sexta-feira, 3 de junho de 2011

Conto de Mário Jorge Lailla Vargas - O Melhor Amigo de Pimpoino


O melhor amigo de Pimpolino
Conto de Mário Jorge Lailla Vargas
El mejor amigo de Pimpolino
Cuento de Mário Jorge Lailla Vargas
Percorri, pachorrento, a sinuosa plataforma ferroviária naquele crepúsculo após mais um dia alegrando as crianças do hospital. Costumava ir tirando minha fantasia de palhaço na longa espera ao trem.
Recurrí, flemático, la sinuosa plataforma ferroviaria en aquel crepúsculo después de más un día alegrando los niños del hospital. Solía ir sacando mi disfraz de payazo en la larga espera al tren.
Só havia uma pessoa no banco de espera. Um jovem com livros e cadernos pousados ao lado. Foi logo me cumprimentando, se pondo familiar graças a minha palhacesca figura.
— Bem-vindo, doutor do riso! Mais um dia na nobre faina de alegrar os pirralhos?
Solo había una persona en el banco de espera. Un joven con libros y cuadernos posados al lado. Fue pronto me cumplimentando, se poniendo familiar gracias a mi payacesca figura.
— ¡Bienvenido, doctor de la risa! ¿Más un día en la nobre faina de alegrar a los chiquillos?
Conversa vai, conversa vem. Disse:
— Sempre quis saber de quem partiu essa idéia maravilhosa de levar palhaços aos pequeninos.
— Então contarei como tudo começou. Já que temos tempo, pois o trem demorará a chegar nesta linda e tediosa estação. E comecei a narrativa:
Charla va, charla viene. Dijo:
— Siempre quise saber de quien partió esa idea maravillosa de llevar payazos a los menudos.
— Entonces contaré como todo empezó. Ya que tenemos tiempo, pues el tren demorará a llegar en esta linda y tediosa estación. Y empecé la narrativa:
Há uns dez anos os hospitais infantis eram aquela coisa prosaica que conhecemos desde a infância. Mas tudo mudou depois que um jovem estudante, que, por um delito qualquer, foi cumprir pena de prestar serviço comunitário a um hospital, durante um mês.
Hace unos diez años los hospitales infantiles eran aquella cosa prosaica que conocemos desde la infancia. Pero todo cambió después que un joven estudiante, que, por un delito cualquiera, fue cumplir pena de prestar servicio comunitario a un hospital, durante un mes.
Esse rapaz fazia o serviço direitinho. Até parecia feliz em estar ali. Mas incomodava muito, ao diretor, por causa de idéias irreverentes e, ao mesmo tempo, fascinava e assustava aos outros por ser tão livre-pensador e imaginação singular, que se traduzia numa e noutra peça teatral que ensaiava com alguns colegas.
Ese rapaz hacía el servicio ciertito. Hasta parecía feliz en estar allí. Pero incomodaba mucho, al director, por causa de ideas irreverentes y, al mismo tiempo, fascinaba y asustaba a los otros por ser tan libre-pensador e imaginación singular, que se traducía en una y en otra pieza teatral que ensayaba con algunos colegas.
Num prédio anexo, morava o administrador com seu filho Ildo, um menino de nove anos com câncer, que estava condenado.
Um dia dois enfermeiros comentavam sobre a dificuldade que as crianças têm pra se recuperar.
En un predio anexo, moraba el administrador con su hijo Ildo, un niño de nueve años con cáncer, que estaba condenado.
Un día dos enfermeros comentaba acerca de la dificultad que los niños tienen para se recuperar.
— Imagines. Este ambiente sóbrio, prosaico, é um desencanto pruma criança. A seu cerebrinho isso é muito mais opressivo, intimidante, insosso. Mas o que se faria? A vida é assim.
— Imagines. Este ambiente sobrio, prosaico, es un desencanto para un niño. A su cerebrito eso es mucho más opresivo, intimidante, insulso. Pero qué hacer? La vida es así.
