domingo, 23 de junho de 2019

Papai Noel 053 - Tom & Jerry, 06.1956


São Pedro-e-São Paulo
Um punhado de rochedos pontiagudos forma o arquipélago São Pedro-e-São Paulo a 1000km do continente. É o pedaço do Brasil mais perto da África, chacoalhado freqüentemente por terremoto, menor que dois campos de futebol, sem vegetação nem água doce. Mas brasileiros moram ali desde 1998.
A principal ilha é Belmonte.
Um aventureiro italiano decidiu cruzar o oceano Atlântico num caiaque em 2006.
A morte estava próxima pro italiano Alex Bellini. Perdido havia cinco dias, sem comer, num caiaque no meio do Atlântico. Com 28 anos, parecia ser o fim da aventura de travessia solitária no Atlântico num pequeno barco partindo de Gênova rumo ao Ceará, pois em duas ocasiões uma grande onda virou o barco. Assim se perdeu a maior parte da comida e equipamento.
Havia um fio de esperança. Tinha um telefone via satélite, no qual recebia instrução de sua equipe na Itália sobre um arquipélago brasileiro na região. Mas o território não constava nas cartas náuticas de Alex. Pior: A ondulação marinha escondia o baixo relevo das ilhotas. Nada acharia. Só um milagre o salvaria.
Mas a sorte estava consigo. No barco de apoio à pesquisa no arquipélago São Pedro-e-São Paulo um pescador percebeu algo alaranjado flutuando no horizonte do imenso mar azul. Era o barco do italiano exausto e faminto.
Em 2016, morando em Londres, Alex contou a aventura de 2006:
— Tento imaginar a cena. Eles me vendo chegar num barquinho sem motor, só com o remo, magro como um prego, barbudo, ressaqueado por dormir pouco, assustado. A idéia de ver alguém em carne-e-osso após sete meses era como ver os santos, nossa senhora e Jesus. Situação muito dramática porque arrisquei a vida. Um pequeno arquipélago muito feio e rochoso, cheio de guano e sem lugar pra se sentar. Mas era oportunidade de sobrevivência.
Enfim perguntei sobre uma estranha coincidência em seu resgate, em torno dos nomes dos santos que batizam os rochedos. Explicou que assim que chegou à ilha Belmonte conseguiu ligar a um amigo pra informar estar a salvo. Quando contatei meu amigo, em Valtelina, pra contar que cheguei a São Pedro-e-São Paulo, lhe gelou o sangue. Disse Não acreditarás. Há alguns dias mamãe sonhou contigo preso ao campanário da igreja de nossa paróquia de Aprica. A igreja de Aprica é consagrada a são Pedro e a são Paulo, seus santos protetores! Muito misterioso. Bela coincidência. Era o que eu fazia. Estava agarrado à esperança de chegar a São Pedro-e-São Paulo pra escapar da fome.
Após se recuperar partiu do arquipélago e chegou a Fortaleza, totalizando 226 dias de navegação atravessando o Atlântico.
Em 2008 atravessou o Pacífico.
Élcio Braga
A ilha brasileira mais perto da África



