À coleção Adeene
neles!
Karin Knoblich – Regina Duarte
Karin Knoblich
Papel-de-parede no computador e
musa oficial de Che Guavira
●
O
correio disponibilizou um sistema de pré-postagem, na romântica idéia de
agilizar a postagem na agência. O remetente preenche tudo no sítio do correio
na internete e dá um código ao funcionário quando levar o pacote. Seria
maravilhoso se funcionasse.
Provavelmente
é serviço terceirizado, o que piora as coisas enormemente.
O
engraçado é que o funcionário que recebe o pacote costuma ser muito competente,
entende e atende muito bem (Tanto que quando chego com o pacote pergunta se fiz
a pré-postagem e explica que isso agiliza o atendimento. Isso é competência),
enquanto o programador, supostamente alguém mais intelectual e preparado, de
quem se esperaria um desempenho admirável, faz um programa que é uma porcaria,
não o experimenta pra ver se funciona, não consulta os clientes pra ver o que
se pode melhorar. Simplesmente jogou o programa ali, como quem se livra dum
fardo incômodo. O resultado é um formulário redundante, cansativo, pouco
prático e não editável. O que mostra o nível de alienação e autismo desses
profissionais (se é que o são) e descaso dos administradores.
O
programa pede as três dimensões do pacote e o peso, como se todo mundo tivesse
balança e instrumento de medida a alcance da mão. Pede uma infinidade de
detalhes, como se todo remetente fosse funcionário do correio. No final pede de
novo coisa já preenchida, como o peso. Como esse peso foi distraidamente preenchido
dez vezes menor que o valor real, porque o programa começa cuma vírgula, e o
remetente tem de acrescentar zero, o valor conflita com o antes preenchido ou
com o valor da quantidade. Mas não dá pra voltar e editar, de tão malfeito é o
programa. Exige número telefônico, como se fosse um absurdo o remetente não ter
telefone.
Se eu,
acostumado a usar computador fico confundido, imagines a pessoa comum, um
idoso, etc.
Na
primeira vez até consegui preencher. A prova de que o formulário é complicado
demais pro povo: A atendente disse que fui o primeiro a apresentar o código da
pré-postagem. Mas viu que estava errada a opção documento (era livro), pois tinha de ser não-documento. O funcionário não conseguiu alterar. Teve de fazer
tudo de novo, descartando a pré-postagem. Ou seja: Só tempo perdido na infernal
barafunda burocrática da pré-postagem.
Não sou
programador profissional mas uma de minhas paixões é programar. Fiz muitos
programas complexos no antigo basic.
Assim posso afirmar que o programa foi feito com descaso, desleixo, sem testar
à exaustão. E pelo entorno da página e a tentativa de uso, que os
administradores não se importam em garantir que seja útil e funcione
perfeitamente.
Por
mais que sintamos saudade do correio dos anos 1980, empresa que se transformou
numa butique caríssima e cheia de quatro-pesos, com critérios cada vez mais
complicados e pouco interessada em facilitar o atendimento cada vez mais lento
burocrático e complicado, não posso reclamar dos funcionários que recebem e que
entregam os pacotes, que se comportam como amigos, coisa muito rara em
funcionários de seja-lá-o-que-for, mas dos programadores e dos administradores,
deus-nos-livre-e-guarde!
Agora
tento enviar uma reclamação. Até isso é difícil. Só há opções fixas, referentes
a postagem específica. Tem de apresentar um código de registro!
A
ouvidoria também é inacessível. Exige um protocolo de atendimento!
Reclamar
dá mais trabalho que preencher o formulário!
Viste
como funciona uma ditadura maquiada?
Tudo
faz lembrar a CEF. Sempre com propaganda que tem isso, tem aquilo, que é do
povo… Mas quando se precisa usar sempre tem um porém que inviabiliza. Em 2007
tive de fazer minha casa a toque de caixa. Consultei a agência onde tinha a
conta-salário. Ali não informava. Tive de ir à agência Barão do Rio Branco,
onde tinha uma fila imensa e um atendente arrogante e antipático. A CEF tem um
feirão nacional de imóvel. Mas não sabia se teria em Campo Grande. A informação
nunca chegava. Enfim não teve o tal feirão aqui.
Nessa
época o Bradesco conseguira tomar o lugar da CEF como banco-salário no órgão.
Consegui toda informação e fiz o financiamento ali mesmo, sem me levantar da
cadeira. Quando deu aquela baixa de juro no primeiro mandato Dilma minhas
prestações restantes diminuíram e quitei tudo, me livrando das pesadas
prestações.
Já quem
tinha financiamento na CEF, não, pois ela só baixou o juro aos empréstimos
novos!
● No
fim de ano uma barulheira de serra na rua. Finalmente estariam tapando o buraco
sempre cheio dágua diante de casa. Mas não. Taparam ao lado, onde não tem
buraco!
●
O campo-grandense tem mania de grandeza. Gosta de exibir riqueza. Come frango e
arrota caviar. Por isso tem tanta camionete. Mas se vê que é ostentação, pois
as camionetes nunca estão empoeiradas nem embarradas duma viagem à fazenda, e
nunca levam carga na carroceria. Costumam estacionar na esquina, o que tira a
visão no cruzamento, pondo em risco quem passa em carro. Esses carros altos,
quando estacionados na frente, tiram a visão, fazendo com que pra sair do
estacionamento no meio-fio se jogue roleta-russa, sem ver se vem carro. Outro
problema foi a liberação de vidro escuro, de modo que não mais se pode ver
através do outro veículo nem se o motorista está sinalizando.
