segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A casa do gato cinzento

Uma raridade da editora Monteiro Lobato, São Paulo,1925, volume 2 da coleção Biblioteca da rainha Mab. Contos. Mas na verdade alguns são crônicas. A fase inicial do famoso autor de O bloco das mimosas borboletas.

Dois exemplos da ortografia da edição. Já falei sobre o vocábulo exquisito no sentido de fino, delicado, requintado, que existe na língua portuguesa, não só no castelhano, como se vê no segundo exemplo, e que os ignorantes levaram ao desuso exatamente como fazem com experto, que é perito, especialista, conhecedor.
Não, senhores. Exquisito não é vocábulo só do castelhano.

Já falei sobre o vocábulo tamandaré, que é nome de avenida, que veio do nome do histórico marquês, que veio do nome do noé tupi. Tamandaré é o herói do dilúvio na tradição tupi-guarani.
Quem sabe o quê é trípoli? Eis a definição num dicionário castelhano, da RAE, e num português, Michaelis, respectivamente. É difícil achar pesquisando no Google. O nome da capital líbia veio de:
Trípoli: [geologia] Rocha silícea facilmente pulverizável, usada pra polir vidro, metal e pedra dura, e que mesclada a nitroglicerina serve pra fazer dinamite.
Trípoli: [geologia] Rocha sedimentar constituída por material silicoso e diatomácea, da qual se obtém pó áspero e abrasivo usado pra polir mármore, gema, vidro, metal etc. Farinha-fóssil, terra-de-infusório, terra silícea, trípole, tripolita.

O filme é sobre Susana. Susana herdou um casarão duma tia dela.
Qual o problema nesta sentença?
Além de deselegantemente repetir o nome seguidamente, na segunda frase a referência é novamente Susana, mas a tia é duma quarta pessoa não mencionada. A 1ª pessoa é o escritor, a 2ª o leitor, a 3ª é Susana. Então teria de dizer tia sua. Mas é supérfluo dizer de quem é a tia, pois está subentendido.
A redação fica melhor assim:
O filme é sobre Susana, quem herdou um casarão duma tia.

A tragédia de Gugu Liberato me sugeriu duas reflexões. Um iutubeiro comentou o pra-quê juntar tanto dinheiro se a qualquer momento se pode escorregar no banho e bater a cabeça, como um vizinho nos anos 1970, a quem mamãe apelidava Barão. Isso já é velho e surrado. Eu perguntaria pra quê político roubar tanto, se há muito essa classe sem-classe solapa o próprio ambiente. Se viajar é como visitar o xópim, tudo igual, padronizado. A comida não tem sabor, mais envenenada que a água. Até os espetáculos são forjados especialmente pro turista. Mesmo na Espanha é um escândalo a falsificação do azeite de oliva, do atum vermelho (corante), da carne de boi (que é de vaca), do pão rústico e do integral. A saturação turística de BarcelonaTudo igual, falsificado, sem sabor. O sujeito tem tantas fazendas. Quais aproveita?
Quando daqueles incêndios na Califórnia incinerando até casa de celebridade, fiquei pensando no quê havia de errada na história (ou estória). Como incêndio pode se alastrar assim feito rastilho de pólvora. Mas eis que alguém contou como são as casas ianques. Paredes de papelão, gesso, sei-lá. Só uns tijolos na beira, pra decorar. Por isso naqueles filmes qualquer martelada fura a parede e os policiais arrombam a porta com o ombro. O piso do sótão de Gugu é como nossos telhados de eternite fina, que se pisar fora da linha de parafuso afunda.



Essa peça do tubo-de -exaustão do ar-condicionado portátil Schulz parece projetado especialmente pra ser um porta-guampa de tereré





Como os gatos brincam e tiram a peneirinha que eu punha no ralo da pia e do tanque, a solução foi pôr válvula de garrafa de uísque ou vodca. Também parece que têm projeto específico pra isso.

Um brinde em casa de Ramão

Coleção Cartão-postal de Joanco




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