O rapaz deu meia-volta, ríspido, e saiu dando um portaço (batendo a porta com estrondo). Se conta que, no dia seguinte, bateu na janela de Ildo:
— Ei! Entrou aqui meu amigo Pimpolino?
— Não, senhor. Ninguém entrou. Faz tempo. Quem é esse Pimpolino?
— Meu amigo, que é um palhaço. Seu nome completo, na carteira de identidade, é Pimpolino Tom de Cinza Colorido Pintado de Preto-e-branco e Repintado de Branco-e-preto.
El rapaz dio media vuelta, ríspido, y salió dando un portazo (batiendo la puerta con estruendo). Se cuenta que, en el día siguiente, batió en la ventana de Ildo:
— ¡Eh! ¿Entró aqui mi amigo Pimpolino?
— No, señor. Nadie entró. Hace tiempo. ¿Quien es ese Pimpolino?
— Mi amigo, que es un payazo. Su nombre completo, en la cartera de identidad, es Pimpolino Ton de Ceniza Colorido Pintado de Negro-y-blanco e Repintado de Blanco-y-negro.
— Nossa! Que sobrenome mais maluco!
— É que é palhaço de pai-e-mãe. Como estava chovendo ele calçava um pé-de-pato de mergulhador em vez de seu habitual sapato longo e enrolado na ponta. Se é que se tratando de Pimpolino se pode usar o termo habitual. Se referindo ao pé-de-pato, diz que esse modelo de sapato é a última moda na praia.
— ¡Caramba. Que apellido más maluco!
— Es que es payazo de padre-y-madre. Como estaba lloviendo él calzaba un pie-de-pato de buceador en vez de su habitual zapato largo e enrollado en la punta. Si es que se tratando de Pimpolino se puede usar el término habitual. Se refiriendo al pie-de-pato, dice que ese modelo de zapato es la última moda en la playa.
— Ficarei cuidando. Um amigo assim não passará despercebido.
— Isso mesmo. Quando está chovendo sai assim, com apetrecho de mergulhador: Pé-de-pato, máscara e um cotovelo de cano pra respirar. Deixes ver se o acho. Depois voltarei.
— Permaneceré cuidando. Un amigo así no pasará sin ser notado.
— Muy bien. Cuando está lloviendo sale así, con equipo de buceador: Pie-de-pato, máscara e un codo de cano para respirar. Dejes ver si lo encuentro. Después volveré.
No outro dia entrou e deixou a porta aberta, chamando o amigo a entrar:
— Podes entrar, Pimpolino. Gostarás de conhecer meu amiguinho.
Ninguém entrou.
— Ué! Pimpolinoô! — Foi até a porta, saiu, olhou aos quatro ventos.
En el otro día entró y dejó la puerta abierta, llamando el amigo a entrar:
— Puedes entrar, Pimpolino. Te gustará conocer mi amiguito.
Nadie entró.
— Oh! Pimpolinoó! — Fue hasta la puerta, salió, miró a los cuatro vientos.
— Teu amigo Pimpolino foi embora?
— É. Acho que tinha algo urgente pra resolver. Ou, então, pode ser que tenha medo de criança. Sabe? Minha sobrinha, quando pequena, tinha medo de palhaço. Vai que esse é um palhaço que tem medo de criança.
— Então fales sobre teu amigo Pimpolino. Como é?
— ¿Tu amigo Pimpolino se fue?
— Sí. Creo que tenía algo urgente para resolver. O, entonces, puede ser que tenga miedo de niño. ¿Sabes? Mi sobrina, cuando pequeña, tenía miedo de payazo. Va que ese es un payazo que tiene miedo de niño.
— Entonces hables sobre tu amigo Pimpolino. ¿Como es?