●
Furgão de empresa não tem erro. É bom ficar longe, pois sempre com pressa,
aloucado, costurando, verdadeiros fitipáldis (mas tá mais pra Corrida maluca). Outro a se ficar longe
é o chapeleiro em camionete. Geralmente peão de fazenda, sem carteira. Cuidado
também se o motorista for adolescente, ainda mais se tiver uma garota ao lado.
No estacionamento do atacadão da
Duque de Caxias
Sentido sem sentido
●
Cerca de 1977. A professora Elizabete, de história, falando sobre história
geral, se dirigiu a um colega meu, Adão, que morava na casa fazendo fundo com a
nossa:
— Em
qual idade estamos? Antiga, média, moderna ou contemporânea?
—
Moderna.
— Aé!?
Então estamos no tempo de Pedro Álvares Cabral? Estamos na idade contemporânea!
Claro
que não se espera que um garoto de 11 anos conheça o vocábulo contemporâneo. É um daqueles episódios
que nunca esquecemos, como tantos outros, que por algum motivo o inconsciente
manda deixar ali, não despejar. Estranho me lembrar o nome do colega e da
professora. Mistérios do cérebro. Nunca esqueci o endereço nem o telefone donde
morei em Brasília, 1971 e 1972, com tis e primos e tive infância feliz: SQS
209, apartamento 106, telefone 43-0863.
Sempre
me lembro do episódio quando leio texto, se referindo ao século 20, quando se
fala sobre modernismo e se diz coisas
como dispõe de equipamento moderno, as modernas instalações, idéias modernas… Até mesmo os grandes nomes da era moderna!
Sempre me faz lembrar do conhecimento sem sabedoria, da
culta ignorância daquela professora, uma obesa e muito mal-humorada, distímica
mesmo, professora a quem dar aula parecia um fardo terrível.
Quê culpa tinha Adão? Pois se freqüentemente lia e ouvia as
expressões que exemplifiquei e muitas mais! É lógico que em sua mente, na minha
e em todos nós, se associa moderno a atual, contemporâneo, avançado, novo. Nunca ao tempo de Cabral.
Quem tinha de levar a bronca era o historiador, ou seja-lá o
quê era, que inventou essa classificação das eras históricas, pois não como cientista
mas como cabeça-de-vento qualquer, criou essa classificação mal-elaborada,
equivocada.
Outra grande sacanagem que sempre fizeram com as crianças na
escola é cobrar decorar conjugação verbal. Me lembro de que eu era o único que
sabia de cor, na ponta-da-língua. Aos outros era uma tortura.
Todos os gramáticos, todas as professoras de português
sabem. Só parece que não sabem que é pra usar, não só pra memorizar. Não! Têm
aquilo como um rito, como uma jóia a ser guardada, uma reza (Talvez seja
inconsciente o vocábulo usado em gramática, que sempre me pareceu bizarro: Oração), estranhamente não conectando a
conjugação à construção das frases.
Eu sou, tu
és, ele é, nós somos, vós sois, eles são
Fizera eu,
fizeras tu, fizera ele, fizemos nós, fizerdes vós, fizeram eles
…
Pra quê? Se ninguém usa, pois todo mundo esculhamba as
conjugações, sejam jornalistas, escritores, nivelando tudo por baixo. Podes
pegar o texto mais culto, a antologia mais cuidadosa, o texto mais pomposo.
Nunca vi algum que não fosse total esculhambação de pronomes, preposições,
verbos. Mesmo as obras mais pretensiosas usam o português popular, popularesco.
Nunca vi e creio que nunca verei. Torturam as crianças estupidamente, pra nada.
E por falar em sistema mal-elaborado, me lembrei duma
curiosidade do idioma castelhano, uma palavra impossível.
[Não existe idioma espanhol, e sim castelhano]
A palavra é o imperativo do verbo salir (sair), salle (sai-lhe). A forma popular errônea ¡Salle de aquí! (sai-lhe
daqui!), deformando conjugação e uso pronominal, em vez de !Salgas de aquí! (Saias daqui!)
A tal palavra impossível é produto duma grotesca forma de
construção da frase.
Mas o caso é que o tal bugue ocorre (ocorreria) porque em
castelhano o dígrafo correspondente ao nosso LH é LL. Então salle se pronuncia salhe, quando deveria ser sale,
porque, sendo idioma mais arcaico, não usam hífen pra anexar pronome ao verbo e
não cai o L supérfluo (como o N em inmediatamente,
imediatamente, castelhano e
português, respectivamente).
O imperativo de salir
é salgas. Salle é uma forma arcaica e esdrúxula, criada por literatos
pomposos, que mais deformam que enfeitam o idioma.
— ¡Salgas de
aquí!
Outro exemplo é o popular dime, quando o simples e correto é digas.
— Digas lo
que quieres
em vez do popular e falsamente erudito
— Dime lo que
quieres
Pra ordenar alguém a sair (segunda pessoa) se usaria te e não le (lhe). Le é prà terceira pessoa. O problema é
que o uso popular é errôneo, confundindo a segunda e a terceira pessoas: Le en vez de te, suyo en vez de tuyo, sí en vez de ti, etc. O mesmo
problema ocorre em português.
Coleção
de cartão-postal de Joanco
William Friedkin também dirigiu uma adaptação de "O Salário do Medo" em 1977 chamada Sorcerer (no Brasil: "O Comboio do medo") que faz parte do box "O Cinema da Nova Hollywood" que foi lançada em 2016 pela Versatil Home Video.
ResponderExcluirPor favor, mais informações sobre Karin Knoblich! Pesquisei nas internetes e não achei nada sobre a bela.
E por falar em belas, muito bonitos os cartões postais da 14 TRC 146 (ah, os franceses!). Até me deu vontade de fazer rádio-escuta. Pena as estações de DX e RX estarem minguando aos poucos.