Saltando da hipérbole
Em
dezembro de 2012 meu amigo Glauder apresentou a conexão
http://www2.uol.com.br/JC/_1999/2006/br2006b.htm, onde se renova a
teoria da viagem interestelar através de dobras espaciais, o que possibilitaria
viagem a velocidade superior à da luz. Meu raciocínio foi o seguinte:
No
domínio da anti-matéria, onde a velocidade é superior à da luz, o tempo corre a
trás e o impossível é velocidade menor que a da luz. Os limites dos domínios
material e anti-material são as assíntotas da função y=1/x, que são
hipérboles. É possível se transferir ao outro domínio cum salto mas não
continuamente.
Então
o que esse surfe na dobra pode fazer é proporcionar esse salto. Mas a qual
preço?
Viajar
no espaço gasta tempo, viajar no tempo gasta espaço. Dalguma forma se movendo
no espaço se moverá também no tempo. Um corpo só pode ser mover e ficar na
posição seguinte instantes depois. É impossível estar em duas posições no mesmo
instante. Pra se deslocar no tempo também se acaba deslocando no espaço.
Creio
que pode ser o mesmo que viajar no tempo, que a rigor é impossível.
A
viagem no tempo só é possível se entrando num universo paralelo, que é uma mínima variação deste. Por exemplo: Se eu for
encontrar dom Pedro I posso chegar num domingo que saiu a cavalo, quando neste
universo não saiu a cavalo naquele dia.
Mas a
volta é impossível. Meu aqui-agora já passou, se extinguiu. Posso voltar a um
universo que é uma mínima variação deste.
Assim
quem aguardar meu regresso se frustrará porque não me verá voltar. Apenas um sósia no universo paralelo, cujo
presente é uma mínima variação do presente daqui, é que me verá de volta.
Pode
acontecer exatamente isso nessa viagem estelar na dobra.
A
nave com destino a Aldebarã chegará a uma aldebarã opcional e voltará a uma
terra opcional
De
modo que a viagem só será proveitosa aos viajantes. Quem fica não os verá
voltar.
É
preciso tomar cuidado pra não cair em sofisma, como o exemplo no interessantíssimo
livro de Roberto Casati, A descoberta da
sombra, página 69-70, onde se prova que a velocidade da sombra é maior que
a da luz:
As
sombras parecem estáticas mas sabemos que a luz que a define se move. Existe um
brinquedo pra gato, que projeta a sombra dum camundongo no vidro duma lanterna.
Se apontarmos o feixe de luz a uma estrela criamos um buraco na luz. Tirando o
camundongo a sombra acaba e começa a ser seguida pela luz que a delimita. E o
feixe de luz continua viajando no espaço, levando a sombra, que, portanto, se
move na direção da estrela, na velocidade da luz.
Paradoxalmente
uma sombra pode viajar até mais depressa que a luz! Podemos girar a lanterna
com o camundongo, a apontando primeiro a uma estrela e depois a fazendo se
mover em direção a outra estrela. Tomemos duas estrelas que estão cerca da
mesma distância da Terra, como Acruz do Cruzeiro do Sul e Belatriz de Órion,
ambas a 360 anos-luz de nós. Apontemos a lanterna a Acrux e em seguida façamos
o feixe deslizar lentamente a Belatriz. Daqui a 360 anos a sombra do
camundongo, nessa altura gigantesco e rapidíssimo, alcançará Acruz e poucos
segundos mais tarde estará em Belatriz, depois de percorrer um quarto da
abóbada celeste a velocidade bem superior à da luz. As sombras fazem coisas
fisicamente impossíveis?
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