— Bom... É todo espalhafatoso, como todo palhaço. Com sapato que mais parece esqui, uma meia amarela. Outra vermelha com bolinhas pretas. O cabelo é todo arrepiado. Cada fio duma cor. Um suspensório amarelo tão elástico que mais parece uma mola. Tem hora que a calça vai até lá embaixo. É bem ridículo isso. Mas ele acha isso engraçado. As outras pessoas também. A roupa é toda colorida. Acho que tem todas as cores ali. A gente tem de estar sempre de bom-humor porque está sempre pregando uma peça. Pimpolino é incorrigível. Na última vez que espirrei tirou um lenço do bolso. Só que o lenço nunca acabava. Esperes! Lá está ele! Ali, na janela! Virou a esquina no corredor. Está me devendo. Esperes aí, Pimpolino!
— Bueno... Es todo alborotado, como todo payazo. Con zapato que más parece esquí, una media amarilla. Otra roja con lunares negras. El pelo es todo escalofriado. Cada fío de un color. Un suspensorio amarillo tan elástico que más parece una mola. Hay hora que la calza va hasta allá abajo. Es muy ridículo eso. Pero él cree eso gracioso. Las otras personas también. La ropa es toda colorida. Creo que tiene todos los colores allí. Tenemos de estar siempre de buen-humor porque está siempre haciendo una burla. Pimpolino es incorregible. En la última vez que estornudé sacó un lienzo del bolsillo. Pero el lienzo nunca terminaba. ¡Esperes. Allá está él. Allí, en la ventana! Dobló la esquina el corredor. Está me debiendo. ¡Esperes ahí, Pimpolino!
E saiu, apressado, atrás de Pimpolino.
No outro dia o administrador comentou que o menino estava todo empolgado pra encontrar esse tal Pimpolino.
— Essa personagem, o tal de Pimpolino, fascina tanto o garoto, parece lhe fazer tão bem a ponto do médico constatar uma melhora espantosa.
— Deixes comigo, seu Nogueira.
E salió, aprisa, atrás de Pimpolino.
En el otro día el administrador comentó que el niño estaba todo excitado para encontrar ese tal Pimpolino.
— Ese personaje, el tal de Pimpolino, fascina tanto el niño, parece le hacer tan bien a punto del médico constatar una mejora espantosa.
— Dejes conmigo, don Nogueira.
O rapaz sempre dava um jeito de passar no quarto do menino, que queria saber mais e mais sobre Pimpolino.
El rapaz siempre encontraba una manera de pasar en el cuarto del niño, que quería saber más y más sobre Pimpolino.
— A casa de Pimpolino é muito louca. Quando a gente abre a torneira do chuveiro liga a televisão. Quando abre a geladeira toca a campainha. O interruptor de acender a luz abre a torneira da pia. O colchão fica embaixo do chuveiro, os livros no guarda-roupa e a televisão de ponta-cabeça. Fica assistindo plantando bananeira. Se o chuveiro der um pingo reclama que tem goteira. Quando vai tomar banho tira o colchão e calça o pé-de-pato. Quando passa uma garota bonita na televisão ele corre até atrás do televisor prà ver de costas. O ventilador fica soprando na geladeira, que é prà deixar mais fresquinha. Quando quer apagar uma vela a põe diante do ventilador. A única coisa lógica é que cismou que o pingüim deve ficar dentro da geladeira, não encima. Mas as roupas de frio também ficam na geladeira. E sabes qual é o pijama de Pimpolino? Pois é terno-e-gravata. Pimpolino dorme impecavelmente vestido de terno-e-gravata no verão e de esmuque no inverno. E olha-só como Pimpolino atende ao celular: O telefone toca uma musiquinha, Pimpolino pega o celular e dá uma dançadinha, uma meia-volta, uns passinhos que não se sabe se é frevo ou maicojexo, termina com uma pirueta e mais umas firulas, pior que goleiro de time de aposentado, faz uma pose final e diz Alô!
