A língua esculhambada
Quem não simplifica se complica
● Afirmação
negativa Naquela
noite não houve senão ruídos esparsos à Naquela noite
só houve ruídos esparsos.
É feio e
embolado afirmar assim, atravessado.
● Excesso de
preposição O
guarda fica sempre por perto à O guarda fica sempre perto
Se infiltrou por
entre as árvores
Passou por
cima da copa à Passou sobre
a copa
Entrar para a
universidade à Entrar à universidade
● Excesso de
artigo O
meu tio levou a visita às suas fazendas à Meu tio levou as visitas a suas fazendas
Diante de
pronome não vai artigo. Por isso é errado o meu, o seu, o teu, os teus...
Por isso é
errado pôr crase: Mauro
levou a presente à sua mãe, porque, decompondo: À sua = até a sua: Artigo
diante do pronome.
A exceção é
quando o pronome estiver no final da frase: Beraldo dá toda facilidade aos seus.
● Redundância Decidir se
viajará ou não à Decidir se viajará = Decidir se não viajará. Escolher
a forma mais simples: Decidir
se viajará.
● Múltipla
negação Não
fez nenhuma tentativa à Não tentou
● Excesso de
operador lógico Ou vai ou fica
É um vício
comum. Na tentativa supérflua de se avisar que a frase será condicional. Não se
escreve E eu e Maria.
● Redundância
afirmativa O
que é que aconteceu? à O que aconteceu?
● Erro de
operador lógico Nem
um nem outro à Não um nem outro
A expressão,
muito carregada, Não
conseguiu nem negociar, nem suspender, nem desistir, simplificada: Não conseguiu
negociar, suspender nem desistir.
● Frase
fantasma Eu
agora estou aqui.
Assim como na
matemática, toda expressão deve ser simplificada. Apresentar um resultado como
abxby na álgebra ou 8/4 na aritmética seria um desleixo, também na gramática
devemos simplificar a expressão.
Falei, cá
comigo, por que motivo foi que não me dei conta de que titio veio a óbito
à
Pensei
por quê não percebi que titio morreu
É comum de
carregar muito a frase com palavras supérfluas, por vício, afã de enfatizar ou
desleixo. Longas frases muito emboladas, redundantes, cheias de firula ficam
pequeninas após simplificadas. Eis um exemplo de frase que desaparece, pois de
tão óbvia é supérflua:
Eu agora estou
aqui
Estou só pode ser eu. Simplificando:
Agora estou
aqui
Estou só pode ser agora. Se fosse passado seria estava. Se futuro estarei.
Estou aqui
Mas só posso
estar aqui. Não faz sentido dizer Estou ali, Estou lá, Estou aí.
A frase não
existe.
Não é
necessário tanta sabedoria e inteligência pra simplificar uma frase. Basta ler,
reler e raciocinar.
● Referência
confusa Várias
vezes ele parecia encontrar a luz mas algum obstáculo desconhecido o fazia
retroceder.
Aqui temos o ele, referente a uma quarta pessoa, e em
seguida, se referindo à mesma pessoa foi usado o. Na segunda pessoa o pronome deve permanecer oculto, aparecendo
apenas às outras pessoas. A frase ficaria assim: Várias fezes parecia encontrar a luz
mas algum obstáculo desconhecido o fazia retroceder.
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