sexta-feira, 11 de maio de 2012

Frankendracullanpoe
Eis uma reflexão do autor do projeto Lovecraft e comentário do pessoal:
Lovecraft é um discípulo de Poe. A qualidade desses autores ultrapassa a literatura. São também mestres do realismo fantástico. Diferente de autores simplesmente fantasistas como H. G. Wells. A ficção baseada no conhecimento científico, conforme a concebe Jacques Bergier. Aventar ciências desconhecidas, postular o que é impossível do que depende do avanço científico-tecnológico. A ficção verossímil com ousadia que faz pensar.
O final do conto Manuscrito encontrado numa garrafa, de Poe, me chamou a atenção pela referência às entradas ao lado interno da Terra, tal como em Júlio Verne, que mais parece um cientista que expõe sua tese disfarçada de ficção pra escapar do apedrejamento científico. Quando traduzi O sabujo, de Lovecraft, me chamou a atenção a descrição do monstrengo, a ponto de fazer uma nota de rodapé:
Entrevista feita em Canóvanas, Porto Rico, por Lucy Plá e José Manuel Rodríguez, em 20 de março de 1996, a Madeline Tolentino Maldonado e a seu esposo, José Miguel Agosto, que alegam ter tido encontro visual com o famoso Chupa-cabra. Miguel disse que o viu mas não era caminhando, era como flutuando no ar, que as aletas não se moviam, como desafiando a gravidade e que emitia um zumbido como ssssssssss. Noutros relatos também se destaca essa criatura com asas vibrantes e zumbido vocal, características de inseto. É incrível como os relatos de Poe e Lovecraft não parecem ser inventados.
A obra desses autores é uma engenhosa combinação de ciência oficial com ocultismo autêntico e teses avançadas. É notável o fato que Poe e Lovecraft estão entre os raríssimos autores que abordaram a figura do vampiro fugindo do estereótipo. Outros autores da categoria são, por exemplo, Algernon Blackwood, autor do soberbo Os salgueiros, e Arthur Machen, autor de O grande deus Pã, que pode ser baixado aqui.
Também é muito interessante comparar O caso de senhor Valdemar, de Poe, com Ar frio, de Lovecraft. Ar frio parece ser uma reelaboração do conto de Poe.
Não sou muito leitor de romance ou novela. Meu gênero predileto é o conto mas minha estória predileta do Loveca é a novela Nas montanhas da loucura. Ler essa novela dá um prazer similar de se ler a prosa poética de Gustavo Adolfo Bécquer em seu Lendas (Leyendas), onde o sublime maravilhoso se descortina como a quem vai morar num novo planeta, cheio de mistério a desvendar, onde outra gravidade e diferentes luz solar e magnetismo levam a um estado de consciência alterado, acavalado entre a vigília banal e o estado onírico, misto de horror e maravilha, como em O Golem, de Gustavo Meyrink, um sucedâneo de Frankenstein, tão interessante quanto.
Estes são exemplos de textos quanto aos quais é cabível dizer
Quem não leu não viveu

Nenhum comentário:

Postar um comentário