— La casa de Pimpolino es muy loca. Cuando se abre la tornera de la ducha liga la televisión. Cuando abre la heladera toca la campana. El interruptor de encender la luz abre la tornera de la pía. El colchón queda bajo la ducha, los libros en guardarropa y la televisión de punta-cabeza. Queda vendo plantando plátano. Si en la ducha salir una gota reclama que hay gotera. Cuando va se bañar saca el colchón y calza el pie-de-pato. Cuando pasa una muchacha bonita en la televisión él corre hasta atrás del televisor para la ver de espaldas. El ventilador queda soplando en la heladera, que es para la dejar más fresquita. Cuando quiere apagar una vela la pone delante del ventilador. La única cosa lógica es que insistió que el pingüino debe quedar dentro de la heladera, no encima. Pero las ropas de frío también quedan en la heladera. ¿Y sabes cual es el pijama de Pimpolino? Pues es tierno-y-corbata. Pimpolino duerme impecablemente vestido de tierno-y-corbata en el verano y de esmuque en el invierno. Y mires como Pimpolino atiende al celular: El teléfono toca una musiquita, Pimpolino agarra el celular y da una bailadita, una media vuelta, unos pasitos que no se sabe si es cumbia o maicoyexo, termina con una pirueta y más unas cabriolas, peor que guardameta de equipo de jubilado, hace una pose final y dice ¡Hola!
  No outro dia o rapaz passou ali e o menino perguntou:
— Já apareceu teu amigo Pimpolino?
— Não. Disse que está procurando empregada. Mas quem será doida de trabalhar lá. Né? Ainda mais depois da última que aprontou.
— O que fez?
En el otro día el rapaz pasó allí y el niño preguntó:
— ¿Ya apareció tu amigo Pimpolino?
— No. Dijo que está procurando empleada. Pero quien será loca de trabajar allá. ¿No? Aún más después de la última que hizo.
— ¿Qué hizo?
— Entregou a ela um pano de piso, a levou até a borda da piscina e disse: Aqui o chão está muito molhado. Vejas se consegues secar. Faz horas que estou passando pano nesse chão molhado mas, sabes como é: Não tenho muita prática em faxina.
— Mas esse Pimpolino é muito palhaço, mesmo!
— Entregó a ella un paño de piso, la llevó hasta la borda de la piscina y dijo: Aquí el piso está muy mojado. Veas si consigues secar. Hace horas que estoy pasando paño en ese piso mojado pero, sabes como es: No tengo mucha experiencia en limpieza.
— Pero ese Pimpolino es muy payazo, ¡deveras!
— É verdade. A única coisa que o deixa mal-humorado é ver um colega sem-graça. Palhaço sem-graça ele não suporta. Peraí! Vi um palhaço indo às árvores. Quero ver se é ele. Ei!... Ei!...
— Verdad. La única cosa que lo deja malhumorado es ver un colega sin-gracia. Payazo sin-gracia él no soporta. ¡Un momento! Vi un payazo yendo a los árboles. Quiero ver si es él. ¡Eh... Eh!...
Pimpolino já estava ficando famoso no hospital.
— E aí? Já pôs um detetive pra achar teu amigo palhaço?
— Aqui não entrará mais, pois quase nos matou de riso.
Então nosso amigo deu um jeito de fazer um bola quadrada e a levou ao menino.
— Uma bola quadrada?
— É a bola de Pimpolino, quando vai jogar fute-sal com a turma. Tem a mania de, antes de começar o jogo, salgar a bola cum saleiro, como se fosse na salada no almoço ou o ovo frito. Sacode o saleiro pra salgar a bola porque o jogo é de fute-sal. Disse que quando for fute-açúcar será com açúcar-de-confeiteiro. Esse Pimpolino!
Pimpolino ya estaba se tornando famoso en el hospital.
— ¿Y entonces. Ya pusiste un detective para encontrar tu amigo payazo?
— Aquí no entrará más, pues casi nos mató de risa.
Entonces nuestro amigo encontró una manera de hacer una pelota cuadrada y la llevó al niño.
— ¿Una pelota cuadrada?
— Es la pelota de Pimpolino, cuando va jugar futsal con su pandilla. Tiene la manía de, antes de empezar el partido, salar la pelota con un salero, como se fose en la salada en el almuerzo o el huevo frito. Sacude el salero para salar la pelota porque el partido es de futsal. Dijo que cuando sea fut-azúcar será con azúcar-de-confitero. ¡Ese Pimpolino!
