A
editora Clock Tower nasceu em 2012 a partir do www.sitelovecraft.com que mantenho
desde 2003 na internete. Desde então publicamos em edições bem elaboradas grandes
clássicos do passado muitas vezes ignorados pelas grandes editoras. Infelizmente
essa idéia de trazer livros esquecidos foi copiada por algumas editoras que
apenas têm lucro criando livros não muito bem elaborados. Se não for pedir
muito, por favor, divulgar ao máximo o livro que acabaste de receber, O mundo
sombrio, e a proposta da editora, resenhando em vídeo, blogue, ou postando
foto dele na internete. Isso só ajudará a editora a crescer e a trazer grandes
livros do passado. Mais do que divulgar apenas no facebu (onde as postagens são
efêmeras), peço divulgar em vossas páginas. Acredito que estamos ainda no
começo, tanto que entre setembro e outubro de 2016 começaremos a campanha dum
livro em 2 volumes com obras do grande
Arthur Machen, um dos maiores gênios da ficção de horror, mestre e grande
influência de HP Lovecraft.
Agradeço o apoio e a confiança pelo
qual foi possível esse projeto, desejando uma ótima leitura desse fantástico
livro de Robert E Howard.
Imeio:
de3103@yahoo.com.br
Denílson
E Ricci
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Sobre O mundo sombrio
Após as acertadas escolhas de trazer os contos de Lovecraft
inéditos em português ou reparar os mal traduzidos, e do inédito O rei de amarelo, recebi O mundo sombrio, com novelas de Robert E
Howard, amigo de Lovecraft.
Como de costume, a edição nada perde às grandes editoras. A idéia
de publicar a obra de Arthur Machen é acertadíssima, pois é um dos grandes
autores, grande mestre e iniciado.
Infelizmente não é o caso de Howard.
Quando vi que é o autor das estórias de Conan, o bárbaro,
fiquei com o pé atrás.
Fiquei ainda mais desconfiado quando li a biografia, vendo
um indivíduo imaturo, muito ingênuo e com a cabeça nas nuvens. Ainda pior: Não
se interessava por ciência.
O que vi foi a obra dum maníaco contador de estória que
escrevia compulsivamente, com arte, bom narrador, mas muito longe de ser um
grande autor, muito menos um mestre.
Novelas fantasistas espada-e-magia estritamente
adolescentes, prolixas, estapafúrdias, chatas, pueris.
Numa sala-de-espera vi uma mulher assim. Não parava de
falar. Se alguém contava algo, imediatamente ela contava que algo semelhante
lhe passou. Nunca deixava de contar evento seu como resposta. Era mitômana
compulsiva a ponto de exasperar o ouvinte.
Mesmo sendo amigo de Lovecraft, um imitador das expressões
tétricas, já virando chavão, da ambientação com horror sobre horror, sem a
profundidade e verossimilhança do mestre, caindo num oco arremedo sem essência.
Uma barafunda de estórias pseudoépicas sem pé nem cabeça,
produto duma mente febril, de criatividade transbordante mas sem embasamento. Uma
espécie de Funes de Borges. O que acaba gerando expressões como (erro de
tradução?) Era uma ampla espada
de ferro cuja ampla lâmina estava marcada de modo sombrio.
Ampla espada já fica esquisito. Marcada de modo sombrio é de
lascar.
Pra quem aprecia baboseiras tipo Conan, Henrique Ceramista
(Harry Potter), senhor dos anéis, guerra nas estrelas, as Zimmer Bradley e Anne
Rice da vida e outros tantos, que faça bom proveito. Só perdi tempo lendo a
primeira novela, fraca e oca mas ainda deglutível. As seguintes só consegui
começar. A vida é muito curta pra se ler baboseira.
Mas o leitor pode perguntar: No
quê consiste o mérito do autor?
Estabeleçamos um parâmetro. Poe, Lovecraft e Machen, por
exemplo. Um crítico disse, com toda propriedade, que Poe jamais escreveu o
terror pelo terror, pois era inteligente demais pra isso. O bom autor jamais
escreverá um conto já antecipado com, por exemplo, o rótulo Terror. Os que assim o fazem são os
medíocres. Na vida não há gênero puro. Um evento em nossa vida tem elementos de
comédia, de drama, do quê for, tudo entremeado, e as personagens não têm
natureza maniqueísta. Assim como não é boa idéia decretar Fulano será meu amigo. Alguém se
torna amigo quando há afinidade. É uma conseqüência natural. Ninguém diz Esta será a comida mais gostosa.
As experimenta e a mais gostosa se revela.
A arte do ficcionista é como fazer uma limonada. Existe um
ponto ideal dos ingredientes. Cada um tem seu estilo. Se puser água, limão ou
açúcar a mais a limonada desanda. Um conto tem de dosar bem a realidade, a
ficção e as idéias. O grande autor transmite idéias através da fantasia. Se for
realista demais será um documentário, mas se exagerar na fantasia vira essas
novelas de magos e guerreiros, meramente escapista e divertimento íntimo do
autor.
Vemos nos contos dos grandes mestres idéias científicas que
nos fazem pensar. Através da ficção a todo momento o verossímil assoma,
mostrando a cara e sugerindo algo. Em O
manuscrito encontrado numa garrafa, de Poe, vemos uma alusão à Terra oca. Nos
contos de Lovecraft, Poe e Machen vemos autor revelar nas entrelinhas
conhecimentos ocultistas que os dominadores de nossa sociedade nos escamoteiam.
Os grandes autores nos fazem sonhar, pensar, nos ensinam e não
aborrecem com prolixidade e delírio. Pode delirar a personagem, não o autor.
Se Poe joga xadrez, Howard joga dado.
Que venha Arthur Machen. E que a Clock Tower (eta nome sem graça)
evite autores medíocres, que estão mais pra novela das 8, e não se deixe
sugestionar pela fama.
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