Edição em português dessa editora de Santiago do Chile. Má revisão,
diagramação tosca, letras mais toscas ainda, gramática ainda pior. Fica evidente
que a tradução foi feita por quem não domina muito o português, pois muitas
palavras ficaram em castelhano, além doutras erradas mesmo. Postei também o
escaneio bruto, pra quem quiser comparar.
Diz que Príncipe
Valente é um quadrinho muito fiel à verdade histórica, produto de muita
pesquisa histórica. Só se for quanto ao vestuário medieval e outras
características. Mas não acredito muito, pois já começa no estereótipo no tempo do rei Artur. Rei Artur
medieval? No capítulo 1, Tintagel e a
távola redonda, volume 2 Cidadelas do
mistério (Citadels of mystery), 2
volumes, Francisco Alves, 1977, L Sprague de Camp & Catherine C de Camp dissecaram
a fantasia e estereótipo em torno dessa personagem, o dom-sebastião inglês. Como
no caso de Leonardo da Vinci e de Jesus, é tudo obra de romancista gerando
estereótipos. Parece que os romancistas são os maiores deformadores dos fatos
históricos.
Vejamos trechos finais do ensaio:
[…]
O local de
Camelote é desconhecido. Malory disse que era Uinchéster, onde a dita távola
redonda está dependurada perto do grande porto sulista de Sul-Ramptão. Mas outros
localizaram Camelote na Cornualha, em Somersete ou Gales.
Quanto à
távola redonda em Uinchéster, não remonta além do século 12, e foi
primeiramente pintada no atual padrão em ~1520. Henrique VIII a mandou pintar
com as cores dos Tudor prà mostrar ao imperador Carlos V, quando o solene
habsburgo o visitou. De forma que a távola redonda é falsa antigüidade, valiosa
pelo próprio mérito.
Uma távola
redonda pra sentar 150 pessoas, como assevera a lenda da mesa de Artur, precisa
ter ao menos 40m de diâmetro. Seria uma peça mobiliar das menos práticas. Parece
que Eduardo III e Felipe VI perceberam, pois nunca completaram cada um sua
távola nem o salão.
[…]
Em Geoffrey de
Monmouth e em todas as versões medievais posteriores da estória arturiana, a
Inglaterra do século 5 está cheia de duques e condes, pajens e escudeiros,
séculos antes do sistema feudal existir. Rei Artur mantém um corpo de cavaleiro
600 anos antes da cavalaria nobre ser inventada. Estátuas, pinturas e filmes
mostram esses cavaleiro se movendo estrondosamente nas armaduras de aço encimados
por elmos crestados com viseiras móveis 800 anos antes das armaduras desse tipo
serem usadas. Na verdade nos séculos 5 e 6 os guerreiros europeus ocidentais
usavam muito pouca armadura. O que tinham consistia em simples chapéu de aço,
camisa de malha ou escama de aço.
Colocar a
Inglaterra de Artur com feudalismo, cavalaria nobre e armadura é como descrever
o contemporâneo de Geoffrey, rei Ricardo Coração de Leão, como tendo sido
psicanalisado, dado entrevista coletiva à imprensa e partido à terceira cruzada
com tanques e aviões, pois o tempo de Ricardo está só um pouco mais longe de
nós do que Artur estava de Geoffrey.
[…]
Em suma: A
Inglaterra arturiana não é um mundo real. É poderosa província do continente da
imaginação. Mas reconhecendo isso podemos nos deleitar com essas belas lendas
da mesma forma que o podemos fazer com outra obra-prima de ficção.
No texto,
aço entender ferro, pois foi em 1856 que se descobriu como produzir aço.
Uma descrição moderna da Irlanda, uma das ilhas britânicas
Dã?!
A Grã-Bretanha
não inclui a Irlanda.
Em 1801,
ao incorporar a Irlanda, se denominou reino
unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tal qual em dezembro de 1815 o reino unido de Brasil, Portugal e Algarves.
Em 1921 se tornou reino unido da Grã-Bretanha
e Irlanda do Norte.
Britânia
é a ilha principal, onde estão Escócia, Gales e Inglaterra.
Inglaterra
(Britânia)
Grã-Bretanha
Reino
unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Bretanha
Já comentei
o erro no hino corintiano e dos comentaristas desportivos ao chamar o futebol
de esporte bretão em vez de desporto britânico. Em O pulo-do-gato, volume 1, Márcio Cotrim
cometeu a mesma gafe. O bizarro é que é um livro sobre etimologia!
Coleção Cartão-postal
de Joanco
Nenhum comentário:
Postar um comentário