— Sério?! E ele é bom?
— É um craque... de trapalhada. De bola murcha e bola quadrada. Perde cada gol feito. Inacreditável. Sabes o Bola Murcha do Fantástico, o Inacreditável Futebol Clube do Globo Esporte ou o Dantesco da Band? Pois Pimpolino ganharia todas. Seria até horconcur, igual Wilza Carla e Clóvis Bornay. O bom é que mesmo perdendo a gente sempre sai rindo à beça, rindo tanto que o jogo fica em segundo plano. Quando ninguém espera faz umas jogadas de craque mas que sempre terminam numa furada ridícula ou pisando na bola encima da linha. Se é que dá pra fazer jogada com aqueles sapatos que mais parecem míni-esquis. E por falar em esqui, uma vez foi jogar, em pleno verão, todo vestido como se fosse esquiar na neve. E até fez um gol de esqui! Já se viu gol de bicicleta, de placa, olímpico. Até gol espírita. Mas gol de esqui só Pimpolino!
— ¿¡Serio! Y él es bueno?
— Es un craque... de chiflada. De pelota marchita y pelota cuadrada. Pierde cada gol hecho. Increíble. ¿Sabes el Pelota Marchita del Fantástico, el Increíble Fútbol Club del Globo Esport o el Dantesco de la Band? Pues Pimpolino ganaría todas. Sería hasta horconcur, igual Wilza Carla y Clóvis Bornay. El mejor es que mismo perdiendo salimos siempre riendo mucho, riendo tanto que el partido queda en segundo plano. Cuando nadie espera hace unas jugadas de craque pero que siempre terminan en una topada ridícula o pisando en la pelota encima de la línea. Si es que da para hacer jugada con aquellos zapatos que más parecen mini-esquís. Y por hablar en esquí, una vez fue jugar, en pleno verano, todo vestido como si fose esquiar en la nieve. ¡Y hasta hizo un gol de esquí! Ya se vio gol de bicicleta, de placa, olímpico. Hasta gol espírita. ¡Pero gol de esquí solamente Pimpolino!
— Deve ser o melhor palhaço do mundo.
— Sim. Mas não é tão fã de jogo. Diz que gosta, mesmo, é de carnaval. Ficou muito puto com o caso desta bola, sabes?
— O que aconteceu?
— Ficou bravo porque, diz, usaram sua idéia pruma vinheta prà copa. Um clipe de vídeo onde estão jogando Brasil x Argentina. Toda vez que um argentino pega a bola ela vira uma bola quadrada. E não é que ainda inventou de calçar patim pra patinar?
— Debe ser el mejor payazo del mundo.
— Sí. Pero no es tan fan de partido. Dice que lo que le gusta, de verdad, es carnaval. Quedó muy indignado con el caso de esta pelota, ¿sabes?
— ¿Qué pasó?
— Quedó bravo porque, dicen, usaron su idea para una viñeta para la copa. Un clipe de vídeo donde están jugando Brasil x Argentina. Toda vez que un argentino está con la pelota ella se convierte en una pelota cuadrada. ¿Y no es que aún inventó de calzar patín para patinar?
— Mas o que tem de estranho nisso?
— Patinar com patim de gelo sem gelo? Tentes usar um par de patim sem roda.
— Puxa! Se eu pudesse conhecer esse palhaço!
— ¿Pero qué tiene de raro en eso?
— ¿Patinar con patín de hielo sin hielo? Intentes usar un par de patín sin roda.
— ¡Caramba. Quisiera conocer ese payazo!
No dia seguinte o garoto, que gostava de desenhar, esperava, todo apetrechado.
— Tive uma idéia. Façamos o retrato-falado de teu amigo Pimpolino.
— Boa! Boa! Mas ele varia muito a roupa.
— Tem namorada?
