domingo, 25 de setembro de 2011


Do absurdo que é o inglês como idioma universal
Del absurdo que es el inglés como idioma universal
Mário Jorge Lailla Vargas
Meu primeiro contato com a língua inglesa foi antipatia a primeira vista. Quando, com dez anos de idade, tive o inglês como matéria curricular o entusiasmo logo cedeu a uma desilusão ante essa língua tosca e sem pé nem cabeça.
Mi primer contacto con la lengua inglesa fue antipatía a primera vista. Cuando, con diez años de edad, tuve el inglés como materia curricular el entusiasmo pronto cedió a una desilusión ante esa lengua tosca e sin pie ni cabeza.
No científico eu entregava a prova em branco, espantando a professora, pois ao menos podia jogar no bicho, já que era prova de marcar x.
Nel científico yo entregaba la prueba en blanco, espantando la maestra, pues al menos podía marcar aleatoriamente, ya que era prueba de marcar x.
Alguns pensaram que essa antipatia fosse por causa política, um anti-ianquismo ou anti-britanismo, como o dos argentinos na questão das Malvinas. Não. A língua me repugna, como me repugna tudo o que não tem lógica, não é estruturado coerentemente, como as matérias de ciências humanas.
Algunos pensaron que esa antipatía fuese por causa política, un anti-yankismo o anti-britanismo, como lo de los argentinos en la cuestión de las Malvinas. No. La lengua me repugna, como me repugna todo lo que no tiene lógica, no es estructurado coherentemente, como las materias de ciencias humanas.
Quando vi um trecho dum filme em inglês, onde um casal batia boca, tapei os ouvidos ante aquela cacofonia inconcebível de sons ásperos, desagradáveis.
Cuando vi un trecho de una película en inglés, donde una pareja discutía, tapé los oídos ante aquella cacofonía inconcebible de sonidos ásperos, desagradables.
Até tentei aprender mas logo desistia, pois a didática errada, derivada do entreguismo do governo militar, tendo como modelo o inglês ianque em vez do britânico, é a causa do problema. Didática errada, pois o modelo deveria ser o britânico, sob pena desse tipo de rejeição.
Hasta intenté aprender pero pronto desistía, pues la didáctica errada, derivada del entreguismo del gobierno militar, teniendo como modelo el inglés yanke en vez del británico, es la causa del problema. Didáctica errada, pues el modelo debería ser el británico, bajo pena de ese tipo de repulsa.
O inglês ianque sofreu influência dos colonos holandeses na época de Washington Irving. É característica do holandês pronunciar assim atropelado, sem discernir direito as palavras, muito rápido, elidindo sílabas finais.
El inglés yanke sufrió influencia de los colonos holandeses en la época de Washington Irving. Es característica del holandés pronunciar así atropellado, sin discernir bien las palabras, muy rápido, elidiendo sílabas finales.
Pra quê tanta letra dobrada? Pra quê tanto LL, NN, MM, TT sem necessidade de diferenciação?  Por que collection en vez de coletion? Por que Mississippi? Por que Abbott & Costello em vez de Abot & Costelo? Por que não simplificam?, como foi feito no português.
¿Para qué tanta letra doble. Para qué tanto LL, NN, MM, TT sin necesidad de diferenciación.  Por que collection en vez de coletion. Por que Mississippi. Por que Abbott & Costello en vez de Abot & Costelo. Por que no simplifican?, como fue hecho nel portugués.
