● Lanchonetes, restaurantes e pitsarias estão proibidos de cobrar dos moto-entregadores caso a entrega se atrase. http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/07/08/lei-proibe-comercio-de-incentivar-motoboy-a-correr.jhtm É preciso a população se conscientizar de que essa pressão pra entrega imediata é um incentivo aos acidentes motociclísticos. Sempre que possível vás buscar a pitsa. Procures evitar pedir entrega. E se pedir, que não tenha pressa. Uma aquecida no forno resolve.
● Durante a transmissão dos jogos mundiais militares, no Rio de Janeiro, durante a transmissão da decisão do futebol feminino, a comentarista disse que as holandesas ganharam a medalha de prata e comemoraram com champanha no vestuário. Disse que isso não é bom, comemorar com bebida alcoólica, que se querem comemorar deve ser na vista de todos.
Se comemorassem tomando champanha em público condenariam também. Diriam mil bobagens. São adultas, já ganharam o título e comemoraram na intimidade do vestuário. Caramba! Moralista hipócrita é sempre contra!
Quem disse que teu propalado esporte é coisa sadia? Grande estereótipo, isso sim! Mundo dos anabolizantes, do formalismo excessivo, da manipulação, da competitividade exacerbada, dos ferplei de mentirinha, da falta de cultura. Não tem moral pra falar mal de champanha. Se ferplei não fosse hipocrisia a França cederia a vaga na copa à Irlanda, por ter feito gol la mano-de-dios. Na decisão sub-20, Brasil x Portugal, o comentarista, muito perspicaz, observou que quando tinha português caído os portugueses não paravam pra atender. Bastava o Brasil tomar a bola e pediam ferplei! Já se notou como esses comentaristas e narradores não têm cultura? Só sabem de desporto mesmo. Mas isso é um mal da imprensa.É uma grande mentira a propalada idéia de que o tal do esporte (que na verdade é desporto) é saudável. O mundo desportivo é uma indústria poderosa e o sistema tem interesse em que as pessoas cultuem o desporto e não a cultura. Eurico Santos, em Histórias, lendas e folclore de nossos bichos, expôs essa idéia, explicando que os bichos mais modorrentos são os que vivem mais, que não há medalhista velhinho. Quanto mais ativo, mais curta a vida. Assim o arganaz e o colibri tem vida muito curta porque gastam logo a força vital. Na verdade, como toda máquina, o coração tem uma média de tantos milhões de batidas, como o mause tantos milhões de cliques. Usando muito a vida útil se abrevia.
● Ralisco, Guadalarrara? O que é isso?! Em português as palavras Jalisco e Guadalajara devem ser pronunciadas com J de jacaré. Afinal Argentina não se pronuncia Ar-rentina. Dizemos Londres e não London, Venezuela e não Veneçuêla. Não digas expert se já existe o termo equivalente, experto (pronuncia esperto). Não digas bacon, slogan, design, canyon, tsunami. Digas toucinho, lema, projeto, desfiladeiro, vagalhão.
Não idiomatizar termos de uso corrente é sintoma de decadência cultural, de ignorância e mau-gosto. Muitas vezes burrice mesmo.
O seguinte texto é pra leitura e compreensão em língua portuguesa. Analisar este conto de terror. As palavras desconhecidas devem ser procuradas num dicionário de língua portuguesa (sic).
Feedback on-line dum office boy sem stress
Fui contratado por uma empresa franchising de marketing, merchandising e leasing online, a Interprise Network Travel Williams Company of Business, conhecida como o rainha do bestseller situada no edifício Empire New Trade, e tinha de ser testada minha performance, principalmente no serviço de delivery. Fui ver o stand da firma no shopping.
Dei um show. Mostrei que tenho knowhow (Bom seria cobrar royalty, ou copyright, que seja!) Isso aplacou um pouco o apartheid que eu sofria por causa de meu look meio punk meio hippy (apesar de eu ser mais pra funk) com meu blue jeans tipo cowboy de farwest, meu background tipo filme noir (adoro um cult movie) e meu hair tipo grease meio trash. Isso me deixava meio down. Fosse eu careca e seria chamado de skinhead. Sabe como é: Eu era teen. O pessoal era metido a sociality, com ar de muito chic, se achava muito vip e se vestia muito fashion: Black tie, prêt-à-porter. Só usava shampoo importado dos States. Ainda bem que nunca comentei meu hobby predileto: Rock’nroll da hardcore tipo heavy metal, rapp, street dance. Até um reggae eu encaro. Eles na certa preferiam oldies, jazz, twist, swing, blues. Não dava mole a eles:
— Me dá um time, brother!
