sábado, 15 de abril de 2023

Adeus, Gata Borralheira

Almanaque Tio Patinhas (edição especial de O pato Donald, 12.1964)

Antigo escaneio colaboração não postado aqui então

 Minha gata inesquecível

Gata Borralheira

Final de 201605.04.2023

Descanses em paz,

companheirona

inesquecível

Gata Borralheira (em primeiro-plano) e Gato-de-bota, 19.11.2016

Gata Borralheira 19.02.2019

 

Gata Borralheira 11.10.2020

 

Gata Borralheira 15.02.2023

 Na linha da célebre sessão da revista Seleções, Meu tipo inesquecível, na difícil escolha ao gato inesquecível escolhi Gata Borralheira.

Com a idéia de que a gata que aqui apareceu, Gata Christie, conviver com outros gatos e não só comigo, decidi adotar algum. Eis que apareceu Ramão com dois gatinhos siameses, Gata Borralheira e Marisa Gata Mansa. Mas depois, vendo que o outro era macho, ficou Gato-de-bota. Gostavam de subir ao nobreique, o lugar mais quentinho. Tive de pôr tipo uma tampa no botão liga-desliga, pra não desligarem. O sonho-de-consumo era entrar a meu quanto quando eu estava. Se eu não abria a porta corriam à janela. Como era bonito ver o casal de irmãos rolando no chão naquelas lutas que os gatinhos gostam tanto.

Quando foi pra castrar eu não tinha gaiola. Ramão levou no colo no banco-de-passageiro. Essa primeira clínica era longe. Ficou tão ansiosa, que chegava a ficar sem ar, de tanto que estranhava a viagem. Mas nunca mais precisou viajar.

Gata Borralheira cismou chamar minha atenção miando no telhado pra ser resgatada. Virou manha. Fingia não saber descer. Mas eu a via embaixo. Assim a deixei se esgoelando de 24.12 a 27.12. 2017. Santo remédio.

Adulta, não aceitava outro gato, nem o  irmão. Só eu. Costumava dormir em minha cabeceira direita. Quando aparecia outro gato eu tinha de ficar no meio, separando. Quando estava sobre o criado-mudo eu batia com a palma-da-mão na cama, chamando:

— Aqui. Aqui. Vem, gatona.

E vinha correndo

Se não entrava ao quarto se deitava na tampa do vaso. Se me via passar corria ao computador, supondo que eu ia até lá. Se eu ia ao quarto, corrigia o rumo.

Tinha vez que, a desora, insistia pra entrar mas logo queria sair, e em seguida entrar de novo

— Sua chata. Não abrirei de novo.

Mas ante os miados e arranhar na porta:

— Ai! Tô ficando mole!

Foi a primeira vez que alguém gostava mais de mim que de todos os outros ou só de mim, coisa que sempre almejei. E mesmo com outros gatos presentes, nunca me abondonou. Pena que desperdicei décadas centrando afeto nos humanos.

Quando eu estava ante o teclado do computador, ficava desfilando na frente da tela. Parava, me fixava o olhar, eu dizia Linda. Um charme esta gatona. E se deitava diante da tela, pra eu esfregar cabeça e corpo. Assim já não atrapalhava.

— Saias da frente, gatona. És bonita mas não transparente. Mas podes porque és minha amiga.

Tinha pavor ao tubo de inseticida. Bastava me ver o pegar, e corria como quem foge de lobisomem. Ultimamente conferia que não soou o borrifo, e voltava.

Eu tinha de tomar cuidado pra cuma rabada não derrubar a guampa de tereré. Pra isso descobri que uma peça da tubulação de ar-condicionado serve de suporte ideal, como já falei numa postagem.

Ia e vinha umas vezes, parava e me encarava um instante, e então se deitava, e eu tinha de fazer aquele cafuné, esfregando a cabeça. Na cama teve vez que me acordou porque queria o tal cafuné. Se eu parava, se levantava, dava a volta e se repostava, ou esfregava a cabeça em minha mão, pra mostrar Faz assim, faz assim!

Eu dizia também:

— Veio me atrapalhar, mas estou feliz porque estás aqui

Tenho toda a paciência do mundo com todos os gatos. Quando uso a mangueira ou o tanque sempre aparece um ou mais pra beber água. Fico esperando. Muitas vezes deixo de acender a luz da sala e vou fazer outra coisa, pra não perturbar um amigo felino dormindo.

No banheiro, na área do chuveiro, sole aparecer penas e resto dum passarinho ou pomba. Me lembro duma vez, quando Gato-de-bota caçou um rato ali e o engoliu inteiro. Eu nunca soube da gatona ter caçado, marcado território nem passeado fora.

Ultimamente deixo a porta do quarto encostada. Um elástico a mantêm encostada. Assim cada um pode entrar e sair. Mas nem todos sabem sair, mesmo eu ensinando. A gatona aprendeu sozinha. Por isso tive de achar as chaves do guarda-roupa.

