quinta-feira, 25 de julho de 2019

Condorito



Interessante crônica sobre gato, de WH Hudson

Um relato meu sobre gato


A Origo lançou uma coleção em 10 volumes de Condorito, as primeiras tiras, 1955–1962.
Eis algumas curiosidades
Quando uma personagem dá desfecho com resposta inesperada, a outra cai de costas, com as pernas ao alto, a surpresa grafada no sonoro plop!
O mais interessante desse quadrinho são as frases do tipo Que muera el roto Quezada, que aparece numa parede, numa manchete de jornal..., até numa flâmula de propaganda de avião, e que é um distintivo, sendo divertido procurar .
Aqui explica a origem da coisa:



No volume 1 a capa traseira mostra o cão de Condorito, Washington em conformidade com as aparições no volume, exceto na página 13 (Os volumes não têm numeração de página, o que é um relaxismo editorial), onde é cão doutra raça, muito diferente.

Na página 77 a piada é a mesma da velha contrabandista, de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), Para gostar de ler 8, Contos, Ática, São Paulo, 1983, página 17:

A velha contrabandista
Diz que era uma velhinha que andava de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, cum bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega, tudo puta-velha, começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega a mandou parar. A velhinha parou. Então o fiscal perguntou:
— Escutes, vovozinha. Passas aqui todo dia com esse saco atrás. Quê diabo levas nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: — É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia, e mandou a velhinha saltar da lambreta pra examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha ir a diante. Ela montou na lambreta e foi embora com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o quê levava no saco.
— Areia, uai!
O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Então o fiscal se chateou:
— Olhes, vovozinha: Sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que és contrabandista.
— Mas no saco só tem areia!
E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
— Prometo te deixar a senhora passar. Não darei parte, não apreenderei, não contarei a alguém, mas digas qual é o contrabando que passas aqui todos os dias!
— Prometes que não ispáia?
— Juro!
— É lambreta.

No volume 2, página 81, a piada é a mesma que papai contou sobre Lampião:

Lampião e o aprendiz de barbeiro
Lampião entrou numa barbearia e foi atendido por um rapazinho aprendiz de barbeiro. Passou a mão no revólver na cintura e disse:
— Rapaz. Comeces a fazer a barba, no capricho. Mas se sangrar, um tiquinho que seja, te encherei de chumbo!
O rapazinho não ficou nervoso. Fez a barba calmamente. E o rei do cangaço saiu satisfeito. Os colegas, veteranos, se espantaram:
— Mas, rapaz! És louco? Por quê aceitaste fazer o serviço? Vai que sangrasse um tiquinho que fosse!
— Então alguém acha que eu, com a navalha na mão e bem ali no pescoço, ao ver se sangrou esperaria pra ver a reação do sujeito?!

Isso tudo é evidência de que esses contos são mitos-urbanos que se espalharam e ganharam versão regional.

