quarta-feira, 25 de junho de 2014

● Gafe engraçada: O locutor Boechat, no Jornal da Band, 13.06.2014: ...Laranja mecânica, como chamavam a clássica seleção holandesa dos anos 80...
É de 1974
Na mesma semana e canal, um jogador brasileiro, falando sobre sua vida em 2013: ...Muitos não conseguiram se manter mas eu consegui se manter.
Se cobram tanto magreza e movimentação física de intelectuais, por que não cobram cultura dos desportistas?
● Incrível como os narradores desportivos não sabem a diferença entre argelino e argeliano. Saint-Germain se pronuncia sén-germén, e não sã-germã. Claro que não têm obrigação de pronunciar corretamente outro idioma mas deveriam ter a curiosidade de saber, pra mostrar aos telespectadores (ainda mais que esse Saint-Germain, São Germano em francês, é muito citado. Imaginem o Umeå). Mas infelizmente sofrem de síndrome de Brotoeja, só enxergam bola. Vivem num mundo hiper-especializado, onde a cultura... bem... nem sabem o que é. Alguém comentou que neste ano não tem uma música-tema da seleção canarinho, e o comentarista, no meio do jogo disse que jogo se ganha assim, não com musiquinha! E o cara é admirador do Obama! Esse é o nível intelectual e cultural desses caras. Esses caras desjejuam, almoçam, lancham e jantam futebol, com isso ficam monotônicos, num mundo muito pobre. Que bom, pra eles, que são felizes assim, em seu mundo desértico, rochoso e cheio de tempestade de areia, com a qual se divertem muito, se profissionalizam dissecando o fenômeno em todos os ângulos. E isso é o que é ruim, o extremismo. Tudo o que é exagerado é veneno. A vida consiste na variedade, um pouco de tudo, apenas predominando seu gosto, tendência.
É uma pena que não tenhamos uma música-tema. Mas seria de se esperar nesta época de baixa cultural, com humorismo decadente, música pífia, carnaval chocho... Tudo é cíclico. Estamos numa fase de baixa.
Não sou fanático anti-desportivo. Um gol trabalhado, plástico, é arte. Muito diferente da hiper-valorização que se dá ao atletismo, muito diferente da vitória a todo custo, do formalismo e protocolismo, que já foge às raias da bestialidade e da brutalidade.
Não devemos virar patrulheiros ideológicos, torcendo o nariz até pra criança que festeja colecionar figurinha da cororopa. Se é verdade que é um desporto pra imbecil, não quer dizer que quem gosta seja imbecil. É como a cerveja: Os inteligentes saboreiam, compram as de qualidade. Os burros tomam até vomitar, mesmo as piores.
A verdade é que se não fosse o futebol veríamos lutas religiosas. Que seja o futebol, então.
Se pode bater no peito, chamar campeão, aquele que mostra superioridade indiscutível, como a seleção de 1970. Que se enfrentar um adversário dez vezes ganha dez vezes. Ganhar por circunstância, por dependência dum craque, por erro de juiz, por penal, etc, é comemorado por imbecil. É mais um resquício do formalismo e protocolismo.
Mas o que se pode esperar se até hoje o sujeito que dribla o adversário é caçado e quebrado, e o agressor diz que futebol é jogo pra macho?!
● O que sustenta a grande mentira de que esporte (na verdade se trata de desporto) é saúde é a grande indústria, tanto de material desportivo quanto a do estado-espetáculo, as fifas da vida. Correr 90 e tantos minutos naquele campo gigante, sob sol ou neve, é saúde?
Os caras que jogam em fim de semana vivem se quebrando, arrebentando joelho. Sem falar que aguardam o final pra se encher de cerveja. Isso é saúde?
Aqui, seja na praça do Papa ou no Belmar Fidalgo, se vê muitos ingênuos em caminhada, achando que estão a caminho da saúde. Observei que só tem obeso ali. Que saúde arranjarão andando, pra chegar em casa famintos e comerem em dobro? E sacrificando os joelhos, que têm de sustentar todo aquele sobrepeso!