— Tem. É uma palhaça também. Porque é a única que não reclama que a roupa dele não combina. É a palhaça Gracinha Hilária Grassando Gracindo das Graças, que é uma simpatia.
Nel día siguiente el niño, que gustaba de dibujar, esperaba, todo equipado.
— Tuve una idea. Hagamos el retrato-hablado de tu amigo Pimpolino.
— ¡Muy bien. Muy bien! Pero él varía mucho la ropa.
— ¿Tiene chica?
— Sí. Es una payaza también. Porque es la única que no reclama que la ropa de él no combina. Es la payaza Gracita Hilaria Grasando Gracindo de las Gracias, que es una simpatía.
— Então faremos o retrato-falado do casal.
— Deixes ver... Descreverei como estava na última vez que o encontrei. Uma meia é curta e a outra comprida. Uma vermelho-e-preto, bem flamenguista, outra verde-e-amarelo. Quando tira o sapato uma delas projeta o polegar a fora por causa dum furo bem no polegar. Quando vai calçar (ou vestir?) a meia pega a tesoura e a corta no meio. Diz que se não fizer assim não é meia, é inteira. É assim que paga meia-entrada em cinema.
— Entonces haremos el retrato-hablado de la pareja.
— Dejes ver... Describiré como estaba en la última vez que lo encontré. Una media es corta y la otra larga. Una rojo-y-negro, bien flamenguista, otra verde-y-amarillo. Cuando saca el zapato una de ellas proyecta el pulgar a fuera por causa de un agujero bien en pulgar. Cuando va calzar (¿o vestir?) la media saca la tijera y la corta en el medio. Dice que si no hace así no es media, es entera. Es así que paga media-entrada en cine.
— E consegue entrar?
— Consegue. É tão engraçado que acabam deixando entrar. Ou então enquanto o bilheteiro fica rolando no chão, com a barriga doendo de tanto rir, ele aproveita e entra de fininho. Usava um guarda-chuva multicor que mais parecia um daqueles de frevo. Quando chove entra na piscina com guarda-chuva. Quando tem goteira dentro de casa põe o guarda-chuva embaixo da goteira. Uma camisa azul brilhante, calça amarela, suspensórios vermelhos, colarinho tipo aquele de Cervantes, bem folgado, verde-e-rosa. Á, sim. Tem um detalhe: Na última vez que o vi o cabide aparecia nas costas, com o gancho atrás da nuca. É que é muito distraído, sabes? Muito mesmo. Vive vestindo a camisa ou a calça virado, dorme com óculos ou com sapato. O óculos...
— ¿Y consigue entrar?
— Sí. Es tan gracioso que acaban dejando entrar. O entonces en cuanto el billetero queda rolando en el piso, con la barriga doliendo de tanto reír, él aprovecha y entra de discretamente. Usaba un paragua que más parecía un de aquellos de frevo. Cuando llueve entra en la piscina con paragua. Cuando hay gotera dentro de casa pone el paragua bajo la gotera. Una camisa azul brillante, calza amarilla, suspensorios rojos, cuello como aquel de Cervantes, bien holgado, verde-y-rosa. Ah, sí. Hay un detalle: En la última vez que lo vi el perchero aparecía en las espaldas, con el gancho atrás de la nuca. Es que es muy distraído, ¿sabes? Mucho de verdad. Vive vistiendo la camisa o la calza al revés, duerme con gafas o con zapato. Las gafas...
— Pimpolino não tem um rival, como os super-heróis?
— Claro que tem! Tem um palhaço de cara triste, cheio de piada insossa e ranzinza. É dom Casmurro Cizânio Carrancudo Ranzinza das Carrancas, que só vive resmungando.
— ¿Pimpolino no hay un rival?, como los súper-héroes.
— ¡Claro que hay! Hay un payazo de cara triste, lleno de chiste insulso y malhumorado. Es don Casmurro Cizanio Carrancudo Malagano de las Carrancas, que solo vive refunfuñando.