Não tem regra de pronúncia, de modo que uma palavra nova não se sabe como pronunciar. Então é um idioma ideográfico, apenas que o ideograma é representado por letras em vez de desenho. É como o X no português e castelhano, só que estendido ao idioma todo. Numa palavra nova não se sabe se o X terá som de ch, cs, ss ou z. Também é tonal como o chinês e o guarani. Tudo isso resulta num idioma bizarro, esdrúxulo.
No tiene regla de pronuncia, de modo que una palabra nueva no se sabe como pronunciar. Entonces es un idioma ideográfico, apenas que el ideograma es representado por letras en vez de dibujo. Es como el X nel portugués y castellano, solo que extendido al idioma todo. En una palabra nueva no se sabe si el X tendrá son de ch, cs, ss o z. También es tonal como el chino y el guaraní. Todo eso resulta nun idioma bizarro, esdrújulo.
Daí aquela pérola do trocando de biquíni sem parar, quando era tocando B. B. King sem parar. Comigo foi assim. Louco pelo ABBA, queria o disco do mais recente lançamento, que era I have a dream. Como não conseguia discernir direito escrevi assim, pra mamãe comprar o disco pra mim: I red a tree. Felizmente o vendedor entendeu.
De eso aquella perla del cambiando de bikini sin parar, cuando era  tocando B. B. King sin parar [La semejanza solo en portugués]. Conmigo fue así. Loco por el ABBA, quería el disco del más reciente lanzamiento, que era I have a dream. Como no conseguía discernir bien escribí así, para mamá comprar el disco para mí: I red a tree. Felizmente el vendedor entendió.
Uma vez vi, numa entrevista no programa Jô Soares 11½, Cacá Rossetti declamar um poema de Cheiquespir num inglês bem britânico. Entendi nada mas soava bem. Achei lindo. Mas nem isso foi suficiente pra derrubar meu preconceito contra o inglês, que continuo achando um idioma horrível, que traduzo xingando e esperneando.
Una vez vi, en una entrevista nel programa Jô Soares 11½, Cacá Rossetti declamar un poema de Cheiquespir nun inglés bien británico. Entendí nada pero sonaba bien. Me pareció lindo. Pero ni eso fue suficiente para derribar mi prejuicio contra el inglés, que persisto considerando un idioma horrible, que traduzco maldiciendo y pataleando.
Mas não estou só. Tenho até Bernard Shaw a meu lado.
Pero no estoy solo. Tengo hasta Bernard Shaw a mi lado.
No livro A aventura das línguas - uma viagem através da história dos idiomas do mundo, de Hans Joachim Störig:
Nel libro La aventura de las lenguas - un viaje a través de la historia de los idiomas del mundo, de Hans Joachim Störig:
Línguas constituídas de palavras indeclináveis, e que expressam o significado da frase mediante a ordem em que estão nas palavras, são chamadas isolantes (cf. Capítulo 12). Com a perda das desinências o inglês se aproximou desse tipo lingüístico. O leigo se admirará ao ler, numa obra de lingüística, com referência ao inglês, a seguinte frase: Tipologicamente pode ser colocado entre o mongol e o chinês.
Lenguas constituidas de palabras indeclinables, y que expresan el significado de la frase mediante la orden en que están en las palabras, son llamadas aislantes (cf. Capítulo 12). Con la pérdida de las desinencias el inglés se acercó de ese tipo lingüístico. El laico se admirará al leer, en una obra de lingüística, con referencia al inglés, la siguiente frase: Tipológicamente puede ser colocado entre el mongol y el chino.
