecidos, no caminho. Um nos chamou a atenção por causa dum livro
aberto. Era uma encadernação de exemplares de 1948 de A gazeta juvenil, quadrinhos raros. Joanco disse Nem
perguntarei o preço. Perguntei. R$ 200! Uma pechincha! Não hesitei. Não
poderei escanear ainda porque é formato muito grande pra meu escâner mas logo
resolverei isso.
Valeu!,
Joanco. Já começou me dando sorte.
A rua Santa
Ifigênia, com artigos eletrônicos e infinidade de loja. Joanco disse que não é
de correria, gosta de ver tudo com calma. Eu disse:
— Lá sempre
digo que quem for apressado que vá morar em São Paulo. Aqui direi o quê? Que vá
morar em Nova Iorque?
Chegamos ao
ponto de inspiração da canção de Caetano Veloso, a rua Ipiranga com avenida São
João, a esquina mais famosa do Brasil.
Alguma coisa
acontece em meu coração
quando cruzo a
Ipiranga e a avenida São João
É que quando
cheguei àqui nada entendi
da dura poesia
concreta de tuas esquinas
da
deselegância discreta de tuas meninas
Me mostrou a
galeria Pagé, que é como o
camelódromo em formato gigante. Disse que em Sampa tentaram fazer um
camelódromo como aqui, retirando os camelôs da rua e legalizando tudo. Mas não
deu certo. Por isso lá ainda tem aquela de Olha o rapa! Outra coisa que em
Campo Grande é mais moderno é o transporte coletivo, ao menos quanto ao
pagamento. Aqui é só cartão, lá é dinheiro mesmo. Pois é: Não devemos reclamar
tanto assim de Campo Grande.
No metrô a
passagem é um pequeno bilhete que é engolido pela catraca. Em Santiago é cartão
recarregável: Na catraca um sensor ótico identifica o cartão, basta o postar na
frente do sensor, e o mesmo cartão também paga ônibus e trem, tudo integrado.
Nisso o sistema santiaguenho é muito mais moderno que o paulistano.
Fiquei
pensando na retirada dos trilhos de Campo Grande. Comentei que pode ser uma
falta de visão futurista colocar a feirona na antiga estação ferroviária. Vai
que voltam os trens ou se precisar utilizar a área pra fazer metrô. Será um
drama retirar todo mundo de lá. Que lástima o país sucatear a malha
ferroviária. Foi o único país de projeção que cometeu essa estupidez. Enquanto
a velha rodoviária, essa sim deveria virar uma expansão do Mercadão, já
saturado tanto o espaço quanto o trânsito, fica no limbo ante a indecisão dos
políticos.
No centro tem
uma ladeira, que deve ser uma antiga encosta de morro, cuja inclinação deve beirar
45º. É cansativa até pra descer. Cadeirista ali, só se for suicida. Deveriam instalar
uma escada-rolante.
Depois dum
giro na cidade voltamos ao hotel, pra pegar a mala com os presentes a Joanco e
fomos a sua casa. Um trecho em metrô, outro em ônibus, mais um trechinho a pé
com ladeiras bem mais suaves carregando a pesada mala um em cada lado, e
chegamos ao bairro Rio das pedras, onde mora com dona Sueli e um netinho.
Uma casa com
discreta fachada com sobrado acessível via escada metálica no fundo, tão
íngreme quanto a tal ladeira. Primeiro instalou uma encaracolada mas tirou
porque nela não dá pra levar móvel ao alto. Na esquerda fica seu escritório,
com estante e o computador. O resto é uma área de serviço coberta, onde a
filharada e amigos se reuniam pra ver os jogos do Brasil na copa, com mesa de
jantar e vista panorâmica da cidade. Já noite, vi o horizonte todo iluminado.
Me deu mais
coisas: Uma enorme coleção Cinemin (a
revista da sétima arte) e Fan-cine
(fanzine sobre cinema), dois volumes de Tarzan
em texto, Scaramouche, muitos devedês
de filme e seriado.
Culminamos a
noite com três sabores duma excelente pitsa que dona Sueli encomendou.
Encerrei o inesquecível
encontro no meio da noite cantando a vinheta de encerramento do programa
radiofônico que ouvia muito quando criança, Rancho
do Zé-do-Brejo:
Com licença,
minha gente
Desculpe a pouca demora
A prosa está muito boa
mas tenho de
ir embora
Comprei muito
livro. Qual a melhor opção? Pagar excesso de bagagem ou postar no correio? No
sítio do correio, http://www2.correios.com.br/sistemas/precosPrazos/,
fiz um simulacro do envio São Paulo–Campo Grande, PAC, 8kg, 36cm x 24cm x 18cm,
R$39,80.
Gol
(promocional): 8kg, R$34.
Imaginava que
o excesso de bagagem seria muito mais caro que o frete do correio.
não vejo a hora de ler essas jóias raras
ResponderExcluirSão Paulo já tem cartão integrando ônibus, metrô e trem já há um bom tempo. O fato é que ainda persistem, como em toda parte do mundo, outros modos de pagamento.
ResponderExcluirE´verdade
ExcluirAlias, pelo que sei, foi São Paulo que lançou primeiro esse sistema no Brasil,
não sei se copiado de algum país estrangeiro.
Aqui neste país se copia tudo de fora :musica, roupa, tenis esportivo, piercing, tipo de restaurante, corte de cabelo, comportamento pessoal, etc. etc.