Xucrinho,
08.01.2025, câmera 1
Xucrinho,
08.01.2025, câmera 2
Xucrinho,
08.01.2025, câmera 3
O ataque
captado pelas três câmeras
Ataque
brutal. Cena forte.
Pneu à
rua, 10.01.2025, câmera 4
Os onipresentes
folgados de sempre
Xucrinho apareceu no quintal, como Bicão. Ambos pareciam
ariscos, mas logo ganhei a confiança. Uma briga contra Mancha Negra, ambos no cio,
logo antes de castrar, ressoou batendo no portão-de-elevação. Na noite seguinte
o vi deitado cum inchaço grande sangrante ao lado do ouvido esquerdo. O veterinário
tratou e castrou. Era inflamação no ouvido, que vazou. A cada curativo se
escondia. Já curado, eu molhava as plantas, quando se esfregou em minhas
pernas. Pensei que não era muito afetuoso. Mas eis o reconhecimento!
Muito passeador, ia aos vizinhos ganhar petisco. Ficou mui
popular na rua porque era bonito, peludão, creio que da raça meinecum (inglês maine
coon), com aquela barbicha lateral à Isaac Asimov que dava uma cara de
lince. A netinha da vizinha ao lado o batizou Chicão. Pois agora é Chicão! Onde
se viu um marmanjo desse ser Xucrinho?
Mui gentil e manso, nunca avançava na comida dos outros nem
estranhava gatinho novo. Ficava esperando a vez me olhando. Costumava dormir em
meu quarto, arranhando a porta pra entrar. Dormia tanto na cama quanto no alto
duma pequena estante-de-livro.
No final de 2023 andou sumido, percorrendo as casas vizinhas,
indo mais longe, abrangendo toda a quadra. Notei que estava com o pêlo feio, parecendo
sujo. Estava com infecção bucal e aides felina, tendo de extrair os dentes,
ficando só as presas.
Se recuperou bem e ficou mais caseiro. Bom..., menos rueiro.
Foi só garantir sua carne moída, e no máximo atravessava a rua pra sonecar na
calçada.
Pois foi sonecando na calçada que foi apanhado. Talvez por
estar velho e dorminhoco, pois o cão chegou lento. Se atento, como os outros,
fugiria logo. Ou se preferisse sonecar no lado interno…
Mas tenho de encarar com naturalidade o fato de que gato
passeador é como esportista radical, iutubeiro de beira de abismo, andarilho
solitário. São mui propensos a desaparecer ou aparecer morto.
Creio que meia hora depois Xucrinho estava deitado na
soleira da sala respirando ofegante. Conseguiu entrar andando. Pensei em atropelamento.
O veterinário constatou ataque canino: Um furo na barriga e suspeita de fratura
na mandíbula, perda de uma presa. Parecia se recuperar. Mas não resistiu porque
o pulmão foi perfurado.
O dono do cão o abandonou à sorte
João sumiu mesmo. Como Zezinho e a mãe Branca-de-neve. Todos
passeadores.
A única travessura foi pular ao fogão sobre a chapa de churrasquear,
pulando logo fora. Pus o dedo. Quente mas já esfriada, não suficiente pra
queimar.
Valeu!, Xucrinho. Quero dizer, Chicão. Foi ótimo conviver
cum gato tão gente-fina.
Agora o dono do cão ao tribunal
Coleção Cartão-postal de Joanco
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