terça-feira, 20 de outubro de 2015

Suplemento-revista dominical de El espectador, Bogotá
faltam páginas 15 e 16
— …cheguei meio-dia e meio, professor.
Meio-dia e meia! Meio-dia e meio é um dia inteiro.
— Então se deve dizer meia-noite e meio? Porque meia-noite e meia é uma noite inteira!
A questão é que a forma de expressão se baseia numa regra erudita mas a forma de construção é matematicamente precária. É construção convencional, popular, informal mas equivocada.
Não digo que tenhamos de ser matematicamente precisos ao formular uma frase, mas que quem postula como correta uma expressão pode estar equivocado, e que o considerado correto nem sempre é tão correto assim.
Já dissequei essa lógica no famigerado caso de modismo em torno de entrega a domicílio e outros.
Quando dizemos 1 hora e meia, o termo meia se refere a hora. 1 hora mais meia hora, porque a referência é hora. A forma rigorosamente correta é uma e meia hora: 1,5h em notação decimal, ou 1:30h em notação hexadecimal, já que a métrica horária não é decimal.
1 milhão e meio de reais é 1 milhão de reais e 50 centavos porque o parâmetro é a moeda chamada real: 1 milhão mais meio real. 1 milhão e 500 mil reais é 1 e meio milhão de reais (1,5 milhão de reais): R$1.500.000,00.
Na expressão meio-dia e meia, por exemplo, a construção é dúbia. O parâmetro é dia mas o meia se refere a hora. Caso se queira ser rigorosamente exato: Doze horas e meia (Melhor doze e meia horas), pra meio-dia e meio, e zero hora e meia (zero e meia horas), pra meia-noite e meia.

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