● Na cidade,
em toda parte vemos sorriso. Se olhar na traseira dum carro, sorriso. Na
fachada duma casa ou num muro, mais um ou dois rostos sorridentes. Sorriso de
bigode, sorriso de mulher pícara.. A caixa de correio abarrotada de sorriso.
Mas esta não é a cidade-sorriso, de população alegre e bonachona. Não é
carnaval nem são-joão. São os panfletos e cartazes de candidatos municipais
grassando e sem-graçando na cidade. Todos sorridentes. Sorriso de político, sorriso
de misse. Tão simpáticos, tão amiguinhos. Mas na intimidade, tenhas certeza, ó
leitor, é deboche atrás de deboche. Me dá vontade de vomitar ao abrir a caixa
de correio, ao ver o cartaz na traseira do carro que vai na frente, ao ver a
fachada da casa de seus ingênuos adeptos ou cabos-eleitorais. Se gasta uma
fortuna pra sustentar essa utopia, essa fantasia, essa festa pobre, insossa,
vetusta, brega e chata chamada democracia, baseada no mesário-escravo e no voto
obrigatório. Na fatura do cartão veio um número pra ativar o extrato
eletrônico. Diz que é pra economizar papel. Primeiro que esses diabos sardônicos
economizem papel!
● Concursos de
conto, tão burocráticos, fazem tanta exigência, que mais parecem concurso
público. Concursos industrializados. É muita preguiça e muita folga. Com mais
regulamento que legislação brasileira. Querem tudo formatadinho. Com tantas
páginas, etc.
Concurso de
verdade não tem inscrição e se descobre o talento onde e como estiver. Imagines
se os irmãos Grimm, ao coletar os contos populares, tivessem a mentalidade
desses pseudo-intelectuais que promovem esses concursos de polichinelo.
Exigiriam que o camponês escrevesse em linguagem formal, redigisse em laudas
com tipo tal, tamanho tal, sem serifa, com margens de tamanho tal, com número
mínimo e máximo de páginas e com data limite pra entregar.
Burocratas
travestidos de intelectuais. Estão mais pra madame dona de butique que pra
agentes literários.
Seus
farsantes: Vão tourear pato na Coréia!
● Recebi o
exemplar da segunda edição de O mundo
fantástico de HP Lovecraft, revisada. Agradeço a citação de meu nome no
prefácio e o exemplar extra de brinde.
Lamento que
minha reclamação contra a mutilação que a revisora fez em minhas traduções foi
mantida. O editor concordara em consertar isso. Caso dissesse que manteria a
coisa como estava, que era seu direito, eu então decidiria se compraria o
exemplar da segunda edição.
O que a
revisora fez foi mutilação. Foi combinado com a equipe que só seriam corrigidos
erros de fato, que não se mexeria em
estilo. Cumpri estritamente o combinado mas minha revisora não. A revisora cismou
que uma nota de rodapé minha era coisa pessoal e a excluiu. Noutro texto do
livro, doutro tradutor, outra nota, de mesmo cunho, portanto também pessoal
(nunca vi um escrito que não seja pessoal, a não ser livro técnico) foi
mantida. E foram colocadas notas, que não são minhas, constando como nota do
tradutor, portanto informação errônea.
A revisora
inseriu vícios de linguagem que abomino, contra os quais já postei artigos
criticando o hábito. Então aparece tradução minha com aqueles vícios todos, com
meu nome. Que prato cheio pra meus detratores!
Por isso
renego, refugo, rejeito, reprocho e repudio as duas revisões feitas. Eis as
genuínas:
Bravo, bravo!
ResponderExcluirEsses cretinos gastam toneladas de papel com o sacrifício de milhares de arvores.
Parabens!
Ayres
O único candidato que não aparecia sorrindo era aquele antigo e já falecido que dizia:
ResponderExcluirMeu nome é Eneas!