sábado, 24 de dezembro de 2011


Árvore, vila Palmira, Campo Grande MS, 2011
Quem não se recicla se trumbica
Muito blablablá, tititi, patati-patatá e bafafá sobre Santos x Barcelona. Nada de tão espantoso. É apenas o resultado de quem se propôs a executar um grande trabalho e se centrou nesse objetivo com afinco. É resultado de planejamento, investimento e firmeza de objetivo. É o que foi feito no Brasil com o vôlei. Essa eficiência o Brasil tinha no futebol. Mas é uma lei da natureza: Não criar fama e deitar na cama.
Na natureza é assim: A lagarta desenvolve um veneno pro passarinho não a comer. O passarinho desenvolve resistência. A lagarta cria cerdas urticantes. E assim vai. O vôlei se acomodou um pouco. Os ianques estudaram o jogo brasileiro minuciosamente, e conseguiram ganhar a olimpíada. É assim na guerra, na natureza, na vida social, em tudo. A verdade é que quando um time ou um atleta atinge alto grau de perfeição a competição perde a graça, perde a razão de ser. A solução é o transformar em fora-de-série. O anglicismo que define isso é hors concours. Designa o que está tão acima dos outros a ponto de ficar fora do concurso. Era assim com Wilza Carla e Clóvis Bornay, que ganhavam todos os concursos de fantasia carnavalesca, de modo que ninguém mais concorreria porque não teria chance. Assim era a equipe de basquete Globetrotters. Só fazia exibição, não participava de campeonato. Era tão perfeita que não errava. Tal é o que ocorre com o Barcelona. Das duas uma: O Barcelona será um fator evolutivo, forçando os outros à mutação ou os acomodados o promoverão a fora-de-série (hors concours).
Enquanto o futebol brasileiro entrou em franca decadência, ganhando umas copas meio forçado depois do tri. Aqui reina o machismo mais chovinista, de modo que o futebol feminino só existe por influência estrangeira. Aqui ainda reina o chavão de que futebol é esporte pra macho. A decadência foi tanta que quando um craque dá um chapéu ou faz uma graça o adversário parte à agressão. E a agressão ainda é defendida e justificada por múmias ultrapassadas, sujeitos ranzinzas, mentalidades arcaicas. E ainda tem gente que acha que futebol tem muito a ver com Carnaval. Claro que não. São coisas antagônicas. Um é o reinado da inteligência, da irreverência, da alegria; o outro da burrice, do formalismo e da competitividade exacerbada.
Fiquei espantado ao ouvir um comentarista, durante um jogo da selecinha, dizer que a seleção brasileira não tem cobrador de falta. É algo tão bizarro quanto o exército ianque não ter quem saiba disparar um míssil ou na Alemanha não ter um cervejeiro que saiba medir o índice alcoólico da bebida.
Na internete não tem aqueles vídeos onde o cara chuta uma bola e põe onde quer? Pode ser a que distância for, com obstáculo. Até sem enxergar. Então por que não o contratam só pra bater falta? Ou a velha idéia de treinar um time de futebol chaolim (infelizmente desperdiçada naquele filme caricato). Imagines um bruceli da bola! Sozinho vai driblando o time todo e ganha de 20 a 0. Imagines um cunguefuzeiro levando a bola naquelas cambalhotas mirabolantes ou um time de capoeiristas da bola dando olé e rabo-de-arraia ao som de berimbau. Barcelona leva de 30 a 0.
Pode parecer simplismo meu, mas imaginei que se eu fosse um desses craques milionários reservaria uma hora por dia pra treinar cobrar falta. Ficaria tão exímio que não erraria uma. Basta ter vontade férrea de ser o melhor e não ganhar grana e deitar na cama.
Fico pasmo com a imaturidade desses caras, que ficam nervosinhos sob pressão e provocam expulsões infantis. Marta, idem. Pois estabilidade emocional também é uma qualidade que o craque deve ter.
O rótulo País do futebol é coisa do passado. O prestígio se foi nesta mentalidade de rodízio de técnicos. O cara não pode perder. Perde e é demitido. Que alienação! Como alguém pode ganhar sempre? Como alguém pode desenvolver um projeto nesse carrossel-do-diabo?
Esquecei também a imagem do biquíni pequenininho da brasileira. Essa imagem ficou lá nos anos 1980. O mundo evoluiu e o povo aqui ficou deitado no berço esplêndido, eternamente embevecido com o prestígio. Como o coelho da fábula, dormiu tanto que não deu tempo de ultrapassar a tartaruga. Lá fora estão lutando pelo topilés livre e a nudez sendo encarada com naturalidade. Aqui peito de fora ainda é polêmica e a nudez é matéria do código penal! A imagem da brasileira é um estereótipo do passado. Hoje os brasileiros são jecas, ultrapassados, anacrônicos.
Hoje as páginas voaiês são ricas e variadas mas imagens da América latina são decepcionantes. Aqui a imprensa retrata essas páginas como se fosse atividade criminosa. Eta puritanismo exacerbado onde até olhar é pecado! E nosso Bigbró consegue ser ainda pior que os outros.
É isso aí: Bobeou o cachimbo caiu.

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