Quando eu me levantava na madrugada, a gatona corria na frente e pulava à pia do banheiro, pra eu abrir a torneira e ela beber água. Mas só começava a beber quando se tranqüilizava de que eu não voltava ao quarto, pra não ficar fora. Se eu ia à cozinha, à sala ou ficava ali, tudo bem.

E cómo os gatos demoram pra beber água. É forma mui ineficiente de beber água, mas melhor que a das galinhas. E ainda tem tonto que diz que a natureza é perfeita.

Na noite estranhei não aparecer pra dormir em seu cantinho. E na manhã também não apareceu. Estranhei, pois nunca passeou na calçada nem em quintal vizinho. Também não estaria no quintal nem no telhado, pois chovera um pouco, tudo molhado.

Só no começo da tarde a achei morta no lado esquerdo da varanda dianteira. Não teve temporal, não podia ter caído algo encima. Então levei à clínica São Francisco de Assis, beneficente, onde sempre castro os de casa e os que aparecem.

Antes de eu entrar no assunto, doutor Fábio disse que em sua profissão está todo dia com a morte ao lado e se tem de lidar com isso na cabeça. Então avisei que estou com o corpo de minha amiga no carro e que quero ver se pode sondar a causamórtis.

Apalpou de todo jeito, e constatou o fígado muito crescido. Explicou que seria o rim funcionando mal, a urina voltando e a amônia matando. Disse que não adiantaria muito se soubesse antes. Uma vizinha minha confirmou isso. Um gato siamês dum parente seu também sofreu isso. Antes a insistência dos donos o veterinário disse que poderia tomar dinheiro num tratamento inútil mas não o fará.

É um problema de raças mui refinadas. Os gatos vira-lata são mais longevos.

Disse que sentiu muita pena, mas foi morte rápida. Vertigem, alucinação e colapso.

Sirvo a melhor ração, a água é de poço profundo, não essa envenenada por cloro e flúor das fornecedoras. Há pouco morreu Xuxu, a cadelinha de Ramão, aquela que quando ele trouxe os gatos se arrepiaram e Huguinho avançou. Muito idosa, teve câncer.

Em 2021 Gato-de-bota teve de extrair todos os dentes porque contraiu uma infecção bucal que o deixou muito magro. Antes era parrudo, grandão, pescoço de Mike Tyson. Felizmente não era a variedade contagiosa, que passa aos outros gatos. Se recuperou, retomou peso e come ração normalmente. Logo após o gato receber alta Valdinei contou que apareceu outro lá com o mesmo problema, só que muito avançado, e morreu.

Mas a gatona parecia saudável pra valer. Nunca sofreu algo, nem corte ou infecção. Nada faria supor uma deficiência genética. Eu imaginava que morreria de velha. Mas a vida é assim, cheia de surpresa.

Mas ante a fatalidade, pois inevitável, me felicito que fora adotada por mim, pois quem tinha os dois gatinhos nem queria saber aonde iriam. Aqui fomos felizes.

Nalgum universo paralelo ela estará comigo até anciã. Isso vale um conto.

 

Frajola, 02.04.2023

 

Frajola, 02.04.2023

Frajola, 02.04.2023, a barbicha

 

Creme: Brotoeja (siamesa), negro: Félix, gris: Penélope Charmosa

 

Brotoeja, gato Félix, Penélope Charmosa, Frajola & Piu-piu

Frajola

Na semana anterior ao desenlace fatídico duas vizinhas, dona Mercedes e donAna, trouxeram um gatinho, que chamei Frajola, que jogaram no jardim de boldo da calçada num saco fechado. O gato Huguinho operou a orelha, inflada, por doutor Fábio. Como arrancava o curativo o deixei na clínica Auqmia pros curativos. Aproveitando a ida pra o visitar levei Frajola. Estava alimentado mas tremia. A veterinária disse que era de medo. Dois dias ali em observação, mas estava muito bem. Procurei adotar outro, pra ter irmãozinho com quem brincar. Uma funcionária tinha três. Adotei os três, pois não é bom separar. Não é por ser bicho, que não terá trauma.

Novamente a rotina de sair e os encerrar em casa, pois não arrisco algum correr e ficar atrás duma roda.

Brincar com pêndulo ajuda no desenvolvimento infantil e a socializar com gatos maiores, quem também entram na brincadeira. Um objeto redondo na ponta do cordão, como uma carretilha serve. Não uses caneta-lêiser. Parece que Frajola será grande caçador. Às vezes agarra o pêndulo e não solta, grunhindo de prazer e o levando correndo.

 

Alvinho e Bianca, 25.01.2022


 Alvinho e Bianca, 25.01.2022

Alvinho, 25.01.2022

 

Bianca, 25.01.2022

Alvinho e Bianca

Em fevereiro de 2022 Valdinei chegou, tocou a campainha e disse:

— Olha lá. Dois gatinhos na rua. O carro quase pegou!