À coleção Adeene neles!
Benjamim (canal Fatos desconhecidos) - Walter Avancini


Batmã- Camazote

Coleção cartão-postal de Joanco











segunda-feira, 22 de julho de 2019

The outer limits 1



 Na página 8 referência ao aeroporto de Preguiça Selvagem (Idlewild), que na década seguinte à publicação foi renomeado a John Kennedy. Já falei sobre a praga, que grassa no mundo, que é a mania de renomear rua, edifício, cidade, etc, pra homenagear alguém. Um nome porta história, origem, caráter.
Assim o lindo nome Guaporé virou o feio Rondônia só pra homenagear o célebre marechal. Não que não o merecera. Mas esse tipo de homenagem é sempre idiotice.
Mudar o nome dum lugar é vandalismo cultural e costume de gente bárbara. Deveria ser tão ou mais difícil de mudar quanto uma pessoa mudar de nome.
Abaixo uma conexão com lista de cidades com nome de origem humorística em Eua, onde consta Idlewild.
A seguir um artigo da Uiquipédia:
Toponímia é o estudo científico de nomes de lugares (topônimos), origem, significado, uso e tipologia. A palavra toponímia é derivada das palavras gregas tópos (τόπος) (lugar) e ónoma (ὄνομα) (nome). Toponímia é um ramo da onomástica, o estudo de nome de todos os tipos. A toponímia é distinta, embora muitas vezes confundida com etimologia, que é o estudo das origens das palavras. Um toponimista é quem estuda toponímia. De acordo com o Oxford english dictionary, a palavra toponímia apareceu em primeira vez em inglês em 1876. Desde então o topônimo substitui o nome do lugar no discurso profissional entre os toponimistas. (Wikipedia: Toponímia (em inglês)).
A Wikipedia prossegue afirmando que os nomes dos lugares fornecem o sistema de referência geográfica mais útil do mundo e que os estudiosos descobriram que os topônimos fornecem informações valiosas sobre a geografia histórica de determinada região (Ibid.). Se segue, como um artigo da BBC aponta, que há perigo e armadilha associados a topônimos, especialmente quando se trata de renomear coisas: Existem lugares muito famosos batizados com nomes de pessoas famosas. Uma renomeação famosa pode apagar rapidamente o que aconteceu antes. Quantos estrangeiros que voam ao aeroporto JFK de Nova Iorque se lembram que se chamava aeroporto de Idlewild? Nesta semana os pais da cidade de Aberdim, Uóxinton, decidiram que talvez não seja sábio (re)nomear uma ponte a Kurt Cobain. É fácil entender por quê Aberdim decidiu adiar a homenagem a Kurt Cobain. Um grande músico pralguns pode ser visto por outros como um usuário de droga que fica aquém do estado de modelo. Em vez disso a ponte ficará como ponte de Rua Jovem (Young Street). Mas ainda tem o nome duma pessoa, Alexander Young, que construiu a primeira serraria.
Outra questão que surge da renomeação é a tautologia. Um nome de lugar é tautológico se ao menos duas partes forem sinônimos. Isso geralmente ocorre quando um nome dum idioma é importado a outro e um descritor padrão é adicionado a partir do segundo idioma. Assim, por exemplo, o monte Maunganui, da Nova Zelândia, é tautológico, pois maunga é montanha em maori. Topônimos tautológicos semelhantes que estão mais próximos de casa incluem La Brea Tar Pits, Califórnia (The Tar Tar Pits - Espanhol); Laguna lake, Califórnia (Lake lake, castelhano), e El Camino Way, em Palo Alto, Califórnia (O caminho Caminho, castelhano).
Nota do editor: Obrigado ao ex-aluno Kirk Goldsberry por recomendar este material


Disponibilizo os arquivos xcf do Gimp, das traduções de gibi, pra quem quiser traduzir a outro idioma
Nomes de cidade insólitos, bizarros ou humorísticos em Eua
O seguinte é uma lista de alguns dos nomes dos lugares mais incomuns, divertidos, bonitos, humorísticos ou bizarros na América. O nome dalgumas dessas comunidades podem parecer bobos, malucos ou inventados mas são todos reais, que por alguma razão receberam nome bastante incomum.
Alguns desses nomes de locais com nomes incomuns são históricos e não existem mais. Enquanto outros são nomes de lugar considerado ofensivo e oficialmente alterados. Embora todos os itens a seguir foram, num momento ou noutro, oficialmente reconhecidos como nome de lugar populoso pelo governo, nem todos esses locais são cidades e vilas incorporadas. Alguns desses nomes simplesmente fornecem identidade comum pruma área ocupada por grupos de estruturas em áreas rurais, enquanto outros se tornaram seções de comunidades maiores.
O governo de Eua não usa apóstrofo possessivo em nomes de lugares de Eua. Mesmo quando a pontuação adequada exigiria o uso dum apóstrofo possessivo num nome de cidade ou cidade, eles não são usados. Quando o nome de empresas locais ou nomes de ruas incorporam o nome da cidade esse uso específico pode utilizar um apóstrofo.

Cabecinha no ombro - trilingüe
Tereré jeré - Que canten los niños (Que cantem as crianças)

editorial de Jorge Guerra
  
El plan secreto tras la visita de Bachelet a Venezuela

Você Acredita? - 3 casos sem número
No terceiro relato um cão matou a onça. Inverossímil. Na verdade uma lenda-urbana muito espalhada, onde no original um cão salvou o bebê do patrão, deixado sozinho por alguma terrível circunstância, matando um cachorro-do-mato, raposa ou lobo que ia comer a criança, e ficou ensangüentado na briga. Então o patrão o vendo assim presumiu que o cão comeu o bebê, e o matou. Em seguida viu o que realmente aconteceu e se arrependeu tardiamente.
Mas o relato adaptado ao Brasil, com cão e onça, não dá. Além de não ser possível um casal só cum cão, um bebê e uma espingarda morar numa hinterlândia infestada de onça. É falso.
Um trabalho interessante sobre as lendas-urbanas espanholas é La autoestopista fantasma y otras leyendas urbanas españolas (A caronista fantasma e outras lendas-urbanas espanholas), de José Mauel Pedrosa, Páginas de espuma, Madri, 1ª edição, 11.2004, disponível na Amazon

