segunda-feira, 8 de abril de 2013

A língua esculhambada
As firulas de linguagem
Este é um artigo contestador
Não deve ser usado pra concurso, vestibular, etc.
Diz que quem deve regulamentar as regras da língua portuguesa no Brasil é a academia brasileira de letra. Mas como os imortais no sentido de que não lhes contaram que já morreram não exercem essa função, se restringindo a servir chá com bolinho-de-chuva e ostentando aquele horroroso fardão e arcaico cerimonial, os velhinhos gagás são uma espécie de rainha-da-inglaterra do mundo da letra.
Machado de Assis, o fundador, deve estar se remexendo na tumba ao ver sua academia infiltrada por políticos pedantes e ignorantes, donos de rede de telecomunicação, etc, e que tem o a cara-de-pau de homenagear jogador de futebol que nunca deve ter lido na vida. O que era pra ser um poderoso papa da língua portuguesa no Brasil se converteu numa gerontocracia alienada e gagá.
Então quem exerce essa poderosa influência na prática é a imprensa, moderno substituto da soldadesca inculta que esculhambou o latim.
Os repórteres, apresentadores e redatores enchem a boca pra falar e escrever, se imaginando falar um português correto e muito chique, como uma velha senhora toda borrada por excesso de maquiagem.
Os que se imaginam falar assim tão corretamente teriam uma chocante surpresa ao ver que o rigorosamente correto é algo diferente do que imaginam. E não precisa conhecimento tão avançado assim. Basta raciocinar, simplesmente.
Na gramática acontece um fenômeno intermediário ao da arte. Na arte a completa esculhambação, onde qualquer asno é endeusado. Na gramática meio-termo disso.
Experimentes contar quantas preposições se ouve numa edição de telejornal, por exemplo. A preposição pela, pelas, pelo, pelos (por + artigo a, as, o, os). Notaremos que existe um português midiático, extremamente preposicionado e simplificado, onde as preposições sobreviventes são por e para (e pelo = por + o e flexões).
Deve ser por isso que os jornalistas não querem fazer faculdade: Não passariam no vestibular, pois se tendo de enfrentar aquela clássica questão dum enunciado onde as preposições estão em branco e devem ser completadas, só sabem usar aquelas duas e respectivas flexões.
Assim não é de estranhar que mais de duas vezes ouvi repórter dizer anti-bactericida em vez de bactericida. Também várias vezes ouvi que uma viga estava envergando, em vez de vergando.
Isso sem falar na freqüência de vezes que ouvimos falar em vítima fatal, quando fatal é o que mata.
Não sei donde tiraram a idéia de que essas duas preposições são muito chiques, pois sempre que podem as encaixam na frase, as usando no lugar doutras e as inserindo mesmo onde não deveria haver.
O resultado é um linguajar que dá arrepio, de tão tosco e berrante, mas que acham muito lindo, chique e erudito.
Imagines alguém que imagina se vestir bem com terno e gravata mas com tênis num pé e sandália no outro, uma meia de cada cor, um emblema do Flamengo na lapela, a luva brilhante de Michael Jackson, o óculo de Elton John e um chapéu carnavalesco de longas plumas. É essa impressão que dá o linguajar da imprensa, nada espontâneo e saboroso e sim todo pomposo, empavonado.
É de doer os ouvidos ouvir repórteres e apresentadores dizendo frases horrorosas como A busca pelos destroços, O paciente esperou pelo resultado, Choveu por pelo menos uma semana,
No início imaginei que havia alguma diretriz. Se há é bem esquizofrênica, porque observei a mesma pessoa usar um pronome ou preposição numa frase e logo mais usar outro na mesma frase. O que demonstra que existe um costume, um acomodo, não uma norma. Por exemplo Hoje pela manhã a prefeitura... - Hoje de manhã a prefeitura... Duas formas igualmente erradas, já que têm a pretensão de falar tão corretamente assim.
É um fenômeno psicológico análogo ao que acontece na literatura, onde por ignorância uma crônica passa por conto inovador e exótico. Assim usar um pronome ou preposição em vez doutro parece muito erudito, muito chique, na cabeça de ignorantes, obviamente.
Os pronomes também são uma zorra, simplificados ao extremo e usados sem saber como funcionam. Usam por costume, simplesmente.
Fico pensando: Se tem um programa de moda feito pra supostamente as pessoas aprendam a se vestir, a reeducar quem se veste de forma espalhafatosa, então por que não um esquadrão da moda da gramática? Se quando se faz algo se planeja, se procura dar um acabamento, deixando com aparência atraente qualquer produto, mesmo uma salada servida no almoço. Se em tudo procuramos simplificar, equilibrando praticidade com beleza. Por que tratamos a língua portuguesa dessa forma? Cheia de barbarismo, carregada de preposição, exageradamente simplificada e complicada no outro lado.
Na natureza é instintivo se comportar como o rio e o raio, que seguem trajetória sinuosa não pra se exibir mas apenas percorrendo o trajeto de menor resistência. Mas no linguajar da imprensa se contraria essa norma. Se procura falar difícil, empolado, cheio de firula. Isso não é sensato.
Assim se prefere dizer que o que o quarto está às escuras e o frango está às soltas, namoro às escondidas, em vez do límpido e simples o quarto está no escuro, o frango está solto e namoro escondido.
Em vez do simples José está buscando o tesouro se prefere José está em busca do tesouro, noutra vez José está em busca pelo tesouro. Se confundindo, já não sabendo que preposição usar, quando essa forma desnecessariamente rebuscada teria de ser José está em busca ao tesouro.
O simples João ficou no meio da turba se prefere o rebuscado e afrescalhado João ficou em meio à turba.
Ali se achava, olhando a pequena voluptuosa que tinha diante de si, em vez de simplesmente Ali via a pequena voluptuosa.
Se achava, encontrava-se: Formas esdrúxulas de dizer estava.
Vá gostar de falar difícil! Verdeira loucura! Alice no país da Gramaticarana.
Ficará demonstrado que, longe de ser ciência exata, a gramática é campo de modismo, arbitrariedade e osmose. Mais se segue o que parece harmonioso, elegante e novo. Basta um energúmeno pedante lançar moda nalgum programa de grande audiência e todos passam a o imitar como os carneiros do ardil de Gargântua.
No próximo tópico esmiuçarei essa preposiciomania.