Pimpolino virou uma coqueluche no hospital. Todo mundo só falava nele. Então organizaram um baile à fantasia de palhaço. Arrecadaram dinheiro prà cirurgia do menino com essa festa.
Pimpolino se convirtió en una coqueluche nel hospital. Toda gente solo hablaba en él. Entonces organizaron un baile de disfraz de payazo. Recadaron dinero para la cirugía del niño con esa fiesta.
O rapaz já chegou fantasiado de palhaço pra buscar o menino. Ele e sua turma, levando um quite-palhaçaria pra o caracterizar ali mesmo. Foi se apresentando, fazendo genuflexão  e levantando o chapéu que era uma panela:
— Gracindo Rio de Graça, primo de Gracinha Hilária, teu criado. Este é meu pai, que é mais que um pai, é um pai de aço, um paiaço, seu Gargalhão. Esta é Risota Rizolina. E este é Abelardo Chacrinha, que é detetive e está empenhado em descobrir a identidade secreta de Pimpolino.
El rapaz ya llegó disfrazado de payazo para buscar el niño. Él y su pandilla, llevando un quite-payacería para lo caracterizar allí mismo. Fue se presentando, haciendo genuflexión  y levantando el sombrero que era una cazuela:
— Gracindo Río de Gracia, primo de Gracita Hilaria, tu criado. Este es mi padre, que es más que un padre, es un padre de acero, un payacero, su Carcajadón. Esta es Risota Rizolina. Y este es Abelardo Chacriña, que es detective y está empeñado en descubrir la identidad secreta de Pimpolino.
E fez questão de mostrar que o nariz de Gracindo era uma goiaba de verdade.
— Vamos, pois já está na hora do jogo. Estou no time do Ridículos Riso Clube.
— Contra quem jogará o Ridículos?
— Contra a Risível Sociedade Gozados Gozadores, que perdeu contra a Hilário Grêmio Riso-criativo do Gás Hilariante e venceu o Engraçadinhos Debochados e a Tira-sarro Só-riso Clube.
E hizo cuestión de enseñar que la nariz de Gracindo era una guayaba de verdad.
— Vamos, pues ya es hora del partido. Estoy en el equipo del Ridículos Risa Club.
— ¿Contra quien jugará el Ridículos?
— Contra la Risible Sociedad Graciosos Burladores, que perdió contra la Hilario Gremio Risa-creativa del Gas Hilariante y venció el Burladores del Escarnio e la Saca-sarro Solo-risa Club.
E foram à festa, alegremente, é lógico.
— Quem sabe qual é a religião do palhaço?... A Igreja da Graça, lógico!...
Y fueron a la fiesta, alegremente, es lógico.
— ¿Quien sabe cual es la religión del payazo?... ¡La Iglesia da Gracia, lógico!...
Ao som de Máscara negra, Quanto riso, ó, quanta alegria. Mais de mil palhaços no salão, um simulacro de partida de fute-sal na quadra. Era a abertura da festa. Foi anunciado qual time jogaria com camisa xadrez e qual de bolinha. Um radialista amador narrava o jogo ao vivo num alto-falante. Tinha um jogador que trocava de camisa a cada vez que o outro time tomava a bola. Assim o goleiro lhe passava a bola e ele fazia o gol ali mesmo. Um palhaço cometeu falta, claro, abaixando a calça de suspensório elástico do adversário, que pôs as mãos na frente da cueca, que era uma bermuda branca de bolinhas vermelhas, e deu um gritinho de chilique que fez a platéia gargalhar. O juiz palhaço correu, apitou e puxou o cartão... Era pra ser amarelo mas estava difícil achar. Primeiro foi verde, depois azul, cor-de-rosa, amarelo com bolinhas vermelhas, listrado, xadrez. Até que enfim achou o cartão amarelo. E, como não podia deixar de ser, o cartão era enorme, do tamanho duma folha de papel ofício. A cada saque errado do cartão o receptor caía na gargalhada. Como cometeu a imprudência de continuar rindo, levou um vermelho. Mas como é palhaço, saiu, deu uma volta e voltou de fininho, correndo na ponta dos pés, com aquele jeito espaçado de quem entra sorrateiro, jogando de novo. Entrou pondo o dedo diante dos lábios, pedindo silêncio à platéia. Em seguida, quando um ia fazer o gol outro lhe arrancou o sapato. O cobrador do pênalti fez a maior firula pra posicionar a bola. Quando ia chutar ficava indeciso, voltava, levantando os braços, dando sinal de pare, sinalizando tipo Calma. Agora vai. Agora acertarei. Os outros já perdiam a paciência.