O inglês falado sofreu transformações decisivas (mutações consonânticas) durante sua evolução, às quais não me referi neste capítulo. Atualmente possui não menos que doze enunciados vocálicos e nove ditongos diferentes. Um total de 21 fonemas vocálicos. Como os representar todos na escrita se o alfabeto latino usado pelo inglês possui apenas cinco caracteres vocálicos? Essa é uma das causas do abismo existente entre pronúncia e escrita, que torna o inglês atual difícil de ser aprendido pelo estrangeiro. Praticamente não há regra que permita, a quem está aprendendo, pronunciar corretamente palavras não previamente conhecidas. E o mesmo som pode se apresentar, na escrita, de formas totalmente diversas: O [i] longo aparece em we como e, em bee como ee, em read como ea, em machine como i, em key como ey.
El inglés hablado sufrió transformaciones decisivas (mutaciones consonánticas) durante su evolución, a las cuales no me referí en este capítulo. Actualmente tiene no menos que doce enunciados vocálicos y nueve diptongos diferentes. Un total de 21 fonemas vocálicos. ¿Como los representar todos en la escrita si el alfabeto latino usado por el inglés tiene apenas cinco caracteres vocálicos? Esa es una de las causas del abismo existente entre pronuncia y escrita, que torna el inglés actual difícil de ser aprendido por el extranjero. Prácticamente no hay regla que permita, a quien está aprendendo, pronunciar correctamente palabras no previamente conocidas. Y el mismo son puede se presentar, en la escrita, de formas totalmente diversas: El [i] largo aparece en we como e, en bee como ee, en read como ea, en machine como i, en key como ey.
A ortografia ora vigente remonta ao século 15 e as mudanças na pronúncia, que ocorreram posteriormente, não foram adaptadas. Esse é o segundo motivo pelo qual sound (som, pronúncia) e spelling (escrita da palavra, soletragem) divergem tanto atualmente.
La ortografía ora vigente remonta al siglo 15 y los cambios en la pronuncia, que ocurrieron posteriormente, no fueron adaptados. Ese es el segundo motivo por el cual sound (son, pronuncia) y spelling (escrita de la palabra, soletraje) divergen tanto actualmente.
Existem vários apelos a reforma. Entre eles um, particulamente mordaz, feito pelo escritor Bernard Shaw, que sustentava, por exemplo, que a palavra fish poderia muitíssimo bem ser escrita ghoti, se tomando o som [f] de enough, o som [i] de women e o som [∫] de nation.  Em seu testamento legou considerável soma a quem conseguisse criar um alfabeto capaz de escrever a língua inglesa fonética e inequivocamente. Nasceu assim um shaw alphabet de 49 letras, ou seja, o dobro do latino. Outra tentativa, denominada ITA (initial teaching alphabet), se contenta com 44 letras. Ambos alfabetos são usados em experimentos pedagógicos com classe de principiante. Um terceiro sistema foi proposto em 1959, por Axel Wijk.
Existen varios pedidos de reforma. Entre ellos un, bien mordaz, hecho por el escritor Bernard Shaw, que sustentaba, por ejemplo, que la palabra fish podría muchísimo bien ser escrita ghoti, se tomando el son [f] de enough, el son [i] de women y el son [∫] de nation.  Em su testamento legó considerable suma a quien consiguiese criar un alfabeto capaz de escribir la lengua inglesa fonética y inequívocamente. Nació así un shaw alphabet de 49 letras, o sea, el doble del latino. Otro intento, denominado ITA (initial teaching alphabet), se contenta con 44 letras. Ambos alfabetos son usados en experimentos pedagógicos con clase de principiante. Un tercero sistema fue propuesto en 1959, por Axel Wijk.
É digno de reflexão e de espanto o fato de que uma língua com ortografia tão complicada e arcaica atingira a posição de idioma universal.
 Es digno de reflexión y de espanto el hecho de que una lengua con ortografía tan complicada y arcaica atingiera la posición de idioma universal.
[negrito meu]
[negrito mío]

