quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Episódio 4
Texto de Mário Jorge Lailla Vargas
1
A despedida
Na roda-de-tereré do CSI Campo Grande Gláuder contando:
— Mário nos dera uma água-benta que sua mãe trouxera da missa e foi disso que nos valemos pra espantar o espírito que entrou em Lígia, que ficou igual aquela de O exorcista. Só faltou girar a cabeça. A mãe de Lígia orava e Lígia: Pares com essa reza ridícula! Não agüento mais! Salpicamos água-benta nela e começou a gritar, até que o espírito saiu. No dia seguinte, Mário, muito gozador, apareceu lá em casa e disse a Lígia: Venhas comigo, pois sou amante latino, e conhecerás um homem de verdade! Então virou ao sofá, se estrebuchou um pouco e se levantou com cara de mocorongo, dizendo: Ã? Onde estou? O que aconteceu? Não vai dizer que o caboclo Ricardão baixou de novo! Então eu disse: Basta dar uma surra no corpo pro tirar o caboclo Ricardão. E Mário: Não! Não! Uma respingada de água-benta já resolve!
— Quá quá quá quá...
Era a despedida de Gláuder e Lígia, transferidos ao CSI Ponta Porã.
— Vem aí Miro, do CSI Belém.
Então além do tereré começou a era da tapioca.
Gláuder se foi com idéia de morar no lado paraguaio. Ali na fronteira começou a estudar a água paraguaia e chegou a interessante conclusão da qual falarei noutro episódio.
Chegou Miro, com toda a parentada de Belém, quase uma colônia paraense, atraída pela tranqüilidade de Campo Grande. Não pelo povo, claro, pois, como contou sua sogra, procurava um endereço e viu uma senhora na calçada. Perguntou onde mora fulano. Não sabia nem tinha idéia. Não conhecia esse fulano. Mais adiante encontrou alguém que sabia e que indicou o local. Era ao lado da casa da informante anterior. Aqui o morador nem sabe o nome do vizinho!, disse, espantada.
Miro era bem o oposto do paradão Gláuder. Dinâmico, tanto que gosta de camisa vermelha, já foi logo reformando a sede, contratado pra firmar o muro de Mário, já perto de cair, e pôr concertina, além de reforçar a estrutura da casa duma parente, já preste a cair também.
Miro foi à casa de Mário pra falar sobre o primeiro caso a resolver. Sua pré-estréia no CSI Campo Grande. Dom X, m milionário da cidade apostou, contra um amigo, que desvendaria quem é o já famigerado Mão Preta, que escreve assustadoras cartinhas no amigo oculto de sua empresa.
— O cara apelou a nós, pra descobrir o autor das cartinhas. A diferença neste caso é que não prenderemos o culpado no final. Como soube de tuas experiências como Poeta Doido, Programador Maluco, dupla paradoxal, etc, acho que podes ajudar muito.
— É... De assassino e de cherloque todo mundo tem um toque.
— Diz que uma vez usaste um truque pra saber se era mesmo mulher quem escrevia a ti. Como foi?
— Eu estava num amigo oculto e recebi a cartinha duma suposta garota, sempre espirituosa e interessante. Então chegou uma cartinha sua dizendo que sou o mais lindo da empresa, etc. Pensei um pouco e achei que aquilo não era coisa de mulher, e sim de gozador. Amigo oculto, fim de ano, não falta gozador. Então tive uma idéia pra praticamente ter certeza.
— Um ardil.
— Respondi dizendo Mas que raridade encontrar uma mulher assim, tão interessante, que discute um tema intelectual com inteligência, porque mulher é bicho burro, que só pensa em vestido, sapato, compra e falar mal das outras. Então tive certeza de que era homem porque continuou a correspondência normalmente. Se fosse mulher ficaria brava e me chamaria de machista.
 — Hahahaha. Tão simples e engenhoso. Hahahaha. É o tipo de coisa que precisamos neste caso. A única notícia ruim é que não podemos usar os recursos do CSI pra desvendar o caso, por motivo óbvio. Além do mais ainda não assumi o cargo e não és funcionário, apenas uma espécie de consultor.
— Então vamos ao local do crime.
— Já estás contratado como estagiário na empresa de dom X. Quanto a mim, enrolarei vistoriando e reformando alguma parede.
2
Surge Mão Preta
O texto completo em

Um comentário:

  1. Um barato essa série "CSI" tupiniquim. Estou quase tentado a fazer um derivado e inaugurar por aqui um "CSI Itajaí" também.

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