Uma raridade
da editora Monteiro Lobato, São Paulo,1925, volume 2 da coleção Biblioteca da rainha Mab. Contos. Mas na verdade alguns são
crônicas. A fase inicial do famoso autor de O
bloco das mimosas borboletas.
Dois exemplos
da ortografia da edição. Já falei sobre o vocábulo exquisito no sentido de fino, delicado, requintado, que
existe na língua portuguesa, não só no castelhano, como se vê no segundo
exemplo, e que os ignorantes levaram ao desuso exatamente como fazem com experto, que é perito, especialista, conhecedor.
Não,
senhores. Exquisito não é vocábulo só
do castelhano.
Já falei
sobre o vocábulo tamandaré, que é
nome de avenida, que veio do nome do histórico marquês, que veio do nome do noé
tupi. Tamandaré é o herói do dilúvio na tradição tupi-guarani.
Quem sabe
o quê é trípoli? Eis a definição num
dicionário castelhano, da RAE, e num português, Michaelis, respectivamente. É difícil
achar pesquisando no Google. O nome da capital líbia veio de:
Trípoli: [geologia] Rocha silícea
facilmente pulverizável, usada pra polir vidro, metal e pedra dura, e que
mesclada a nitroglicerina serve pra fazer dinamite.
Trípoli: [geologia] Rocha sedimentar
constituída por material silicoso e diatomácea, da qual se obtém pó áspero e
abrasivo usado pra polir mármore, gema, vidro, metal etc. Farinha-fóssil,
terra-de-infusório, terra silícea, trípole, tripolita.
O filme é sobre Susana. Susana herdou
um casarão duma tia dela.
Qual o
problema nesta sentença?
Além de
deselegantemente repetir o nome seguidamente, na segunda frase a referência é
novamente Susana, mas a tia é duma quarta pessoa não mencionada. A 1ª pessoa é
o escritor, a 2ª o leitor, a 3ª é Susana. Então teria de dizer tia sua. Mas é supérfluo dizer de quem é
a tia, pois está subentendido.
A redação
fica melhor assim:
O filme é sobre Susana, quem herdou um
casarão duma tia.
A tragédia
de Gugu Liberato me sugeriu duas reflexões. Um iutubeiro comentou o pra-quê
juntar tanto dinheiro se a qualquer momento se pode escorregar no banho e bater
a cabeça, como um vizinho nos anos 1970, a quem mamãe apelidava Barão. Isso já
é velho e surrado. Eu perguntaria pra quê político roubar tanto, se há muito
essa classe sem-classe solapa o próprio ambiente. Se viajar é como visitar o
xópim, tudo igual, padronizado. A comida não tem sabor, mais envenenada que a água.
Até os espetáculos são forjados especialmente pro turista. Mesmo na Espanha é
um escândalo a falsificação do azeite de oliva, do atum vermelho (corante), da
carne de boi (que é de vaca), do pão rústico e do integral. A saturação
turística de Barcelona… Tudo
igual, falsificado, sem sabor. O sujeito tem tantas fazendas. Quais aproveita?
Quando
daqueles incêndios na Califórnia incinerando até casa de celebridade, fiquei
pensando no quê havia de errada na história (ou estória). Como incêndio pode se
alastrar assim feito rastilho de pólvora. Mas eis que alguém contou como são as
casas ianques. Paredes de papelão, gesso, sei-lá. Só uns tijolos na beira, pra
decorar. Por isso naqueles filmes qualquer martelada fura a parede e os
policiais arrombam a porta com o ombro. O piso do sótão de Gugu é como nossos
telhados de eternite fina, que se pisar fora da linha de parafuso afunda.
Essa peça
do tubo-de -exaustão do ar-condicionado portátil Schulz parece projetado especialmente
pra ser um porta-guampa de tereré
Como os
gatos brincam e tiram a peneirinha que eu punha no ralo da pia e do tanque, a
solução foi pôr válvula de garrafa de uísque ou vodca. Também parece que têm
projeto específico pra isso.
Coleção Cartão-postal
de Joanco
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