sábado, 5 de fevereiro de 2011

Antologia Lovecraft em Fase Final


Antologia Lovecraft em fase final
Finalizando com as ilustrações, o projeto Lovecraft está aberto a quem quiser dar sugestão à ilustração dalgum conto, independente de se cadastrar na lista de comprador potencial (sem compromisso). A página é www.sitelovecraft.com
Os contos:
O chamado de Cthulhu
O horror de Dunwich
A sombra sobre Innsmouth
Um sussurro na treva
Sonhos na casa da bruxa
O habitante da treva (Haunter of the dark)
Talvez estará no livro:
A cidade sem nome
O festival
O habitante da treva
A música de Erich Zann
O depoimento de Randolph Carter
O inominável
Celephais
A busca de Iranom
O forasteiro
O sabujo
A história do Necronomicão
 O projeto nasceu da vontade do dono do sítio, Denílson, de fazer uma antologia de qualidade, pois os textos disponíveis em português são muito heterogêneos na qualidade de tradução. Não só em português. Constatei que traduções em castelhano também sofrem muito com pressa e interpretação presumida. Por exemplo, em A noite oceânica um trecho onde a personagem, hospedada numa casa sobre uma duna, saiu da casa e desceu a duna. Isso fica bem claro no original inglês. Mas na tradução castelhana diz que rumou ao sul. No mesmo conto a escuridão foi se infiltrando na casa pelas frestas e foi traduzido como a areia se infiltrando. No conto O sabujo um inteiro trecho descritivo duma revoada de morcego onde foi simplesmente omitido. Estes três exemplos dão idéia clara do problema que é a tradução relaxada.
Participar do projeto foi muito enriquecedor porque Lovecraft usava uma linguagem muito conservadora, arcaica até, um inglês muito britânico, do século 19 ou dantes, repleto de citação erudita e expressão em latim e outras línguas arcaicas, reais ou imaginárias. Seus poemas são dificílimos de traduzir, pois além dessas características se somam trocadilho, metáfora e outras figuras de linguagem. Assim os poemas passaram de monitor a monitor, na rede internética, com revisão e re-revisão, discussão, consulta. De modo que os poemas terminaram numa montagem de vários tradutores. Nalguns casos prevaleceu minha versão, noutros casos, por exemplo, apontei um verso da versão de Louise como a melhor, e a adotei.
Por exemplo, no poema Uma elegia a Franklin Chase Clark, verso 4 (minha versão em preto):
A fleeting fame, or momentary praise,
How little wished he, and how nobly scorned.
How oft were Learning’s deeper, richer ways
Sought out by him, and by hi hand adorned.
Fama efêmera ou elogio fugaz
muito desprezava, tampouco queria
Contumaz, cultura fina e erudição veraz
que perseguia com elegante  caligrafia
A fama fugaz, ou momentâneas apologias,
Quão pouco desejava, e nobremente desprezava.
Quanto eram do saber mais ricas e profundas vias
Por ele buscadas, e por suas mãos ornamentadas.
A fama passageira e o elogio fugaz
Ó! Quanto os desprezou e, nobre, escarneceu!
Antes, só a cultura e a erudição veraz
buscou sempre e por sua mão embeleceu.
Muito discutimos esse verso por causa da expressão hand adorned. Seria figura de linguagem. Eu disse:
— Não faz sentido mãos ornamentadas (será que Clark pintava as unhas, tinha mãos tatuadas ou usava anéis de prata? Creio que não, pois tais aberrações seriam destaque na biografia). Buscou sempre e por sua mão embeleceu ficou horrível.
Então constatei que no dicionário inglês da enciclopédia Barsa hand (mão) também significa caligrafia. Então hand adorned ficou elegante caligrafia. A única opção que faz sentido.
Também foi muito enriquecedor discutir o estilo, como aportuguesamento, aglutinação e outros, ficando ao antologista escolher sua preferência.
Quem não conhece a obra de Lovecraft não sabe o que está perdendo, pois é um dos expoentes da literatura de horror, ao lado de Poe e Maupassant, por exemplo.

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