● Por que tanta burocracia? Os times deveriam ter ilimitado direito de trocar jogador. Entrar, sair, voltar. Assim seria menos brutal. Não se torraria ao sol. Por que esse formalismo estreito, estrito e tacanho de dispor dum número exíguo de substituição? Excesso de burocracia. Regras inventadas por anciãos caducos que nunca jogaram e não sabem o sacrifício que é.
Também não deveria existir posição fixa. Deveria ser como no vôlei, rodando. Todo mundo joga em todas as posições, mesmo de goleiro. Então sim, se um tal é craque, seria craque mesmo, não craque só numa posição.
● O ideal não seria pôr Neto como treinador da seleção canarinho? Por que pôr os técnicos tradicionais por que não os comentaristas que acertam todas?
● Alguém se lembrou de são João? Agora só o padroeiro dos futebolistas (que deve ser algum santo coxo ou perneta).
● Será mesmo preciso parar tudo nos jogos da pátria de chuteira? E se a cororopa ficar igual os campeonatos daqui (todos jogando contra todos, como deveria ser), ficaremos parados o ano inteiro? Por que o Carnaval não dura o mesmo tanto?
● Antes era só a seleção canarinho. Então tudo estava centralizado nela. Era o representante do país. Mas hoje tem juvenil, júnior, sub-20, sub-17, sub-isso, sub-aquilo, salão, olímpica, para-olímpica, feminina... Como os canais de tevê, que são tantos. Sem falar em vôlei, basquete, rendebol...
● Após a cororopa é preciso refletir. Valeu a pena sediar? Que seja feita análise profunda, por gente que entende de economia e assuntos afins. Não impressões, opiniões leigas, estereótipos e sofismas. Fazer o balanço.
Por exemplo: Estudos matemáticos demonstraram que alargar as pistas e ou abrir novas não necessariamente desafoga o engarrafamento de tráfego. Comumente ocorre o oposto.
Como na lenda do tabuleiro de xadrez, onde o prêmio ao inventor é 1 grão de trigo no primeiro quadrado, 2 no segundo, 4 no terceiro, e ir dobrando até o 64º quadrado. Nosso senso comum imagina um valor de apenas centenas de grãos essa soma, quando na realidade é um número astronômico, uma produção de trigo de milhões de anos.
Outro sofisma comum é o do tipo: O time A sofre um pênalti e o juiz não dá. Em seguida o time A marca um gol. Então o comentarista brada contra o erro e diz que se o juiz desse o penal o jogo estaria em 2x0. Isso é falso. Poderia estar 2x0, mas não necessariamente. O jogo, como toda a realidade, é uma reação em cadeia. Se o juiz marcasse o penal isso levaria a uma distribuição diferente dos jogadores, a outro ramo da cadeia de evento, o cobrador do penal marcando ou não o gol. Poderia sair outro gol mas não aquele que foi marcado. A cadeia de evento poderia ser de modo que o cobrador errasse, levando a um desânimo, e o time A levando um gol e perdendo o jogo. Então o que pareceu uma justiça acabou sendo um castigo. Portando o raciocínio do narrador do jogo é um sofisma, um raciocínio condicionado, simplista, que nosso senso comum comumente nos leva.
Em matemática elevar ao quadrado e tirar a raiz quadrada, diferente do que imagina o senso comum, não é o mesmo que tirar a raiz quadrada e elevar ao quadrado. Assim (lembrar que |x| é módulo de x, valor absoluto):
(x½)2 = x
 (x2)½ = |x|
(não só quadrado, mas a todo expoente par. Por exemplo, 4 e ¼, 6 e 1/6...)
Assim a derivada de x (claro, em relação a x) é 1. A derivada de |x| é |x|/x (ou x/|x|, que é o mesmo)  (que é, em notação inadequada, ±1).

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