domingo, 19 de janeiro de 2025

 Adeus, Xucrinho

Xucrinho, 08.01.2025, câmera 1

Xucrinho, 08.01.2025, câmera 2

Xucrinho, 08.01.2025, câmera 3

O ataque captado pelas três câmeras

Ataque brutal. Cena forte.

 

Pneu à rua, 10.01.2025, câmera 4

Os onipresentes folgados de sempre

Xucrinho apareceu no quintal, como Bicão. Ambos pareciam ariscos, mas logo ganhei a confiança. Uma briga contra Mancha Negra, ambos no cio, logo antes de castrar, ressoou batendo no portão-de-elevação. Na noite seguinte o vi deitado cum inchaço grande sangrante ao lado do ouvido esquerdo. O veterinário tratou e castrou. Era inflamação no ouvido, que vazou. A cada curativo se escondia. Já curado, eu molhava as plantas, quando se esfregou em minhas pernas. Pensei que não era muito afetuoso. Mas eis o reconhecimento!

Muito passeador, ia aos vizinhos ganhar petisco. Ficou mui popular na rua porque era bonito, peludão, creio que da raça meinecum (inglês maine coon), com aquela barbicha lateral à Isaac Asimov que dava uma cara de lince. A netinha da vizinha ao lado o batizou Chicão. Pois agora é Chicão! Onde se viu um marmanjo desse ser Xucrinho?

Mui gentil e manso, nunca avançava na comida dos outros nem estranhava gatinho novo. Ficava esperando a vez me olhando. Costumava dormir em meu quarto, arranhando a porta pra entrar. Dormia tanto na cama quanto no alto duma pequena estante-de-livro.

No final de 2023 andou sumido, percorrendo as casas vizinhas, indo mais longe, abrangendo toda a quadra. Notei que estava com o pêlo feio, parecendo sujo. Estava com infecção bucal e aides felina, tendo de extrair os dentes, ficando só as presas.

Se recuperou bem e ficou mais caseiro. Bom..., menos rueiro. Foi só garantir sua carne moída, e no máximo atravessava a rua pra sonecar na calçada.

Pois foi sonecando na calçada que foi apanhado. Talvez por estar velho e dorminhoco, pois o cão chegou lento. Se atento, como os outros, fugiria logo. Ou se preferisse sonecar no lado interno…

Mas tenho de encarar com naturalidade o fato de que gato passeador é como esportista radical, iutubeiro de beira de abismo, andarilho solitário. São mui propensos a desaparecer ou aparecer morto.

Creio que meia hora depois Xucrinho estava deitado na soleira da sala respirando ofegante. Conseguiu entrar andando. Pensei em atropelamento. O veterinário constatou ataque canino: Um furo na barriga e suspeita de fratura na mandíbula, perda de uma presa. Parecia se recuperar. Mas não resistiu porque o pulmão foi perfurado.

O dono do cão o abandonou à sorte

João sumiu mesmo. Como Zezinho e a mãe Branca-de-neve. Todos passeadores.

A única travessura foi pular ao fogão sobre a chapa de churrasquear, pulando logo fora. Pus o dedo. Quente mas já esfriada, não suficiente pra queimar.

Valeu!, Xucrinho. Quero dizer, Chicão. Foi ótimo conviver cum gato tão gente-fina.

Agora o dono do cão ao tribunal

 

Coleção Cartão-postal de Joanco

 







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