A língua esculhambada
Miscelânea 2
● O uso
distraído, irresponsável e simplificado dos pronomes e preposições leva à
degeneração do idioma.
Te mostrarei,
te direi, te levarei...
Quem mostrará?
Se Pedro
disser a Paulo Te
mostrarei, significa que Pedro mostrará Paulo a alguém. Se tiver
intenção de mostrar algo a Paulo deve dizer Mostrarei a ti.
A mesma forma Te direi, etc. Te levarei, quando a
segunda pessoa é quem será levada. Se a intenção é levar algo à segunda pessoa,
se deve dizer Levarei
a ti.
● Itens em
maiúsculo ou iniciais em maiúsculo, como num índice, por exemplo, é invenção de
quem tinha dúvida de quando usar maiúscula. Pra contornar isso pôs tudo em
maiúscula e, pronto. Como aquela piada do patrão que mandou a secretária marcar
a reunião pra sexta-feira. A secretária perguntou se sexta-feira se escreve com
x. Então o patrão mandou marcar pra quinta.
Joanco contou esta:
O caso da secretária que não sabia escrever sexta-feira correto me fez lembrar um caso idêntico do folclórico ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus.
Joanco contou esta:
O caso da secretária que não sabia escrever sexta-feira correto me fez lembrar um caso idêntico do folclórico ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus.
Precisava emitir um cheque de 60 cruzeiros mas não sabia se escrevia com s, c, ou ç. Pra resolver o problema emitiu dois cheques de 30.
● O estilo
revela quando alguém não tem muito trato literário. Como quando usa exclamação
e ou interrogação espaçado e ou múltiplos. Certo ???????
● Idem quando
usa e/ou. Qual a necessidade dessa barra?
● Idem quando
põe ponto final em título, frase solta, nome e data isolados. Só se usa ponto
final se existiu ponto intermediário ou se houve necessidade de o colocar ali.
● Evitar
abreviatura em texto. Números, quando em seqüência ou comparativos, em número
em vez de em extenso, pra maior legibilidade. Em legenda cinematográfica
abreviar e usar notação científica, e simplificar a frase. Por causa da
necessidade de ler rápido. Simplificação máxima em nome de arquivo de
computador.
Em legenda e
em texto científico ou de tema científico se deve usar 30m em vez de trinta
metros, por exemplo, pra maior rapidez, fluidez e clareza. Principalmente
quando as medidas aparecem seguidamente, facilitando comparar e localizar.
● Abreviatura,
sigla e notação científica não têm plural. Abreviatura é pra economizar espaço
e tempo. É coisa arcaica, bom que caia em desuso. É um contra-senso fazer
questão de acrescentar um S pra explicitar ser plural. Já vi casos em que se
abreviando a palavra ficava com apenas uma letra a menos! Como 2MTS. (pasmes!
Ainda tem o ponto!)
pra metro, quando existe unidade de medida com apenas uma letra: 2m
Então é
burrice escrever Dois
CD’s. Duas
TVs, dois
DVDS, 24hs ou dizer dois emeeles (2ml).
Quando a sigla
se torna de uso corrente deve ser transformada em palavra. Então, sim, terá
plural: Dois
cedês. Duas
tevês, dois
devedês.
● Em raros
casos se deve usar minúsculo após :, pois nova sentença se inicia com
maiúscula.
● Sempre
preferir a forma mais simples. Só usar plural quando necessário. Evitar o uso
abusivo de plural pra coisas incontáveis ou coletivas: A areia do deserto, um rio de
água tranqüila, um objeto planando no céu, o funeral do coronel, a ossada foi
retirada..., em vez de As areias do deserto, um rio de águas tranqüilas, um objeto
planando nos céus, os funerais do coronel, as ossadas foram retiradas...
● Tanto à
quanto, e não tanto à como
Antes era tão
difícil quanto hoje
Era tão grande
quanto esse barril
Há um filme
francês com título Uma jovem tão bela
como eu. Por que o título não é Uma
jovem tão bela quanto eu? Suponhamos que se chama Maria. Porque no primeiro
caso a jovem do título se cita como exemplo. É o mesmo que dizer Eu, uma jovem
tão bela assim. Como se dissesse Como isso pode acontecer a mim?, sendo
uma jovem tão bela. No segundo caso é comparativo. Maia se refere a
outra jovem, que é tão bela quanto Maria. Portanto o título do filme não se
refere a uma segunda jovem.
● Há - havia
Estamos em
2013. Estou contando sobre um caso acontecido em 1960.
Encontrei a
cabana existente ali havia 80 anos.
Encontrei a
cabana existente ali há 80 anos.
No primeiro
caso a idade da cabana se conta até a data da história sendo contada. No
segundo caso até hoje.
● Da mesma
fora evitar o uso abusivo de ex-presidente, por exemplo. Se nos referirmos
quando Getúlio Vargas foi presidente não devemos dizer Naquela ocasião o ex-presidente
Getúlio Vargas..., pois assim teríamos de sempre dizer ex-rei Jorge,
ex-imperador Pedro II, ex-papa João XIII..., pois todos são ex, evidentemente.
Usar o ex quando no período
mencionado o sujeito deixou de ser.
● Sítio ao
castelo, invasão ao Iraque, culto aos mortos, lutar contra o adversário
Sítio do
castelo é quando o castelo é que sitia. Invasão do Iraque é quando Iraque é o
invasor, culto dos mortos é quando os mortos cultuam algo, lutar com o
adversário é ter o adversário como companheiro, ajudando a lutar contra algo ou
alguém.
● Clichê
também sinaliza a época da redação. Nos anos 1960 e 1970 era moda dizer universo em vez de mundo. Assim o famoso e obsoleto concurso de beleza era chamado Misse universo, embora só participassem
humanas do planeta Terra. Hoje o clichê é dizer planeta em vez de Terra
ou mundo. Naquelas décadas era mais
comum os termos super, hiper. Hoje o modismo é mega. Se Super-homem fosse criado hoje
seria Megaman em vez de Superman. Se deve usar o termo planeta em contexto astronômico. Dizer Essa é a
montanha mais alta do planeta é clichê. Qual planeta? Este? Aquele? Melhor
dizer que é a montanha mais alta do mundo, ou da Terra.
Mas clichê não
é erro gramatical. É como a frase-feita. Se trata doutro fenômeno, comumente
relativo, pois se torna incômodo quando banalizado: Sem sombra de dúvida, no negror
da noite, na calada da noite...
● A palavra extra não tem plural porque é extrato,
como abreviação, de extraordinário. Horas extra.
Da mesma forma Na
Nicarágua os contra fizeram uma ofensiva..., porque nesse caso contra
vem de contra-revolucionário.
Uma mulher
pão-duro, um sujeito magricela, um cara magrela. O masculino de donzela é donzel, não donzelo, assim como de princesa
não é princeso. Senhorito, donzel são termos usuais na península ibérica.
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