Coleção cartão-postal de Joanco
A frente foi salva também em png porque a figura é em perspectiva tridimensional em camada. O escaneio ficou desfocado.




quarta-feira, 10 de julho de 2019

Birutéia 003, 10.1976

Tradução do enviado em inglês por Danilo Meneses

Não te iludas com a aparente puerilidade dos enredos do gibi. Aquela do rei chocando um ovo de dragão sem querer foi ótima tirada. É melhor que muitos com cunho muito mais sério. Usa inglês arcaico e cheio de trocadilho, pois se passa num castelo medieval do rei Ding-a-Ling.
O povo o chama Dingy: Sujo, sombrio, surrado
Sujo no sentido de esmaecido, desbotado, escurecido, encardido (cabelo marrom-sujo)
No inglês parece que faz quase trocacilho Dingaling (amalucado, excêntrico) com Dingy (encardido, amarelado). Na edição Diversões juvenis, que postei há pouco, se chama Dingling. Pensei o chamar Doidivana e o povo o chamar Doidim, mas Matusquela (amalucado) ficou melhor, pois o povo o pode chamar Matusco (ignorante, tosco) ou Matungo (vira-lata). Birutéia deixei assim mesmo porque foi mais publicado assim, mas gostei mais de bruxa Caxuxa, da Ebal. Cachucho é outro nome do peixe chamado vermelho (Lutjanus purpureus)
Deviam fazer as edições com nota, não só dar um nome mais-ou-menos, e pronto, pois se perde muito da graça nos trocadilhos intraduzíveis ou quase. https://www.inglesnapontadalingua.com.br/2018/08/o-que-significa-ye-thou-thee-thine-thy.html
O quê significa ye, thou, thee, thine, thy?

Disponibilizo os arquivos xcf do Gimp, das traduções de gibi, pra quem quiser traduzir a outro idioma

Por favor, divulgues meu blogue aqui no sítio.
Aceito doações de bolsilivros digitalizados ou fisícos pra meu blogue Oeste em Bolsilivros. Quem puder me ajudar ficarei muito agradecido.
https://oesteembolsilivros.blogspot.com/
Um abraço amigo a todos

Valeu, Pedro, já passarei aí

À coleção Adeene neles!
Birutéia - Marta

Messi - Helmut Lotti - Lloyd Bridges

Emiliana - Irene Ryan - Milenio 3

Coleção cartão-postal de Joanco






quarta-feira, 3 de julho de 2019

Careta 729




Imperador Omar Melão é ruivo e obeso na página 32, e moreno e gordo na 61



— Não esqueças que sou o senhor homem, quem comanda aqui, pois tenho o dom do raciocínio
 — Ter, tem. Mas não usa. Né?

