Ética, competência e tal nas traduções, ilustrações e
crédito em geral
Repostando conexão caída deste soberbo conto de Poe, com nova revisão e mais notas-de-rodapé. Muito copiado na rede, mas sem as notas.
Uma sátira a Eua. Aqui se entende o porquê de Poe não ser então muito reconhecido em seu país. Já em 1845 Poe percebeu que seu país não era boa coisa.
Um crítico
afirmou que pela circunstância de sua vida Poe foi impedido de escrever texto
longo, e também humorístico. Duas afirmativas falsas.
O conto acima
é um exemplo de impiedosa sátira a seu país, o que pode explicar ter sido
somente no estrangeiro.
Lendo o conto
topei num trecho que ficou estranho e desconfiei de problema de tradução. Então
procurei o original em inglês pra elucidar o trecho e vi que se tratava de
trocadilho e que o tradutor, talvez na pressa e por não ter esse poderoso
recurso de pesquisa que é a internete, passou varrendo. Esse e mais pus no
texto em nota de rodapé.
É comum
encontrar problemas assim. Quando encontro um trecho estranho logo desconfio de
erro de tradução. Às vezes aparece uma palavra, por exemplo, eventualmente meio deslocada e já
percebo que traduziram eventually a enventualmente, o que é um erro. Até o
tradutor automático Globalink comete esse pecado.
Por isso o
fenômeno de se ler um texto em duas traduções diferentes e constatar
discrepâncias tão grandes. Foi com o mesmo espanto que comparei algumas réguas
escolares e vi que as discrepâncias dos centímetros era enorme.
Já comentei aqui
as aberrações de traduções de Lovecraft ao castelhano: Por exemplo, em A noite oceânica um trecho onde a
personagem, hospedada numa casa sobre uma duna, saiu da casa e desceu a duna.
Isso fica bem claro no original inglês. Mas na tradução castelhana diz que
rumou ao sul. No mesmo conto a escuridão foi se infiltrando na casa pelas
frestas e foi traduzido como a areia se infiltrando. No conto O sabujo um inteiro trecho
descritivo duma revoada de morcego onde foi simplesmente omitido. Estes três
exemplos dão idéia clara do problema que é a tradução relaxada.
Ao cadastrar
os contos de livros e das revistas X-9,
Meia-noite, Policial em revista, Suspense,
Ellery Queen mistério magazine,
constatei o pouco caso em registrar os créditos. Raramente se vê o nome do
tradutor. Ainda mais raro o do ilustrador. Mais raro ainda o título original.
Em não poucos casos não aparece o nome do autor!
Nos quadrinhos
também é raro o nome do roteirista, desenhista e autor da história.
Outro setor
problemático é o das legendas de filme. Além dos erros e do desleixo não se
atenta ao fato de que a leitura precisa ser rápida, portanto a legenda tem de
ser objetiva, concisa, abreviada e curta. Números em vez de por extenso, omitir
repetição e redundância, e evitar palavras e expressões supérfluas.
É urgente
sairmos desta idade da pedra editorial, adquirirmos postura mais adulta e
responsável. Uma tradução relapsa, um escaneio ruim, uma informação presumida,
tudo isso é um serviço negativo, um desserviço, pois outro o deixa de fazer porque
vê que já foi feito, sem perceber que foi mal-feito. O ruim impede o bom de
nascer. É assim que preconceitos, estereótipos e erros se perpetuam: Muitas
vezes uma informação errada, por ser única, é copiada. Então uma pesquisa acha
muitas fontes mas todas copiadas duma original errônea. É assim que se pensa
que guavira é guabiroba e que cajá é cajá-manga, por exemplo.
Mas nesse mar
de incompetência e picaretagem aparecem paladinos para ordenar o caos.
Muito
interessante a lista das edições não recomendáveis e, nos comentários, sobre
professores que recomendam obras plagiadas e ou as utilizam em seus cursos.
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