Fomos ver. Um casal de filhotes brancos brincando na rua. Peguei o mais perto. A dona disse:

— Gostas? Trabalho o dia todo, e a casa é quente. Por isso fogem à rua.

Dona Mercedes já dissera a ela ser melhor os repassar, porque ali há risco de atropelamento.

Na noite brinquei mais de meia hora com pêndulo com ambos e os pus a dormir, 22h. Mas, pasmai!, Alvinho subiu ao muro, desceu na serigüeleira da calçada, tentou voltar mas ainda não sabia. Então correu à vizinha da outra esquina, quem vinha e o levou. Isso soube porque no dia seguinte Alvinho não aparecia. Passou dona Mercedes, comentei que não pode estar dormindo no quintal tanto assim. Disse que dormindo não. Foi uma dona assim-assim quem levou. Catei na câmera. Dois dias, e não a achava em casa. Na noite fui agradecer ter resgatado o gatinho. Disse que a filha pequena se apegou. Eu disse que não quero os separar. Aceitou ficar com Bianca também. Como tinha um cão grande na frente, deduzi que não fugiriam.

Na semana seguinte donAna chegou com Bianca, e tocou a campainha. Alvinho estava no alto de seu muro. Retomei ambos. Mas quem diz que consigo os conter? Nunca vi gatos tão pequenos gostar tanto da rua e saltar muro com tanta facilidade. Decerto são hiperativos. O pior é que são tão mansos, que vão com qualquer um que passa! Uma vez passou um rapaz, e Bianca atrás. Vi na câmera, corri e a peguei de volta. O rapaz disse que é gato muito bonito e que já o levaria.

Noutra vez saí e Alvinho sumiu. Vi na câmera outro rapaz tocando a campainha, e Alvinho em volta. Chamei seu Felipe, um vizinho muito relacionado na rua, pra ver se o conhecia, pois presumi que o levara. Mas noutra câmera vimos que ficou na casa da vizinha da esquina oposta à da outra vez.

O bisquei e então passei a sair os deixando encerrados dentro de casa. Então comento o fato de que o simples ato de adotar um gato muda a rotina cotidiana, e pode pôr em risco a segurança da casa. Não só o fato de eu com muita freqüência abrir o portão e ir atrás deles, mesmo na noite. Quando Felipe viu o rapaz que tocou a campainha, que eu podia muito bem abrir por achar que é um vizinho vindo ver se o gatinho é daqui, mas eu não estava, disse:

— Esse cara é lá do presídio-albergue, em liberdade condicional. É assaltante. Cuidado!

Os gatos entravam tranqüilamente subindo na serigüeleira e dali saltando ao muro no meio da concertina. Já aconteceu se cortar e infeccionar, com Gato-de-bota e Branca-de-neve. Por isso, como não se os consegue segurar, nem com reza-brava, abri uma passagem na parte baixa do muro.

Nunca vi gatinhos tão suigênere. O aspirador é bem ruidoso. Os gatos fogem na hora. Os branquinhos não. Vêm brincar. Já passei aspirador na barriga. Os outros fogem do barulho do motor, eles não. Por isso só saía os vendo onde estavam, tendo certeza, antes de os deixar encerrados sempre que saía. Tanto não fogem de barulho, que Alvinho teve 1s a barriga presa por não sair do lugar descendo o portão-de-elevação.

Outro alerta: Em tempo fresco, e principalmente no frio nunca ligar o carro sem antes abrir o capô do motor pra conferir se tem gato dormindo ali. Uma vez abri pra conferir a água. Tinha um gato preto dormindo. No final de 2022 uma gatinha duma vizinha virando a esquina esquerda procurava uma gatinha bem peluda. Em seguida soubemos que morreu quando um vizinho ligou o carro. Outro gato, peludão também, dessa vizinha, havia uma semana sumido, apareceu aqui por causa do buraco que fiz pra passagem felina.

  

Tenho de andar meio escondido

Eu pensava:

— Quê vida boa a dos gatos. Não precisa trabalhar nem estudar e mais dormem que acordam.

Então achei a solução:

— E se eu for adotado por um elefante?

Me inscrevi na clínica Auqmia (podia ser Miaukilate) pra adoção. Então um elefante me levou. Eu estava muito feliz. O elefante me enrolava na tromba, desenrolava em parte ao alto. Dava medo! Mas eu estava feliz.

O chato era só comer ração. Senti saudade de camarão, cerveja, vinho, churrasco…

Mas o pior foi quando me levou pra passear. Não era pra passear. Íamos rumo a clínica de castração!

Fugi. Ufa! Escapei por um triz.

Se um elefante perguntar sobre mim, ninguém me conhece!

 

Coleção Adeene neles!

 

Gato siamês - Valdinei           Cão - Putim


 O inspetor e os motociclistas - O menino maluquinho

 

 Coleção cartão-postal de Joanco

 



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