Os raios e as cavernas
[…]
Mas nossa relação e colaboração com senhor Dauzère não acabaram aqui.
Depois de ser atraído por si aos cumes e me familiarizar com os fenômenos meteorológicos, seria eu agora quem o guiaria às grutas e àlguns mistérios delas.
O físico Camille Dauzère seguia desde havia tempo um estudo sobre a formação das tormentas e do granizo. Isso o levou, associado a um naturalista autodidata, a realizar uma vasta pesquisa sobre a distribuição dos pontos onde caíam os raios na região de Bagnères de Bigorre.
Joseph Bouget, um observador genial, notara e determinara que essa distribuição dos lugares estava condicionada pela natureza das rochas. As melhor condutoras de eletricidade eram as atacadas mais freqüentemente. Inclusive determinou que o raio preferia não só certas rochas (quisto e granito) mas também as linhas de contato de dois terrenos mineralogicamente diferentes.
Professor Dauzère não demorou a desenvolver e aperfeiçoar essas preciosas observações iniciais de seu colega, as orientando até uma nova hipótese, que consistia em ver na maior ou menor ionização do ar a razão da atração do raio a um lugar.
Esses íons são produzidos pela radiatividade das rochas. Isso fazia lembrar um pouco as conclusões de Bouget, segundo as quais as rochas mais radiativas são as de granito e as menos radiativas as calcárias.
Assim se explicava a influência da constituição geológica do solo sobre a freqüência dos raios. Mas parece haver uma curiosa exceção pràs calcárias contíguas às entradas de gruta e abismo.
Nesse ponto foi quando os senhores Dauzère e Bouget me associaram a suas investigações. Apontei que encontrara freqüentemente os vestígios do raio perto dos orifícios das simas (funis, rochas quebradas e, sobretudo, árvores marcadas com os sulcos característicos produzidos pela chispa elétrica).
Assim conduzi senhor Dauzère aos salões das grutas, onde media a ionização do ar cum contador gáiguer. Media também no interior, onde se confirmou (Elster e Geitel o demonstraram em 1900) a crença de que o ar subterrâneo é radiativo.
No verão, o período das tormentas, as grutas, que exalam uma corrente de ar intensamente ionizada captam a descarga elétrica do raio que cai ao salão da caverna ou ao orifício da sima.
Sob o grande pórtico rochoso da gruta de Labastide encontrara uma sulfurita da espessura dum punho, completamente vitrificada, prova incontestável do raio naquele lugar. EA Martel garantiu a mim que a sima de Padirac atrai freqüentemente os raios nas violentas tormentas de verão.
As observações e as provas desse tipo são inúmeras. Não há dúvida de que o pior que se pode fazer numa tormenta no campo é buscar refúgio numa gruta.
Essa inesperada  relação  entre o raio e as cavernas foi a miúdo tema de conversação com senhor Dauzère, sem deixar de comentar a outra relação, ainda mais inesperada, entre as greves e a ascensão de espeleólogos ao pico do Midi.
Mas se definitivamente não fiz mais que dar uma modesta contribuição ao estudo de senhor Dauzère sobre os raios e as grutas, informei em relação com esse tema sobre dois fatos que, mesmo sem ter algo de científico, nem por isso deixaram de lhe interessar.
Quando criança Santo Agostinho tinha medo do ruído do trovão, a tal ponto que quando estourava uma tormenta corria pra se refugiar numa pequena caverna.
Um dia o raio caiu sobre seu esconderijo, o comovendo enormemente. Doravante o menino se não se curou da fobia ao menos aprendeu que os lugares subterrâneos não são precisamente um refúgio seguro contra a cólera do céu.
Pra terminar evoquemos retrospectivamente os raios de Júpiter que Vulcano e seus ciclopes forjavam nas moradas subterrâneas. Aqueles famosos raios de bronze que Mercúrio quando criança quis roubar na gruta onde estavam depositados mas que não levou porque eram pesados demais.
Os antigos, a miúdo observadores penetrantes e sutis, perceberam a atração do raio às cavernas. Acaso imaginaram e dissimularam de propósito, sob um mito, a origem subterrânea dos raios?
Nesse caso anteciparam em milhares de anos a idéia nova e surpreendente da influência das radiações profundas das entranhas da Terra sobre as nuvens tempestuosas no canal das cavernas.
Norbert Casteret, Minha vida subterrânea (Ma vie souterraine), capítulo 24 - O raio e as grutas

