A única musa sem silicone nem anabolizante
(por enquanto)
A musa do paraíso
Acostumado a,
no Carnaval, ver Luma de Oliveira 87 e musas do mesmo quilate, o folião viu uma
musa-ciborgue, que do alto do carro alegórico exibia um corpo inchado, pernas
musculosas e seios tão grandes que não sei como conseguia ficar em pé. A voz grossa, não
masculina, mas duma rouquidão esquisita. O anabolizante já deve ter afetado o
cérebro, pois se achava linda. Tudo muito constrangedor.
Chegou ao
portal do Paraíso e reclamou a são Pedro.
— Mas
quê-diabo! O pedido que fiz foi morrer feliz, vendo o que mais gosto!
— Calma! O
patrão não falha. Consultarei aqui, pra ver o que aconteceu.
— Quero morrer
vendo minhas musas, não esses monstrengos hipertrofiados!
— Paciência. A
internete celestial está um pouco lenta. Sabe como é: O patrão não investiu
muita graça na linha de transmissão.
— Em meu tempo
os travestis imitavam as mulheres. Nunca pensei um dia as mulheres fossem
imitar os travestis.
— Achei! Mas
não tem promessa relacionada a musa carnavalesca.
— Não? Mas fiz
uma.
— Aqui tem um
pedido. Já faz bastante tempo. Estavas reclamando de que não tem mais o Cine trash, aquela sessão de filme de
ficção-científica-horror-fantasia na tevê. Que tens muita saudade daqueles
filmes cheios de monstros de três cabeças, bestas gosmentas e mulheres de três
peitos.
— É verdade.
Sempre reclamei isso.
— Não podes
reclamar. Transformamos o Carnaval só pra te atender. Tá cheio de
mulheres-monstro. Queres um filme B mais grotesco que essas musas
siliconadas-anabolizadas?
— Mas falta
melhorar o enredo.
— Quê enredo?
— Ambos: Do
samba e do filme.
E o folião
conseguiu voltar à Terra, pois faltou o enredo pra ser filme B.
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