Al sonido de Máscara negra, Cuánta risa, oh, cuanta alegría. Más de mil payazos en el salón, un simulacro de partida de futsal en la cuadra. Era la abertura de la fiesta. Fue anunciado cual equipo jugaría con camisa ajedrez y cual de lunares. Un radialista amador narraba el partido en vivo en un altavoz. Tenía un jugador que cambiaba de camisa a cada vez que el otro equipo tomaba la pelota. Así el guardameta le pasaba la pelota y él hacía el gol allí mismo. Un payazo cometió falta, claro, abajando la calza de suspensorio elástico del adversario, que puso las manos en la frente del calzoncillo, que era una bermuda blanca de lunares rojas, y dio un gritito de rabieta que hizo la platea carcajear. El juez payazo corrió, silbó e sacó la tarjeta... Era para ser amarillo pero estaba difícil encontrar. Primero fue verde, después azul, rosado, amarillo con lunares rojas, rayado, ajedrez. Hasta que en fin encontró la tarjeta amarilla. Y, como no podía dejar de ser, la tarjeta era enorme, del tamaño de una hoja de papel oficio. A cada saque errado de la tarjeta el receptor caía en carcajada. Como cometió la imprudencia de continuar riendo, llevó un rojo. Pero como es payazo, salió, dio una vuelta y volvió escabullando, corriendo en la punta de los pies, con aquel modo espaciado de quien entra escurridizo, jugando de nuevo. Entró poniendo el dedo delante de los labios, pidiendo silencio a la platea. En seguida, cuando uno iba hacer el gol otro le arrancó el zapato. El cobrador del penal hizo afectado gestual para posicionar la pelota. Cuando iba patear quedaba indeciso, volvía, levantando los brazos, dando señal de pare, señalando como Calma. Ahora sí. Ahora acertaré. Los otros ya perdían la paciencia.
— Anda! Chuta logo!
— Mas que palhaçada!
— ¡Vamos. Patees ya!
— ¡Pero que payacería!
Então, quando chegou até a bola mas ficou com medo de chutar, levou um pontapé na bunda. Socou os braços a baixo, esbravejou, dando a entender irritação, e chutou pra descontar na bola.
— Gooooooooooool!
Entonces, cuando llegó hasta la pelota pero quedó con miedo de patear, llevó un puntapié en la nalga. Socó los brazos a bajo, se enfureció, dando a entender irritación, y pateó para se vengar en la pelota.
— Gooooooooooool!
E cada um corria, tresloucado, a um lado diferente. É que são palhaços mas não são bobos de ficar abraçando marmanjo.
A festa transcorreu assim, com toda criatividade.
— Já procurei Pimpolino em toda parte. Será que não veio?
— Desconfio que Pimpolino está disfarçado doutro palhaço.
— Será?...
Y cada uno corría, atolondrado, a un lado diferente. Es que son payazos pero no son tontos de quedar abrazando barbado.
La fiesta transcurrió así, con toda creatividad.
— Ya procuré Pimpolino en todo sitio. ¿Será que no vino?
— Desconfío que Pimpolino está disfrazado de otro payazo.
— ¿Será?...
Assim ficou a história.
O trem já despontava.
— Que linda história, meu amigo. Qual é teu nome?
— Ildo Nogueira, teu criado.
Así quedó la historia.
El tren ya despontaba.
— Que linda historia, mi amigo. ¿Cual es tu nombre?
— Ildo Nogueira, tu criado.

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