4 comentários:

  1. Você falando tanta asneira sobre a língua inglesa faz até parecer que português tem mais sentido... É só analizar os artigos em nossa língua pra ver. As palavras leite, garfo, banana e faca por exemplo. Por que leite e garfo são masculinos e banana e faca são femininas? Por acaso as coisas, comidas, cores, etc. tem sexo? Isso faz algum sentido? NÃO! Tem também as palavras duais tais como lápis e óculos. Ora, por essas palavras são plurais mesmo quando se referem a uma coisa só? Por que não falar "lápi" ou "óculo"? Afinal ninguém escreve com dois lápis e nem usa dois óculos na cara!

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  2. Olhe esse trecho de "A Gramática da Emília" de Monteiro Lobato:
    "Havia muita coisa a ver no bairro dos Substantivos, e por essa razão todos protestaram quando Emília falou em visitar as INTERJEIÇÕES.
    — Espere, bonequinha aflita! — disse Quindim. — Ainda há muito pano para mangas aqui. Vocês ainda não observaram que estes Senhores Nomes estão divididos em dois géneros, o MASCULINO e o FEMININO, conforme o sexo das coisas ou seres que eles batizam. Paulo é masculino porque todos os Paulos pertencem ao sexo masculino.
    — Mas... E panela? — advertiu Emília. — Por que razão panela é nome feminino e garfo, por exemplo, é masculino? Panela ou garfo têm sexo?
    — Isso é uma das maluquices desta cidade — respondeu o rinoceronte. — Já em Anglópolis não é assim. Há lá mais um gênero, o GÉNERO NEUTRO, para todas as palavras que designam coisas sem sexo, como panela e garfo.
    — Coitados dos ingleses que se mudam para o Brasil! — advertiu Pedrinho. — Imaginem a trabalheira para decorar o sexo de milhares de palavras indicativas de coisas que. . . não têm sexo!"

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  3. E as chamadas "nomenclaturas rebarbativas"?
    "os senhores gramáticos são uns sujeitos
    amigos de nomenclaturas rebarbativas, dessas que deixam as crianças velhas antes do tempo. Por isso dividem as palavras em OXÍTONAS,
    PAROXÍTONAS e PROPAROXÍTONAS, conforme trazem o Acento Tônico na última Sílaba, na penúltima ou na antepenúltima.
    — Nossa Senhora! Que "luxo asiático"! — exclamou Emília. — Bastava dizer que o tal acento cai na última, na penúltima ou na
    antepenúltima. Dava na mesma e não enchia a cabeça da gente de tantos nomes feios. Proparoxítona! Só mesmo dando com um gato morto em cima até o rinoceronte miar. ..
    — E há mais ainda — disse Quindim. — As pobres palavras que têm a desgraça de ter o acento na antepenúltima sílaba, quando não
    são xingadas de Pro-pa-ro-xí-to-nas, são xingadas de ESDRÚXULAS. As palavras Áspero, Espírito, Rícino, Varíola, etc, são Esdrúxulas.
    -— Es-drú-xu-las! — repetiu Emília. — Eu pensei que Esdrúxulas quisesse dizer esquisitas.
    — E pensou certo — confirmou o rinoceronte. — Como na língua portuguesa as palavras com acento na antepenúltima não são muitas, elas formam uma esquisitice, e por isso são chamadas de Esdrúxulas.

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  4. Para o sujeito que comentou em 28 de setembro de 2011, às 14:36. Garfo, leite, faca e banana não têm sexo, mas sim gênero, e gênero é diferente de sexo e entender esta diferença exige capacidade de abstração, e tal dificuldade demonstra a indisposição para uma discussão em termos amigáveis. As palavras cujo plural é marcado pelo flexão do artigo: os ônibus, os óculos; são palavras consideradas de plural latente. Acho que vocês precisam de maior embasamento teórico do que uma simples leitura de Monteiro Lobato.
    E creio que o inglês se mantém como um idioma considerado universal não apenas por questões econômicas e colonialistas, como também por ser um idioma de estrutura muito simples, beirando a tosquice, ou seja, por isso é o idioma preferido dos publicitários e daqueles que redigir uma legenda de filme, conseguem nomeações do maia para o inglês, a exemplo do que ocorreu no filme apocalypto, onde os personagens tiveram os noves traduzidos para Jaguar Paw, Sky Flower, Turtle Runs e daí por diante, ou seja, nada mais do que um reforço da aceitação do domínio não apenas econômico, como agora também linguístico, imposto pelos países de língua inglesa.

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