Um comentário:

  1. ALÔ, CHE GUAVIRA.... BELÍSSIMO O SEU COMENTÁRIO. INFELIZMENTE FICAMOS A MERCÊ, TAMBEM, DE ALGUNS IMORTAIS (UM,QUE APENAS ESCREVEU MARIMBONDOS DE FOGO, QUE DEVERIA ESCREVER, MARANHAO POBRETAO FACE A MINHA RIQUESA. SERIA BEM MAIS ADEQUADO. MAS ENFIM, ) AS NOVAS MANEIRAS DE TRATAREM O PORTUGUÊS, SIMPLIFICANDO NOSSA GRAMÁTICA, RETIRANDO OS ACENTOS DAS PALAVRAS E OUTROS QUETAIS (ISSO ENSEJOU A QUE WILLIAN WACK, NO JORNAL DA GLOBO, OUTRO DIA (OU NOITE) DISSE QUE O PRESIDENTE HUGO CHAVES ESTAVA USANDO UMA canúla PARA RESPIRAR MELHOR. COMO SOU PORTADOR DE UMA CÂNULA, FIQUEI SEM SABER O QUE EU ESTAVA USANDO. COMO PODE UM "ÂNCORA" DE UMA EMISSORA DE TAO GRANDE PENETRAÇAO NO BRASIL (ELA TEM CAPITAL AMERICANO) (DETESTO A GLOBO E A MAIORIA DE SEUS "ASTROS E ESTRELAS"). SE ASSISTI ESSE JORNAL DA GLOBO FOI POR QUASE "IMPOSIÇAO" DE MINHA MULHER QUE ESTAVA ASSISTINDO AS ABERRAÇOES NOVELÍSTICAS DA EMISSORA DO PLIM PLIM. NAO SEI SE FALEI ALGUMA COISA INDEVIDA OU áustera (imagine, che, nos meus 74 anos de vida, sempre que pude usar essa palavra, eu achava que era AUSTÉRA- o acento da mesma so pra realçar a sílaba tônica da palavra; o ÁUSTERA, ouvi "tomen" na "grobo"; ouvi "mermo".)
    desculpe, che, mas assim como você, também estou cheio de "ver" assassinarem a nossa lingua mater. QUANDO EU CURSAVA O GINÁSIO, NUMA PROVA DE PORTUGUÊS, NA REDAÇÃO, ESCREVI UMA GÍRIA. O PROFESSOR, MOISES FEITOSA, (QUE FOI AGRACIADO COM A MEDALHA DE HONRA AO MÉRITO)(NAO COMO A NOSSA EX PRIMEIRA DAMA AGRACIADA COM A MEDALHA DO CRUZEIRO DO SUL, POR "RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS A NAÇAO" (SALVE MARISA LETÍCIA). VOCÊ ACREDITA????? ISSO É BRASIL DOS INCOMPETENTES E LADROES CORRUPTOS QUE SE IMISCUIRAM ENTRE GENTE DECENTE). DESCULPE, CHE, ME EMPOLGUEI. VOLTANDO AO PROFESSOR MOISES FEITOSA, QUE HOJE, AINDA, CULTUO UM RESPEITO ENORME À SUA PESSOA E AO SEU CONHECIMENTO, ELE, NA CORREÇÃO DA PROVA, AO LADO DA GIRIA POR MIM ESCRITA, FEZ A SEGUINTE OBSERVAÇAO, POR ESCRITO, E QUE VOU LEMBRAR ATE O MEU FIM........"A MORTE DE UMA NAÇAO COMEÇA PELO APODRECIMENTO DA SUA LINGUA" - as, masotief (ele assinava o nome ao contrário). nesta época de celular e facebook, estamos perdendo a guerra. NOSSA NAÇAO ESTÁ MORRENDO...INFELIZMENTE. mas ainda temos o aché, o rep, o nao sei o que, todos esses estilos musicais da terra de Caimi. "salve Jorge" .as vezes é dificil entrar no seu blog ( meu pc ou minha net nao consegue---"esse blog nao existe" - simulacro de "esse número nao existe", mas vou tentando. assim como hoje. para nao dizer que sou um anônimo, aqui vai meu nome: JOAO SLEIMAM BARCHINI, sou de sao paulo-capital, e meu e-mail:: panchobalboa@itelefonica.com.br
    mais uma vez, che guavira, parabens pelo seu blog e pelas suas colunas, que sao prazeirosas de se ler.

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