Fui ao show room mostrar que sei usar computador. Cruzei o hall e vi um personal trainer com um laptop e um kit training e cooper, um barman distraído com seu walkman, um garçon com uma garrafa de champagne e uma promoter com seu notebook. Na sala ao lado uma aula com slide. Minha sala tinha layout que era o must, com design muito mad, mas seria boa prum happy hour num weekend. Tinha até directv. Um quadro na parede ostentava um slogan muito zen. O computador era bem equipado. Tinha um belo screensaver. Tinha até nobreak pra caso de blackout, scanner, web camera, drive de CD ROM, impressora inkjet a laser com buffer extra e winchester de 300 gigabytes. Liguei a máquina e parecia cheia de bug. Faltava algum plugin ou codec. Nada achei no diskette. Dei um restart. Torcia pra ser problema de software, pois de hardware seria pior. Então teria de pesquisar em link de softs freeware ou shareware. Parecia que um hacker, cracker ou phreacker estava atacando. Rodei o scandisk. Felizmente tudo tinha backup. Mas logo ficou tudo OK. Foi só trocar o mouse. Nem precisei fazer o checkup previsto. Quanta novidade após o longplay e da fita cassette. Muita coisa mudou desde o tempo do basic. No rack muitos CDs e DVDs, além de videogames e um stock de chip de memória ram.
Entrei na internet pra visitar o site da firma na net e configurar a webcam. Tive de achar um crack. Podia até escolher o browser. Bastaria eu fazer um download, um upload e mandar um e-mail após criar meu nickname e minha password. Tinha de fazer tudo dentro do script. Temi que exigissem que eu criasse minha homepage, ou, mais na moda, meu blog. Só sabia que lidaria com release, coisa que tenho de saber o que é. Quem sabe editar meu ebook? Então deixei o display em standby.
No final uma palestra com videotape com direito a replay encerrada com perguntas onde respondi o que é string, spam, a diferença entre bit e byte e o que é e-commerce.
Como era véspera do réveillon, nosso patrão, um gentleman, entregou a cada um o hollerith e o ticket e nos convidou a almoçar num self service no shopping center. Escolhemos o Nelson’s Steak House, que era o point da cidade. Fomos todos numa linda pickup a diesel. Outros foram num jeep e o resto num buggy. Era hora do rush e na pressa nos acidentamos mas nada sofremos, graças ao airbag. Com o susto fiquei gelado como um iceberg. Por isso almocei só uma fatia de croissant light e uma diet coke. Fiquei com água na boca vendo o pessoal pedir fondue, strogonoff, hotdog com ketchup e creamcheese e cocktail de kiwi, cheeseburger com chopp, cheese-egg com cerveja bock ou pilsen, hamburger com whisky ou wodka. Até chester à parmegiana com bacon. Na sobremesa milkshake com yogurth, mousse de grapefruit, banana split com marshmallow e chantilly, cafezinho com stevia.
No final uns foram ao playcenter, outros à boite de striptease, e a mulherada, claro, foi às lojas ver soutien, lingerie, pegnoir, aquelas coisas de lycra, de nylon, de cryon, pele de vison, collant, bikini e maillot.
Cheguei a meu hábitat, minha kitchenette que nem tinha living mas que pra mim era uma sweet, cansado e faminto como se tivesse atravessado um grande canyon. Famintos também meu bulldog, meu doberman e meu pitbull. Na Eurochannel a chamada do filme de Lassie, a collie aventureira, um flash do primeiro set do volley e do segundo round duma luta de kung-fu full-contact, o score duma partida de futebol society e outra de squash e em seguida o jornal City News falando do empeachment do presidente, uma entrevista com o glamour da miss Kwait e o filme sobre o Halloween. Passava muito cartoon na hora. Queria ver um filme de Frankenstein. Nada de Oscar, por favor! A última notícia, um novo desodorante spray, não ouvi por causa do estrondo dum boeing decolando próximo. Tirei do freezer um tupperware uma fatia de pizza e uma sfiha.
Já com sono lendo meu songbook recebi um telefonema avisando que minha professora enlouquecera.
— Não! O que aconteceu com a teacher?
Agora ela passa o dia de olhos virados, indo de parede a outra, conjugando assim o verbo:
Eu downlodeio
Tu downlodeias
Ele downlodeia
Nós downlodeamos
Vós downlodeais
Eles downlodeiam
Eu performanceio
Não, eu performanço
Não, eu performo
...
(mais uns anos e as poucas palavras em português do texto serão eliminadas)
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