Nomes deslocados, impróprios ou estapafúrdios
O planeta dos macacos ● Em castelhano o título está correto, El planeta de los simios. Chimpanzé, bonobo, gorila e orangotango não são macacos mas símios. Os chamar de macaco é o mesmo que chamar baleia de peixe ou aranha de inseto. Macacos são os pequenos, que têm rabo e vivem em árvore.
Por quê o português é melhor que o castelhano
Se o português popular, o português-de-jornalista, é feio
pra caramba, o castelhano popular é feio ao quadrado. O castelhano está muito
pior de esculhambado.
Os vícios-de-linguagem são comuns a ambos, pois há regras e
usos estúpidos que já vêm deformados do galaico-português. Mas há muito mais
vício no castelhano. Falarei mais sobre os vícios noutro texto.
A primeira esdruxulice é o castelhano considerar ch, ll,
ñ como letra e não dígrafo ou letra
acentuada. Então no dicionário, por exemplo, chisme não fica na letra C, depois de palavras começadas com ce, e sim na Ch, como se Ch fosse uma
letra depois de C. Isso é um empecilho a um banco-de-dado, por exemplo. Uma vez
Joanco não achou uma palavra assim, e disse que no dicionário estava faltando
um trecho. Então expliquei a excentricidade da coisa.
Exclamação ¡! e
interrogação ¿? funcionar como
abre-e-fecha tal qual parêntesis ().
Como já expliquei noutro texto, é precisão supérflua. No Word atrapalha o
maiúsculo automático após ponto, etc. Junto com o Y com som de DJ diante de
vogal, são esquisitices sui generis.
Um dos fatores que tornam o português mais bonito, prático,
fluente e harmonioso é o uso generalizado de contração. O castelhano, por causa
de seus gramáticos, excessivamente puristas, é avesso a contração.
Mas o pior é que no castelhano a forma pronominal enclítica
(Abrir-se, olhando-nos…,
que abomino em ambos idiomas, uso Se
abrir, nos olhando…) que
no português é com hífen, no castelhano se faz apenas emendando à palavra,
obrigando a acentuar. Isso cria uma nova palavra. Assim só por causa da
frescura de preferir a ênclise, mais complicada e nada mais estética, se cria
nova palavra, o que sobrecarrega o dicionário do corretor ortográfico. Todas as
combinações têm de ser inseridas nesse dicionário. Por isso é comum aparecer
essa, digamos enclepalavra, marcada em vermelho por não estar no dicionário. Ou
seja: A ênclise no castelhano foi uma idéia infeliz e mal-bolada.
Por exemplo: Os adeptos de frescura gramatical preferem matam-se em vez de se matam. Em castelhano, em vez do simples e belo se matan preferem usar mátanse. Em português fica simples usar
a forma enclítica no dicionário corretivo, pois basta na verificação considerar
o hífen espaço-em-branco. No castelhano não tem jeito: Tem de cadastrar como
nova palavra, o que aumenta enormemente o dicionário. Nada prático.
Essa regra mal-bolada levou a um fato bizarro:
La palabra que existe en castellano pero es
imposible escribir
A palavra que existe em castelhano mas é impossível
escrever
Achamos o que talvez seja a única falha
da ortografia castelhana. Uma palavra que existe gramaticalmente e se pode
pronunciar, mas que não se pode escrever.
A palavra que não se pode escrever em
castelhano: Salle
A falha do castelhano: Uma palavra que
não se pode escrever. Há alguns dias consultei o dicionário RAE: Como se escreve
o imperativo de salirle [sair-lhe]? A resposta foi a seguinte:
Quanto a tua consulta, remetemos a
seguinte informação:
A interpretação forçada como dígrafo
da seqüência gráfica ll em castelhano impossibilita representar por escrito a
palavra resultante de acrescentar o pronome átono le {lhe} à forma verbal sal (imperativo não sonante da segunda pessoa
do singular do verbo salir {sair}), oralmente possível se, por exemplo,
ordenássemos a alguém sair atrás ou a encontro doutra pessoa aludida com o
pronome le: [sál.le al páso], [sál.le
al encuéntro]. Posto que os pronomes átonos pospostos ao verbo serão escritos
emendados a ele, sal + le daria por escrito salle, cuja leitura seria forçosamente [sá.lle], y no [sal.le].
Na próxima ortografia do RAE incluirão
solução pra isso? Talvez um roteiro?
Nota: O escrito entre colchetes é a
transcrição fonética da RAE.
Explicando: Formando a ênclise
juntando o pronome no final da palavra, sem hífen, em castelhano a pronúncia
resulta SALHE em vez de SALE
Meu
comentário:
Pra
ordenar alguém a sair (segunda pessoa) se usaria te e não le. Le é prà terceira pessoa. O problema é
que o uso popular é errôneo, confundindo a segunda e a terceira pessoas: Le em vez de te, su em vez de tu, si
em vez de ti, etc. O mesmo problema
ocorre em português.
O imperativo
de sair é salgas. Salle é uma forma
arcaica e esdrúxula, criada por literatos pomposos, que mais deformam que adornam
o idioma.
— Salgas de aquí
Outro
exemplo é o popular dime, quando o
simples e correto é digas
— Digas lo que quieres
en vez del popular y falsamente erudito
— Dime lo que quieres
Não
existe o idioma espanhol, e sim o castelhano, assim como não existe o idioma
brasileiro ou o ianque
Apenas regras mal-elaboradas.
Coleção cartão-postal de Joanco
Muito interessante essa questão de uma palavra que não pode ser escrita por regras estapafúrdias. Valeu pela explicação.
ResponderExcluirsegue gibis EDIEX Adriano
ResponderExcluirabraços!!
Foto West 28 Ediex (PATOMITE)
Foto West 39 Ediex (PATOMITE)
Foto Audacia 05 Ediex Os rebeldes De Alcântara (PATOMITE)
Foto Audacia 14 Ediex A Carga dos Cossacos (PATOMITE)
Foto Star Capa e Espada Scaramouche (PATOMITE)
Ultra Ciencia 23 - Terra Afundada - Patomite
https://drive.google.com/open?id=1r5rEbrAdhlbXiVf5z5fx-H6W_tcBErUw
sigo seu blog a anos e agradeços as otimas publicações, segue link para BETTY BOOP numero 1 https://archive.org/details/26_20200525
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