quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Brasil - Histórias, costumes e lendas 17 de 20



Enviado por Márcio Rodrigues


As 17 reproduções em bronze das esculturas rupestres da serra dos Martírios do rio Araguaia
São Paulo, 1974
(Grato ao livreiro Otávio Marcelino)
O rio Paraupava é o rio Araguaia
Já demonstrei que anhangüera não é diabo velho. Sobre a informação seguinte, pode ser que os dois vocábulos se fundiram na lenda, predominando anhangüera. O Anhangüera da lenda é Bartolomeu, o histórico é Francisco. A etimologia Anhangüera, o da turma do diabo, continua valendo.
Mais um esclarecimento sobre a etimologia anhangüera, página 6:
Martírios fica no baixo Araguaia, cerca de 50km a jusante de Xambioá, cidade fundada em 1953 por garimpeiros de cristal-de-rocha, abundante na região. Xambioá era nome duma tribo de índios carajá que ainda no século 19 viviam nessa margem do rio, e é alcançada por rodovia que parte da rodovia Belém-Brasília, em Vanderlândia. O local das esculturas rupestres de Martírios fica numa ilhota, 1km distante do arraial Santa Cruz dos Martírios, na margem esquerda, no estado do Pará. Esse arraial consta de cerca de 100 moradores, sertanejos paupérrimos. Acima de Martírios fica a cachoeira de São Miguel, e, a baixo, a de Santa Isabel, ambas perigosas, dificultando sobremaneira a navegação, aliás rara nesse vasto sertão.
Essa região de Martírios, incluindo a confluência dos rios Araguaia e Tocantins, foi importante em toda a história das bandeiras paulistas. Durante o ciclo Paraupava o rio Paraupava recebia esse nome desde a atual ilha do Bananal até a foz do Amazonas. O rio Tocantins era denominado Iabeberi e finalizava na confluência com o rio Paraupava. Segundo os roteiros de Martírios e as crônicas antigas, não havia ouro nesse local mas sim no vasto sertão que se localizava à esquerda (no mapa ao lado), uma região de serras e morros. Dali a denominação serra dos Martírios. Nessa região, segundo os documentos, os roteiros e as crônicas originados no ciclo Paraupava, se localizavam os índios goiás, araé, bilreiro, poquiguara, turiguara, taquanhuno e inheiguara. Os bilreiro eram os atuais caiapó (gê). Provavelmente também desse grupo eram os inheiguara. Nessa região de Martírios esteve, na fase posterior ao ciclo Paraupava, a grande bandeira de Sebastião Pais de Barros, em 1673. Nessa bandeira deve ter estado Bartolomeu Bueno da Silva (pai), que talvez fora a algum ataque aos índios inheiguara, gente de grande resolução e valor e impacientes de sujeição (padre Antônio Vieira). Talvez numa refrega contra esses índios, Bartolomeu Bueno da Silva (pai) perdeu um olho, então o apelidaram Inheiguara, cuja corruptela deu Anhangüera. Pois o fato de atear fogo à aguardente pra atemorizar os índios não se deu consigo mas com o sertanista Francisco Pires Ribeiro, sobrinho de Fernão Dias Pais, conforme relatou o historiador Pedro Taques.

A lenda da serra dos Martírios

Coleção de cartão-postal de Joanco





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