O supermercado polonês é diferente do brasileiro
Nesse vídeo uma brasileira morando na Polônia fala sobre o supermercado de lá. No vídeo não se vê funcionário. Pra pegar o carrinho tem de pôr uma moeda e retirar no mesmo lugar ao o devolver. Assim se garante que o carrinho não será largado no estacionamento. E é tudo auto-atendimento. O cliente pega e escolhe qual é o item. E a apresentadora dizendo que tem ninguém vigiando, que não passa na cabeça deles que alguém passe um produto como outro mais barato. Ao passar um objeto à parte mais baixa, que é uma balança, o sistema só deixa continuar ao se detetar o peso, que é pra não pagar duas vezes. A apresentadora elogiou a preocupação em não deixar o cliente pagar duas vezes um produto.
Nos comentários o pessoal falando de como é bom viver num lugar de gente honesta, blablablá patati-patatá.
Em todo vídeo falando sobre outro país se nota nos comentários um crônico e recalcado complexo de vira-lata. O complexo é algo terrível, já virando depressivo. Só porque a coleta ao lixo é eficiente, são eficientes em tudo, são deuses.
É sobre esse raciocínio simplista que quero falar. É isso que leva a idéias racistas e outras tantas barbaridades tão persistentes. As pessoas não analisam o contexto e generalizam a partir dum ponto específico. Vemos isso em muitos iutubeiros de mistérios e conspirações. Ou seja: Falta o raciocínio científico.
Calma aí!, pessoal. Se os poloneses são tão estupendamente honestos assim, emprestes dinheiro a todo mundo, pra ver se é verdade. Topas? Se são, por quê tiveram de investir num sistema eletrônico pra garantir que não largarão o carrinho no estacionamento? Se não mostrasse como funciona, algum brasuca-lata diria que lá o povo é tão educado que não larga o carrinho no estacionamento! E, como mostrou noutro vídeo, não precisaria ter policial na rua pra multar, ou levar à delegacia se não tiver como pagar a multa na hora, quem andar na rua tomando bebida alcoólica. E, como mostrou noutro, não teriam o disseminado costume de estacionar o carro encima da calçada, pois, como disse a apresentadora, tem lei pra isso mas é uma daquelas leis que não pegam.
A ingenuidade da apresentadora achando que ninguém vigia. É lógico que vigiam cum sistema muito eficiente.
A balança que impede pagar duas vezes é preocupação contra processo, pois o europeu é cioso de seus direitos. É tudo questão de estatística, como explicou um especialista em direito do consumidor. No Brasil as empresas são picaretas porque quase ninguém reclama. Então o que tiver de pagar a alguém que reclamar compensa em comparação com a multidão que não reclama. Se a maioria reclamasse as empresas não se atreveriam tanto, porque não compensaria.
Mas outro entrave é o legislativo e o judiciário. Uma vez Glauder foi à justiça pra  reclamar contra 40 centavos a mais na conta telefônica-internética. O juiz não deixou, dizendo que é uma bagatela, pondo no chinelo todas as campanhas publicitárias pra que o povo reclame, mesmo que seja bagatela.
Como na embalagem de bacalhau português Consumir depois de abrir, gerando muita piada. É apenas pra se precaver contra os processos.
Mas um turista que tem de bloquear o cartão-de-crédito aqui o faz e pega outro na hora. Na França leva um mês. https://www.youtube.com/watch?v=5gQDazpjqic
As pessoas presumem e logo já têm certeza. Essa preguiça mental não leva só a complexo de vira-lata e a conspiranóia. Leva também a tragédia.
Na década de 2000 estava na moda a queda-livre com elástico, inspirado no ritual de rito-de-passagem pós-adolescência dos nagol de Vanuato, https://pt.wikipedia.org/wiki/Naghol. A moda parou depois duns casos da corda arrebentar. É que não existe fábrica dessa corda. Era feita artesanalmente. Nunca houve estudo sobre fadiga do material, ressecamento, etc. Se presumia que a corda serviria indefinidamente.
Um alerta pra quem ainda não pensou que a reciclagem não é ad infinitum.
Até as russas já perceberam que a moda é se casar cuma russa. Já apareceram algumas explicando que não é tão idílico assim.
Essa síndrome de presumir só é admissível em gente muito jovem, pois a pessoa adulta e boa da cabeça sabe que não existe troca só com vantagem ou só com desvantagem. Que tudo consiste em analisar se compensa.
É justamente nisso, nessa preguiça mental, nessa tendência de raciocinar apressado e prematuro, onde está a chave pra manipular a sociedade. Toda nossa tragédia intelectual-espiritual vem disso.
Desse pensamento sonambúlico brotam ideologias esdrúxulas fazendo as pessoas aceitar ser normal usar o órgão excretor como órgão sexual improvisado, um sexo na imundície mais abjeta ser visto como apenas uma variação criativa da normalidade. Nada pode ser mais surreal que isso.
As lendas urbanas. Estão usando os rumores coletivos pra propagar marcas, porque já perceberam que as propagandas tradicionais, principalmente aquelas com celebridades idiotas anunciando tal produto, não convencem mais.
É como a antiga sede de correr mundo e viver aventura. É isso que Dom Quixote satiriza. As narrativas, os gibis não transmitem cansaço, dor, odor. O herói não pega resfriado, não torce o pé, não tem dor-de-barriga nem a coluna puxando. Herman Melville e tantos outros não pensaram em escorbuto ao se lançar ao mar e percorrer o mundo.

Coleção cartão-postal de Joanco