Los rayos y las cuevas
[…]
Pero nuestra relación y colaboración con señor Dauzère no acabaron aquí.
Después de ser atraído por sí a las cumbres y me familiarizar con los fenómenos meteorológicos, sería yo ahora quien lo guiaría hacia las grutas y hasta algunos misterios de ellas.
El físico Camille Dauzère seguía desde hacía tiempo un estudio sobre la formación de las tormentas y del granizo. Ello lo llevó, asociado a un naturalista autodidacta, a realizar una vasta encuesta sobre la repartición de los puntos donde caían los rayos en la región de Bagnères de Bigorre.
Joseph Bouget, un observador genial, notara y determinara que esa repartición de los lugares estaba condicionada por la naturaleza de las rocas. Las mejor conductoras de electricidad eran las atacadas más frecuentemente. Precisó incluso que el rayo prefería no sólo ciertas rocas (esquisto y granito) sino además las líneas de contacto de dos terrenos mineralógicamente diferentes.
Profesor Dauzère no tardó en desarrollar y perfeccionar esas preciosas observaciones iniciales de su colega, las orientando hacia una nueva hipótesis, que consistía en ver en la mayor o menor ionización del aire la razón de la atracción del rayo a un lugar.
Esos iones son producidos por la radiactividad de las rocas. Ello recordaba en algo las conclusiones de Bouget, según las cuales las rocas más radiactivas son las de granito y las menos radiactivas las calcáreas.
Así se explicaba la influencia de la constitución geológica del suelo sobre la de los rayos. Pero parece haber una curiosa excepción para las calcáreas contiguas a las entradas de gruta y abismo.
En ese punto fue cuando los señores Dauzère y Bouget me asociaron a sus investigaciones. Señalé que encontrara frecuentemente las huellas del rayo cerca de los orificios de las simas (embudos, rocas rotas y, sobre todo, árboles marcados con los surcos característicos producidos por la chispa eléctrica).
Así conducí al señor Dauzère hasta los porches de las grutas, donde medía la ionización del aire con ayuda de un aparato gáiguer. Medía también nel interior, donde se confirmó (Elster y Geitel lo mostraron en 1900) la creencia de que el aire subterráneo es radiactivo.
En verano, el período de las tormentas, las grutas, que exhalan una corriente de aire intensamente ionizada captan la descarga eléctrica del rayo que se abate sobre el porche de la caverna o al orificio de la sima.
Bajo el gran pórtico rocoso de la gruta de Labastide encontrara una sulfurita del grosor de un puño, completamente vitrificada, prueba incontestable del rayo en aquel lugar. EA Martel aseguró a mí que la sima de Padirac atrae frecuentemente los rayos en las violentas tormentas de verano.
Las observaciones y las pruebas de ese tipo resultan innumerables. No hay duda de que lo peor que se puede hacer en una tormenta nel campo es buscar refugio en una gruta.
Esa inesperada  relación  entre el rayo y las cuevas fue a menudo tema de conversación con señor Dauzère, sin dejar de comentar la otra relación, más inesperada todavía, entre las huelgas y la subida de espeleólogos a la cima del Midi.
Pero si en definitiva no hice más que aportar una modesta contribución al estudio de señor Dauzère sobre los rayos y las grutas, informé en relación con ese tema sobre dos hechos que, aun sin tener algo de científico, no por eso dejaron de le interesar.
Cuando niño San Agustín tenía miedo al ruido del trueno, hasta tal punto que cuando estallaba una tormenta corría a se refugiar en una pequeña cueva.
Un día el rayo cayó sobre su escondite, lo conmoviendo enormemente. Desde aquel día el niño si no se curó de la fobia al menos aprendió que los lugares subterráneos no son precisamente un refugio seguro contra la cólera del cielo.
Para terminar evoquemos retrospectivamente los rayos de Júpiter que Vulcano y sus cíclopes forjaban en las moradas subterráneas. Aquellos famosos rayos de bronce que Mercurio cuando niño quiso robar en la gruta donde estaban depositados pero que no llevó porque eran demasiado pesados.
Los antiguos, a menudo observadores penetrantes y sutiles, ¿percibieron la atracción del rayo a las cavernas, y acaso imaginaron y disimularon a propósito, bajo un mito, el origen subterráneo de los rayos?
En ese caso anticiparon en millares de años la idea nueva y sorprendente de la influencia de las radiaciones profundas de las entrañas de la Tierra sobre las nubes tempestuosas nel canal de las cavernas.
Norbert Casteret, Mi vida subterránea (Ma vie souterraine), capítulo 24 - El rayo y las grutas


Coleção cartão-postal de Joanco



2 comentários:

  1. Parabéns e obrigado por mais um clássico Tom & Jerry, que a geração mimimi de "especialistas" de hoje em dia insistem em boicotar por "violência excessiva".

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